Robôs vão nos substituir? Mitos, verdades e um pouco de drama humano
Não é de hoje que ouvimos o velho discurso apocalíptico de que as máquinas vão dominar o mundo. Desde os filmes de ficção científica dos anos 80, com ciborgues ameaçadores e computadores maquiavélicos, até as manchetes atuais sobre Inteligência Artificial, o medo persiste: “será que vou perder meu emprego para um robô?”
Antes de mais nada: este é um texto de opinião – ou seja, se você discorda, está tudo bem, mas peço apenas que não envie drones para minha casa.
A verdade é que, sim, as máquinas têm substituído tarefas repetitivas. É inegável que algoritmos fazem cálculos mais rápido que humanos e que robôs industriais não reclamam de segunda-feira. Mas, quando falamos de gestão de pessoas, fica evidente que nenhuma máquina é capaz de motivar uma equipe, mediar conflitos ou inspirar alguém a dar o melhor de si. Pelo menos, ainda não conheci um robô que faça um bom feedback construtivo sem deixar o colaborador com medo de um levante de inteligência artificial.
E sejamos sinceros: quem nunca se irritou com um chat de suporte automático quando precisa resolver um problema com a internet ou uma compra indevida? Nesse momento, tudo o que você quer é um humano do outro lado para dizer: “entendi seu problema, vamos resolver”. Essa é a prova viva de que, por mais inteligentes que as máquinas sejam, ainda estamos longe de substituir a empatia humana.
Pesquisas recentes da McKinsey indicam que até 30% das atividades de certos empregos poderão ser automatizadas até 2030. Mas a palavra-chave aqui é atividades, não empregos. Isso significa que o futuro do trabalho exige um novo mix de competências: criatividade, pensamento crítico, empatia e capacidade de colaboração. Tudo aquilo que, ironicamente, muitas empresas já deveriam valorizar mais, mas às vezes deixam de lado em nome de métricas de produtividade.
Em gestão de pessoas, a automação é um aliado estratégico. Sistemas de RH que geram relatórios automáticos de desempenho, por exemplo, não substituem o líder, mas dão a ele tempo para fazer algo que software nenhum entrega: olhar no olho da equipe, ouvir, planejar desenvolvimento e construir confiança. Robôs são excelentes para fazer triagem de currículos, mas ainda não sabem avaliar se o candidato vai se dar bem no happy hour da firma.
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Por isso, em vez de temer os robôs, que tal aprender a trabalhar com eles? A automação pode nos libertar de processos burocráticos, permitindo que líderes e equipes se concentrem no que realmente importa: resolver problemas complexos e inovar. Porque, no final, máquinas são ferramentas. E ferramentas não lideram revoluções, pessoas sim.
Se um dia um robô assumir meu lugar, espero que ele também toque clarinete, dê boas risadas e entenda piadas de gente que só teve 5 horas de sono. Caso contrário, o posto ainda é meu.
Rosinaldo Nunes Cardoso é Administrador, Especialista em Gestão de Pessoas e Estratégias Competitivas, Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo, Inovação e Mercado, e Diretor de Pesquisa e Gestão do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão.

