Saúde descarta suspeita de intoxicação por metanol em adolescente de Campina da Lagoa
Foi descartada a suspeita de intoxicação por metanol em um adolescente de 16 anos do município de Campina da Lagoa. A informação foi divulgada pela Secretaria de Saúde do município na manhã desta quarta-feira (8), por meio de nota à imprensa.
O jovem deu entrada no Hospital Municipal de Campina da Lagoa na segunda-feira (6) relatando estar sentindo tontura, dor abdominal e náusea. Como ele informou que tinha ingerido bebida alcoólica e pelas características dos sintomas, a médica da unidade hospitalar levantou a suspeita de intoxicação por metanol.
Para avaliar a situação, o paciente foi transferido ao Hospital Santa Casa de Campo Mourão, mas sem complicações. Na noite do mesmo dia, a secretária de Saúde de Campina da Lagoa, Raíssa Reis, havia informado que o estado dele era estável e que o paciente estava bem.
Na manhã desta quarta-feira, a possível exposição a metanol pelo morador da cidade foi desconsiderada. “Após as análises preliminares e a avaliação técnica realizada em conjunto com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o caso não foi considerado suspeito de intoxicação por metanol”, diz um trecho da nota, assinada pelo diretor de Vigilância Sanitária, Marcelo Eduardo dos Reis, e pela secretária municipal de Saúde.
Segundo a delegacia de Polícia Civil da cidade, a equipe segue investigando o consumo de bebida alcoólica, a fim de apurar se algum estabelecimento teria fornecido o produto ao menor de idade.
Conforme o Artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), a prática de “Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica” pode resultar em pena de detenção e multa.
Caso suspeito em Campo Mourão
Em Campo Mourão, um jovem de 20 anos também deu entrada no Hospital Santa Casa local na segunda-feira (6), para investigar a possível intoxicação por metanol. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, inicialmente, ele procurou o Pronto Atendimento do Jardim Lar Paraná. Equipes da Vigilância Sanitária e órgãos de fiscalização foram mobilizados para acompanhar a situação. No local, ele relatou que apresentava sintomas como visão turva, dor de cabeça, vômito e diarreia e que teria ingerido bebida alcoólica na noite do último sábado (4).
Em seguida, a equipe da unidade manteve contato com o CIATox, realizou exames laboratoriais, coleta de gasometria e eletrocardiograma seriado, além de iniciar o tratamento conforme as orientações técnicas, mantendo o paciente monitorado, hidratado e medicado. Ainda na segunda-feira, no fim da tarde, ele precisou ser transferido ao Hospital Santa Casa.
Até a tarde dessa terça-feira (7), quando a equipe de reportagem da TRIBUNA entrou em contato com a secretária de Saúde, Camila Corchak, a equipe de epidemiologia ainda não havia repassado informações sobre o resultado dos exames. Até o início da manhã desta quarta-feira (8), nenhuma atualização do caso foi feita.
Alerta
Após as suspeitas em Campo Mourão e região, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Mourão reforçou o alerta à população sobre o risco de intoxicação por metanol, substância altamente tóxica que pode causar cegueira, danos neurológicos e até morte. Além disso, informou que as ações de fiscalização e orientação preventiva foram intensificadas.
A Vigilância Sanitária, com apoio do Procon e da Polícia Civil, está inspecionando bares e comércios para coibir a venda de produtos adulterados, garantindo a segurança de quem consome bebidas alcoólicas.
Conforme explicou a secretaria, o metanol é usado em solventes, combustíveis e produtos de limpeza, mas pode aparecer em bebidas falsificadas, como cachaça, vodca e uísque vendidos clandestinamente. O perigo está no fato de que a substância não altera cheiro, cor ou sabor, tornando a identificação difícil apenas pelo paladar.
A recomendação é adquirir bebidas apenas em supermercados e distribuidoras legalizadas, conferir rótulo, lacre e embalagem, e desconfiar de preços muito abaixo do mercado. Em casa, produtos com metanol devem ser mantidos fora do alcance de crianças e longe de alimentos.
Em caso de suspeita de intoxicação, a orientação é procurar imediatamente uma unidade de saúde, sem recorrer a tratamentos caseiros, e informar sobre a exposição, levando, se possível, a embalagem ou amostra da bebida. Os sintomas podem surgir entre 6 e 72 horas e incluem dor de cabeça, tontura, náuseas, dor abdominal e alterações visuais.
Serviço
A secretária de Saúde ressaltou que denúncias sobre suspeitas de venda de bebidas clandestinas podem ser feitas à Ouvidoria Municipal, pelo telefone 156.
Casos
Até segunda-feira (6), o Ministério da Saúde anunciou que recebeu 217 notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Desse total, 17 casos foram confirmados e 200 estavam em investigação. O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências, com 82,49% das notificações, sendo 15 confirmações e 164 em apuração.
No Paraná, a Sesa confirmou até essa terça-feira (7) três casos, todos em Curitiba, e descartou outros três suspeitos. Outros casos no estado permanecem em acompanhamento. Investigações também correm em outros 12 estados do país. Duas mortes já foram confirmadas em São Paulo, enquanto cerca de 12 seguem sob investigação: uma no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo, uma na Paraíba e uma no Ceará.

