Lô Borges embarcou no Trem azul, do céu
“O céu está no chão
O céu não cai do alto, é o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto, dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentem
E os olhos veem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros”
Lô Borges, Nando Reis e Samuel Rosa – Dois Rios
A poesia e a canção são como se fossem agora uma pétala – a última – a cair suavemente para tocar o chão, juntando com as demais que se desprenderam do cravo. O perfume se torna perene, inesquecível como a canção que não sairá de todos os ouvidos, de todo o coração que, agora, não consegue crer no para sempre.
Belo-horizontino que o viu nascer, recebe, no solo amado mineiro, a última morada do Salomão Borges Filho, o Lô Borges e, entre tantas canções, vem à lembrança de outra que, ele – e o Milton Nascimento –, interpretam belamente:
“Na janela lateral em um quarto de dormir,
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um voo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal! (…).” Paisagem da Janela
Poetas não morrem, mais ainda quando a canção é representada pelo desprendimento das folhas do livro, que alçam voos e depois vão pairando e alcançam os apaixonados pela vida.
Tudo e todos eram sentimentos, a amizade que ele também sublimemente cativava, Lô conquistou mentes e corações de muitos brasileiros, afinal de contas, Minas Gerais é o Brasil e o Brasil é das Gerais.
Sem significativas atrações turísticas (sem mar), a não ser os imensos parques de preservação da natureza ou a Pampulha – famoso é o Clube da Esquina. Assim como nome imaginado e tal como é, numa esquina, só passou a existir por que junto com ela a amizade entre Lô Borges, o irmão dele, Milton Nascimento, Wagner Tizzo, Fernando Brand. Pessoas encantadas pela música, sempre que estão em Belo Horizonte vão até aquela esquina famosa, respirar e aspirar tantos acordes, rimas, diversas canções que falam ao coração. O Clube reuniu verdadeiros artistas da música, além de Lô, o irmão dele, Márcio, integram Milton Nascimento Toninho Horta e Beto Guedes. No famoso disco Clube da Esquina, 1972, transcrito abaixo trechos da música Nada Será Como Antes:
“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de Sol”
Fases de Fazer Frases (I)
O que se faz por costume, acostumado poderá se fazer.
Fases de Fazer Frases (II)
Uma frase longa dispensa uma palavra curta?
Olhos Vistos do Cotidiano (I)
Motocicleta com 30 mil reais de débito e automóvel com 100 mil de dívidas, foram apreendidos na quarta-feira passada na Operação Sinergia, da Polícia Militar em Campo Mourão.
Impagáveis? Seria, ou é, o mais provável. E tem quem pense que não pagar por ser impossível financeiramente, o nome do dono desaparece do sistema. Existiu ainda apreensão de armas e munições ilegais.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
“Quanto você ganha? – Expressão muito comum, e que está sendo repetida devido ao noticiário a respeito da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até cinco mil reais, aprovado pelo Congresso Nacional e que será assinada pelo presidente Lula (PT)).
Sem ter implicância, o fato é que é extremamente comum a palavra ganha ser usada para se saber quanto ao salário do trabalhador. O ganha fica sempre a expressão como se o trabalhador recebesse um favor, quando, na verdade, é o quanto ele recebe, percebe. Outra expressão, quando alguém estiver dando emprego, como favor, na verdade gerar emprego é uma necessidade do empregador.
Farpas e Ferpas (I)
Se tiver que usar a rispidez, seja ao menos franco, e não estúpido.
Farpas e Ferpas (II)
Qualquer palavra serve para consumo, verdadeira ou falsa.
Sinal Amarelo (I)
Quem muda sempre de opinião e o tempo todo, não tem ideia alguma.
Sinal Amarelo (II)
Nem tudo que flui, se usufrui.
Trechos e Trechos
“Aos incapazes de gratidão nunca faltam pretextos para não a ter”. [Gustave Flaubert].
“Trabalhei muito para chegar ao sucesso, mas não conseguiria nada se Deus não ajudasse”. [Ayrton Senna].
Reminiscências em Preto e Branco – Tomadon e os laços sociais
A família Tomadon é tradicionalmente conhecida em Campo Mourão em grande parte devido o que foi a vida de José Tomadon , uma pessoa que amealhava amigos e tinha uma peculiar forma de cultivar amizades, valorizando nelas o que tinham de melhor.
Ele estava sempre pronto para estar cada vez mais solidário, familiarmente, nos negócios, com espírito associativista. Tanto assim que foi chefe da Agência do Trabalhador, cargo exercido com primor e decência, aliás, indicado consensualmente. Dia quatro, aos 75 anos, é agora saudade, sobretudo pelo bem que sempre praticou.
José Eugênio Maciel | [email protected]
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