Só três cidades da região são abastecidas por rios

Dos 24 municípios da microrregião atendidos pela Sanepar, apenas Campo Mourão, Ubiratã e Campina da Lagoa são abastecidos por água de rios. As demais cidades dependem de poços artesianos, perfurados pela Sanepar para alcançar a água do subsolo. Nesse período de estiagem prolongada, o município mais afetado é Goioerê, onde a Sanepar mantém seis poços. 

No caso de Campo Mourão, a vazão do Rio do Campo garante o abastecimento sem riscos, por enquanto. Além do rio, a captação de água é reforçada por mais cinco poços. Dois deles, porém, secaram e foram desativados com a estiagem prolongada. Na maioria das cidades, os poços estão dando conta do abastecimento, apesar de tanto tempo sem chuva.

“Goioerê foi onde tivemos o problema mais crítico. Os poços diminuíram muito a vazão e foram necessárias ações emergenciais para atender a população, mesmo assim com períodos de falta de água”, explicou a chefe regional da Sanepar, Araceli Pendiuk. Ela ressalta que no fim do ano passado foi adiantada uma interligação de um poço. 

 

Chefe regional da Sanepar, Araceli Pendiuk

 

Para tentar suprir a demanda, nesta terça-feira (12) foi interligado mais um poço existente em Jaracatiá. Porém, foi necessário quadruplicar a profundidade. “O poço tinha 80 metros, deixamos com 330 e talvez seja necessário afundar mais. Ainda estamos trabalhando para que a população seja atendida adequadamente”, explicou.

A chefe da Sanepar alerta que a apesar da região não ter sido tão afetada com a estiagem como outras do Estado, a população deve usar a água com racionalidade. “Sabemos que com o período de calor chegando o consumo aumenta e enquanto as chuvas não retornarem nos índices considerados normais é preciso usar com moderação”, recomenda.

Planejamento

Araceli explica que a Sanepar trabalha com planejamento e nesta semana foi fechado o planejamento e projetos até 2025. “Temos um controle de demanda e produção e nesse levantamento é avaliado crescimento da cidade e previsão de obras, como necessidade de perfuração de novos poços ou reservatórios”, comenta.

Ela adiantou que para Campo Mourão um dos investimentos é a ampliação da Estação de Tratamento, que fica no Lar Paraná. “No fim do ano ou início do próximo essa obra deverá ser licitada”, afirma. Com esse investimento, a capacidade atual de tratamento de 200 litros por segundo passará para 300 litros, além dos tratamentos descentralizados em outros bairros. 

Com a ampliação, o reservatório que hoje comporta 11 mil metros cúbicos deverá chegar a 18 mil metros. “A cidade vem crescendo, com vários loteamentos e essa já é uma demanda de alguns anos que finalmente vai acontecer. Temos previsão de novos reservatórios e novos poços, como na região da Santa Casa”, acrescenta. 

A chefe da Sanepar garante que a população está sendo bem assistida com água e esgoto. “Temos projetos de vários investimentos também na região. A água da Sanepar é fiscalizada, um controle bastante rigoroso e a população pode ficar tranquila”, enfatiza.

Pedidos de perfuração de poços artesianos estão dentro da média

Mesmo com o período de estiagem prolongado, os pedidos de perfuração de poços artesianos no Instituto Água e Terra (IAT) em Campo Mourão ficaram dentro da média. Segundo o diretor de bacia do Instituto, Alvaro Araújo, de janeiro a agosto foram recebidos 24 pedidos, a maioria na área rural. 

Até mesmo a Sanepar tem que ter a outorga do IAT para novas perfurações. “Poços artesianos não podem ser perfurados aleatoriamente”, Araújo. Ele lembra que a liberação de outorga e fiscalização é necessária para que a captação e uso dessa água seja feita de forma a não comprometer o abastecimento público. “Se a água de um mesmo lençol freático for utilizada além do limite de sua capacidade, este lençol pode secar”, observa.

Além disso, há risco de contaminação, já que alguns modelos de compressores de ar para retirada de água em poços podem despejar resíduos de óleo, contaminando o lençol freático. “A exploração do subsolo necessita de autorização do poder público e no caso do lençol freático é necessário assegurar o controle qualitativo e quantitativo do uso da água, bem como disciplinar o exercício do direito desse uso”, esclarece.

Os poços são responsáveis por aproximadamente 30 por cento do fornecimento em Campo Mourão. A perfuração em propriedades particulares é feita por empresas do ramo. “Essas empresas têm que obedecer um cronograma, informar ao Instituto das Águas sobre a vazão, qualidade e localização dos poços”, ressalta Alvaro. Só no município de Campo Mourão são mais de 100 poços artesianos, além de 40 poços com vazão de até 1.8 metros cúbicos por hora, que não entram na categoria de artesiano. 

A perfuração de poços clandestinos deve ser denunciada ao IAT. “Só é possível identificar se houver denúncia. A pessoa terá que se adequar às normas ou responderá criminalmente”, explica.