Estiagem e atraso o plantio tornaram safra de verão um desafio ao produtor
A estiagem histórica que afeta o Paraná – a região de Campo Mourão foi severamente atingida nos últimos meses do ano passado- está tornando a safra de verão 2020/2021 desafiadora aos produtores rurais. É o que afirma o gerente de assistência técnica da Coamo, Marcelo Sumiya.
“A safra de verão iniciou de uma forma muito desafiadora. Tivemos após a colheita de inverno, tanto do milho segunda safra como de trigo, um período muito grande de estiagem o que já dificultou o controle de plantas daninhas. Tivemos também o desafio, em algumas regiões, principalmente no controle da buva, onde algumas das tecnologias mais aplicadas é o uso de pré-emergentes. Isso nos desafiou porque a condição de clima seco proporciona uma dificuldade e um período de carência maior no plantio”, afirmou o agrônomo no programa “Informativo Coamo”.
Outra preocupação é que os reflexos do clima causem perdas ou queda de produtividade para as próximas safras. A falta de chuvas em setembro fez o plantio da soja atrasar, forçou o replantio em algumas áreas e vai mudar também a data da colheita. Mesmo impacto pode atingir a semeadura do milho.
“Iniciamos a safra com dificuldades porque trabalhamos com um sistema de produção. Então a gente analisa a cultura de verão, mas também pensa no inverno e tivemos todo este cenário onde de uma forma geral temos de 10 a 40 dias de atraso no plantio na cultura da soja”, observou Sumiya.
Segundo ele, a preocupação maior com o atraso no plantio da soja é que a cultura fica mais suscetível ao ataque de pragas, principalmente o percevejo, e doenças como ferrugem da soja, mofo branco, entre outras, porque o desenvolvimento vegetativo acontece em meados de janeiro e fevereiro, época de maior incidência de algumas pragas.
“Esta é nossa preocupação a partir deste momento. Os produtores devem intensificar o monitoramento de suas lavouras. A preocupação agora é o percevejo. Esta explosão de ocorrência de percevejo ocorre a partir de janeiro e se estende em fevereiro. Há uma preocupação muito grande em relação a isso”, ressaltou ao comentar que a regularidade de chuvas, temperaturas e umidade favorece ainda o surgimento de doenças. “Por ouro lado as áreas plantadas um pouco antes, pela tecnologia empregada pelos nossos cooperados estão com desenvolvimento muito bom”, emendou.
A semeadura da safra passada também começou atrasada devido à estiagem e teve recuperação ao final com produções até acima da média. A safra deste ano deve seguir esta mesma tendência, prevê Sumiya. “Nós temos esta situação principalmente na região Oeste. Há um atraso grande no plantio. Porém ano passado tivemos algumas áreas que foram plantadas mesmo nas condições de estresse. Este ano o cooperado observou que ano passado não foi viável e acabou tendo que plantar por questão de clima mais tarde, chegando próximo a meados de novembro. O clima agora no desenvolvimento da cultura, de modo geral está melhor estabelecido”, falou.
Na questão do milho, o agrônomo cita algumas situações que podem refletir na produção, como problemas de germinação, plantas com desenvolvimento desuniforme, além da preocupação com ocorrência de cigarrinha do milho. Na cultura de verão, a praga ocorreu com uma intensidade muito grande na região sul, onde não ocorria. “No nosso monitoramento, na Fazenda Experimental, observamos uma população alta chegando de cigarrinha. É importante o manejo milho-tiguera na cultura da soja para reduzir a população para quem for plantar milho safrinha não ter problema com a praga”, alertou.
Na região da Comcam, os produtores plantaram 690 mil hectares de soja. A produção estimada é de 2,4 milhões de toneladas. Atualmente, 80% das lavouras estão em boas condições de desenvolvimento e 20% médias. 80% da cultura estão em desenvolvimento vegetativo, 15% floração e 5% em frutificação. A saca de 60 quilos está sendo comercializada em média R$ 151,00 a R$ 153,00.
Sumiya comentou que a colheita deverá atingir o pico na área de abrangência da Coamo a partir da segunda quinzena de fevereiro em diante. Outro alerta do agrônomo é que em função da janela de plantio entre o milho segunda safra e colheita da soja, os produtores devem respeitar o período de carência dos produtos para dessecação. “É preciso um cuidado muito grande para que não tenhamos resíduo de herbicida podendo prejudicar a comercialização posteriormente”, orientou.
Milho
A saca de 60 quilos do milho foi cotada ontem na região a R$ 73,50. Na Comcam, a cultura ocupa 7 mil hectares. O Deral estima uma produção regional de 72,8 mil toneladas. Atualmente, 95% das lavouras estão em boas condições de desenvolvimento e 5% médias.

