Carla Vian morre aos 39 anos
Quase 100 dias se passaram após Carla Vian, e o pai, o empresário Bernardino Vian, testarem positivo ao corona vírus. Internados na Santa Casa de Campo Mourão, os dois foram removidos a São Paulo, ainda em novembro. Lá, o pai melhorou, e acabou vencendo a doença. Já, a filha, ficou entre a vida e a morte. Mas, na luta pela vida, perdeu a guerra. Ontem, Carla teve uma parada cardíaca. As consequências foram irreversíveis. Sem irrigação sanguínea, os médicos decretaram morte cerebral.
Os aparelhos foram desligados na tarde de hoje. Carla, aos 39 anos, era a caçula de três irmãos. Por uma terrível coincidência do destino, há um ano – 30 de janeiro de 2020 – Evandro, o irmão do meio, morreu em um acidente de moto, em Campo Mourão. Ainda abalada com a perda de Evandro, a família sentiu o baque em ter, ao mesmo tempo, pai e filha internados, juntos.
Infectado pelo vírus, Bernardino foi internado na Santa Casa de Campo Mourão, em 7 de novembro. Em seguida, transferido a São Paulo. Lá, chegou com 70% dos pulmões comprometidos. Era um caso grave. Ainda apresentava pressão baixa, problemas renais, além de muita infecção. No dia 13 de novembro, ainda intubado, seu quadro começava a melhorar. Já não mais necessitava de 70% de oxigênio. Agora, apenas 30%. O estado era estável e a sedação, havia sido reduzida. No dia 18, ele deixou os tubos. De uma forma geral, Bernardino reagiu bem ao tratamento. Quase um mês depois de ser internado, teve alta hospitalar, retornando a Campo Mourão.
Carla chegou a Santa Casa no dia 9 de novembro. Mas foi removida a São Paulo junto ao pai. Lá, foi diagnosticada com encefalite – inflamação no cérebro. Os exames eram bons. Apresentava pressão normal. Foi sedada e mantida em coma induzido. Ao mesmo tempo, foi constatada uma pneumonia. Mas vinha em situação estável. Só que o quadro se agravou devido a uma hemorragia. No dia 19 de novembro, foi submetida a uma cirurgia no cérebro e na coluna. Médicos tentavam descomprimir a pressão cerebral. E conseguiram. 60% do sangramento foi drenado, com sucesso.
Ela permaneceu em coma induzido pelos dias subsequentes. E, com o quadro de saúde estável, saiu da sedação. Acordou com lucidez, embora revelasse agora, problemas motores. Não tinha movimentos nas pernas e nos braços. Sua recuperação era lenta, mas continuava lúcida. As notícias positivas sobre a sua saúde eram tão comemoradas que, pensou-se em trazê-la de volta a Campo Mourão. Ontem, no entanto, teve uma parada cardíaca de quase 15 minutos. As consequências afetaram o cérebro, tendo morte cerebral. Carla foi incansável na luta pela vida.
Carla era o braço direito dos negócios do pai. Apesar de seus 39 anos, era considerada como uma “moleca” pelas amigas. Sempre de bom humor, tinha uma fila de boas companheiras. A principal, era a própria irmã, Lilian, melhor amiga e confidente. Sempre eram vistas juntas dividindo uma mesa de bar, ou restaurante. Nas conversas, às gargalhadas, compartilhavam uma bela garrafa de vinho. Embora, na maioria das vezes, Carla tomasse gin. Um restaurante da cidade, inclusive, a homenageou com um drink. Prosa era o que não faltava. Era bonito ver a amizade das duas. Carla tinha uma forte personalidade. Era autêntica, como poucas.
Às amigas, Carla era dona de uma auto estima sem limites. Era divertida e, jamais, reclamava de alguém, ou de problemas cotidianos. Antes de contrair a Covid, vinha se dedicando a atividades físicas. Estava contente com o corpo e com a própria saúde. Era o pilar da família, mesmo sendo a mais nova dos irmãos. A sua ausência, agora, deixa todos de seu convívio sem entender os propósitos da vida. Afinal, ela foi cedo demais. A TRIBUNA se solidariza com a morte de Carla. À toda família Vian, nossas condolências e sentimentos de profundo pesar.

