Saci-pererê, para pular de alegria

(…)

Mais aflita rezava.

Mais orações que sabia..

Mas o moleque danado

A cada oração repetia.

Arremedando a mulher

Que muito se aborrecia

Todo dia o Saci vinha

Pulando, dando pinote.

Espantando os animais.

Sugando a água do pote

Assim, os pais adotivos

Sofriam com o moleque.

Marco Aurélio 

            Um jovem negro, de uma perna só, serelepe, vivaz, olhos grandes e arregalados, com notória carapuça e o cachimbo.  Autor de pequenas travessuras, sorriso largo, esperto e com poder mágico de aparecer, sumir e reaparecer. O Saci-Pererê faz parte de nossa rica e diversificada cultura folclórica, se tornando calendário oficial instituído desde 2005 através de lei federal.

            O Dia Nacional do Saci e seus amigos é o 31 de outubro e vem crescendo a cada ano em importância e intensidade. São Luiz do Paraitinga, Município paulista histórico e com uma gama de belezas naturais que atraem milhares de turistas, organizou uma festa para comemorar a data, com danças, encenações em torno da lenda, sem dúvida um exemplo rico, inspirador. 

            O Saci já sofreu devido a maneira pejorativa que esta cultura popular brasileira, resultante da saudável mistura indígena e africana, então mais fortemente menosprezada pela elite colonial portuguesa. Superando paulatinamente preconceitos e no bojo de tal processo o Saci soube e prossegue dando os seus pulos, saltos de esperteza e alegria, de colaboração e proteção aos seres humanos, animais e as florestas, muitas delas tão lendas quanto eles, uma vez dizimadas pela exploração desenfreada desde o pau-brasil.

            A SOSACI – Sociedade dos Observadores do Saci coleta estuda e difunde a riqueza histórico-cultural, patrimônio autêntico da nossa gente. Cabe salientar que o mito Saci-Pererê poderia desaparecer ou ao menos em parte do seu conteúdo, se não fosse o escritor Monteiro Lobato, ao se debruçar sobre o tema, autor de O Saci-Pererê: resultado de um inquérito. Ele também popularizou, com o Sítio do Pica-pau amarelo, outros personagens e naturalmente entre eles o negro da carapuça. Os traços fantásticos do Ziraldo ou na música (para citar apenas uma) do grande maestro Heitor Villa-Lobos na monumental Marcha: Saci.

            O 31 de outubro foi escolhido como contraposição ao hallooween, conhecido dos brasileiros pelos filmes mostrando a festa das bruxas realizada nos Estados Unidos (na verdade origem celta) e que alguns babacas daqui, inclusive nas escolas, começaram a promover, provando uma subserviência e desconhecimento em relação à cultura do nosso País.  

Frases de fazer Frases

            Também nas curvas, o homem deve se manter reto. Nas descidas da vida, se manter em pé.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

            Quem ao menos de vez em quando assiste a Grande Família já deve ter reparado quando eles estão à mesa para as refeições, aparece uma jarra em formato e tamanho natural de abacaxi. O objeto doméstico já foi moda no final dos anos 70 e, se não for brega é ao menos agora pitoresco e hilário. Pois bem, o meu irmão mais novo, Enio Maciel (da CD HITS) de tanto falar que gostaria de ter aquela jarra igualzinha, a esposa dele deu uma de presente. A Marinez viu o Enio (que é avô) mais faceiro que os netos dele. Soube disso no domingo, quando eles me serviram água bem gelada, claro na chamativa jarra.  

Reminiscências em Preto e Branco (I)

            Por falar em Saci, eis o ditado bem brasileiro: Em casa de Saci uma calça serve pra dois.

Reminiscências em Preto e Branco (II)

            Da língua Tupi, pererê, significa saltitar em pulos, caso do Saci assim como perereca, anfíbio semelhante à rã, que pula muito.

Reminiscências em Preto e Branco (III)

            O Pererê, mascote do Internacional, o único time de futebol campeão brasileiro invicto. Mas o Saci sofre ameaças, tem quem alegue ser exemplo negativo para as crianças, por causa do cachimbo, incentivo ao fumo. É menosprezar a inteligência das crianças, quem pensa ser uma péssima influência, está mesmo mancando. Se fosse assim, elas não teriam cortado uma das pernas?

Reminiscências em Preto e Branco (IV)

            Já que o colorado é do Rio Grande do Sul, com mais títulos gaúchos, lá tem o folclore afro-cristão, o negrinho do pastoreio. O menino escravo era chamado assim pelo estancieiro, dono dele e muito mau. Ao dormir durante o pastoreio por estar muito cansado, o menino teve como castigo ser jogado num buraco cheio de formiga, deixando-o lá. Noutro dia o estancieiro se deparou com o menino sem nenhuma formiga, limpo e ao lado de uma santa, a caminho do céu. Orar para o negrinho do pastoreio ele atende, não só para que uma criação perdida seja reintegrada ao rebanho. 

Reminiscências em Preto e Branco (V)

            Em Campo Mourão, na CIRETRAN – Circunscrição Regional de Trânsito, no espaço em que tem um caixa eletrônico e que é também local para os despachantes aprontarem documentos, duas máquinas de datilografia estão ali, vigorosas, e, embora façam parte do passado, continuam sendo úteis para os despachantes.