Lapezak, o grande médico
Entre dois, entre três, muitos médicos bons, escolhei sempre o que tiver mais coração
Mantegazza
Foi comum vê-lo caminhar pelas vias da nossa cidade, paisagem urbana mourãoense que tão bem ele integrava. Acenava para todos, gentil, sorria com o bom dia ou boa tarde. Ele conhecia tanta gente, e, mesmo com a memória prodigiosa, tinha aqueles que, no cumprimento fraterno, ele não conseguia rapidamente ter resposta da reminiscência, quem seria aquele que o cumprimentava. Era perfeitamente compreensível, muitos diziam que ele não lembraria, mas que a gratidão era pelo fato terem nascidos pelas mãos humanas e profissionais daquele doutor. Quantas foram as gerações, quantos partos, luzes a anunciarem a vida a principiar!
Pelas calçadas, no cruzamento entre ruas e avenidas, a imagem agora possível será, apenas e infelizmente, a da lembrança, agora quanto tudo passa a ser saudade. Homem comum, na multidão ou em grupos menores, se destacava pela simplicidade, atenção, simpatia, elegante, esguio fisicamente, observador atento, e que tinha o mais profundo e verdadeiro respeito pelas pessoas, dando a todas elas uma atenção única.
O branco da roupa de médico continua presente, mas, agora e lamentavelmente, a contrastar com o negro do luto, da perda de uma das pessoas mais ilustres que Campo Mourão tinha e continua a ter. Aos 77 anos, o doutor Eugênio Lapezak morreu no dia 25 de novembro, devido a complicações, enfrentava problemas coronários e não resistiu.
Problemas do coração, se fisicamente, o coração como sentimento sem dúvida jamais foi nele e para ele qualquer problema, absolutamente. O coração generoso, de amigo, de gentileza, fraternal como extraordinário ser humano e zeloso médico pediatra, é o coração da maior lembrança, é o coração dele que nos toca, no entrelaçamento da indizível ausência eterna, da tristeza que abala a todos nós, sem mesmo não nos dando condições de expressar convenientemente o que tal perde representa. Temos a ciência, quando muito, que a morte dele é de uma dimensão incalculável, que transcende o círculo familiar, dos colegas de profissão, atingindo amigos e conhecidos de gerações várias, afinal, são mais de 60 anos de vida comunitária em Campo Mourão, e 50 como pediatra.
Partilho agora, ao rememorar a amizade dele para com os meus saudosos pais. Certa vez em que ele foi me atender em nossa casa, não lembro o que eu tinha, apenas vagamente sei que ardia em febre e minha mãe pediu ajuda ao doutor Lapezak. Chamou a minha atenção o fato de ele ser Eugênio, como eu sou no nome. Eram tempos que os médicos atendiam prontamente em casa, de fato eles não tinham hora, estavam sempre a postos, de plantão. Com o passar dos tempos, fora comum encontrá-los a caminhar, prática comum levada a sério mas sobretudo prazerosa, trajetos que fazia em contato com tanta gente, com a cidade que ele viu e participou das suas transformações, do barro e poeira para o asfalto, das casas de madeira com varandas, paras as de alvenaria, dos edifícios. O que permaneceu inalterável, foi a amizade que tínhamos, certamente não por mim em si mesmo, mas por ser filho de dois amigos dele.
Uma pessoa honrada, um ser humano digno, hábil profissional, que nos deixa o legado maior, o dos muitos exemplos edificantes, inspiradores e exemplares.
Fases de Fazer Frases (I)
Na livraria eu me livro do livro. E ela, livraria o livro na livraria?
Fases de Fazer Frases (II)
Jogo palavras que me atiram. Tiro palavras que jogo. Um jogo sem palavras.
Olhos, Vistos do Cotidiano
A primeira ação de comerciantes e trabalhadores nas manhãs mourãenses, é varrer a calçada junto ao estabelecimento comercial. Se cotidiana e habitual, cabe registrar o belo feito. Mas infelizmente não são todos, existem calçadas sujas e com falta de reparo.
Reminiscências em Preto e Branco
Do jeito que tudo anda e aqui tem-se protestado e muito, árvores tombam criminosamente. Chagará um tempo que ninguém mais se lembrará como se planta, verá uma árvore pequena longe da ameaçada de corte, basta crescer de mais e incomodar.
