Exemplo cabal
Este mês de agosto cumpre o que parece ser o seu destino aziago para a política brasileira e também para a área empresarial. Acrescenta neste ano as perdas na intelectualidade do país, com três mortes sentidas. Para completar, na véspera dos 60 anos que lembram o suicídio de Getúlio Vargas, antevéspera dos 52 anos da renúncia frustrante de Jânio Quadros que tantos problemas gerou à democracia do país, mais uma perda lamentável. Morreu um dos mais respeitados empresários brasileiro. Um homem cuja trajetória de vida foi um exemplo a ser seguido. Poderoso líder de um grupo empresarial da maior importância, dono de invejável fortuna, viveu sem ostentação e demonstrações de arrogância. Ao revés. O colunista que não o conheceu pessoalmente mas sempre o admirou, por entre outras virtudes, sua doação permanente a uma instituição benemerente como a Beneficiência Portuguesa, tem na memória a imagem de Antônio Ermírio de Morais chegando ao trabalho dirigindo seu carro de marca comum, seguramente dois ou três anos abaixo do modelo do ano. Uma imagem que associei a outro homem do Paraná, de características de vida muito similares, que também aprendi a admirar. São Paulo perdeu a oportunidade de ter esse homem no seu comando, na única experiência política em que aceitou colocar seu nome. Disputando o governo com Paulo Maluf e Orestes Quércia, Antônio Ermírio viu-se envolvido no pior estilo de alguns políticos em campanha. Fazendo o que fazem de melhor: destruir o adversário. Uma situação de uma das fazendas do grupo em Pernambuco foi apontada por Maluf como de trabalho escravo. Forjou provas e bateu com tanta insistência que a cotação de Ermírio foi rebaixada. Sem segundo turno, o primeiro colocado foi o vencedor: Orestes Quércia, o mais rejeitado ao início. Um exemplo que mostra o porque da resistência de muitos bons nomes, em adentrarem esse empolgante mas perigoso campo: a política. Fica aí prevalecendo o que Canet preconizava: quando os bons não ocupam o espaço, ‘outros’ se locupletam.
Desinformação
Uma viagem do colunista a João Pessoa por compromissos familiares o manteve afastado dos fatos locais. Para se ter uma ideia da complexidade deste país continental, alí no nordeste nenhuma notícia sobre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, chega; a não ser que envolva desastres. Como o que vitimou Eduardo Campos e colocou São Paulo em evidência por lá. Em compensação os métodos políticos não divergem muito. Em compensação fica-se sabendo tudo que ocorre na China ou em Israel.
Os mesmos; sempre!
Verdade que, embora acentuados aqui, vícios como o nepotismo político, no nordeste são surpreendentes. Mesmo quem não é familiarizado com a política de forma global, no lá chamado de guia eleitoral (horário eleitoral gratuito) ao ouvir os nomes disputando cargos diferentes, percebe que nada mudou. São os mesmos sempre. Quem já foi prefeito, agora é candidato ao Senado. Senador ao governo que já exerceu e por aí vai.
Mesmo caminho
Parece não haver espaço para novos no governo, nos legislativos e nas principais prefeituras. Talvez a vereador os menos favorecidos pelo sobrenome consigam algum espaço. Mesmo caminho que o Paraná trilha. Figurinhas carimbadas do Senado, da Câmara Federal , tem filhos na disputa por governos, casos de Renan em Alagoas e Jader Barbalho no Pará. Um fato estranho, por sinal, talvez não divulgado aqui. Um grande hospital particular paulista investiu na candidatura de um governador. Paulista, não! No filho de Renan em Alagoas. R$ 2 milhões de reais. Alguém entende isso! A explicação um dia virá à tona!
Arquivos da História
Voltando à nossa realidade. Uma verdade que os políticos de hoje precisam lembrar. Palavra dita, palavra gravada. Está difícil para Requião, com toda sua irreverência, fugir aos questionamentos que o irritam. Coisas como pedágio, aposentadoria de governador que foi sua arma em 1990 contra José Richa, empréstimos retardados. O jeito é sair pela tangente, irritar-se e esta entrevista está encerrada. O Scanagatta prometeu que eu seria bem tratado, como ocorreu na rádio Capital, em Cascavel. Nos tempos modernos, o que se disse há vinte, trinta anos, está armazenado.
