Repercussão positiva

O pouco interesse demonstrado pelo brasileiro pela política como se essa arte não lhe dissesse respeito, é responsável pela repercussão que a coluna ontem postada aqui alcançou. Desinteresse que faz com que não se saiba muito do que ocorre ao redor do próprio cidadão, com Brasília decidindo o que mais convém aos governantes de plantão. A surpresa demonstrada por aqueles que não sabiam ficar 70% da arrecadação de impostos em poder do governo federal, 25% para os governos estaduais e apenas 5% revertidos aos mais de 5.624 municípios, é bem típica. Equivale aos que julgam estar economizando colocando dinheiro na caderneta de poupança, sem se dar conta de que seu rendimento mal cobre a inflação admitida pelo governo. A que se contata nas prateleiras do mercado ou das lojas de todas as espécies é maior. É verdade que só a memória de gente da nossa geração ou um pouco menos, pode retornar ao período em que Castelo Branco determinou uma melhor distribuição do ICMS, beneficiando os municípios. Como cada cabeça, uma sentença logo vieram os que entendiam ser melhor uma centralização dos recursos em Brasília para posterior distribuição. Uma das medidas do primeiro mandato do período revolucionário que os subsequentes acharam melhor mudar. Poder com mais dinheiro na mão é mais poder, raciocinaram. Curiosamente, a exemplo de outras medidas do período, os que reimplantaram a democracia no país acharam por bem não mexer, até porque, o primeiro mandato foi exercido por gente que era farinha do mesmo saco. Ou só a nossa geração se lembra que Sarney foi expoente dos partidos revolucionários, portanto concorde com tais medidas tomadas no período  anterior. É fundamental para o fortalecimento da democracia à brasileira, uma mudança tributária profunda. Não apenas para beneficiar os que produzem. Igualmente em favor dos que residem nos municípios, a maioria fortemente agrícolas e que carregam o país nas costas.

Poder centralizado, consequências disseminadas

Um exemplo claro das consequências do que ontem se afirmou aqui, com a centralização de recursos na área federal é o crescimento de orçamentos de poderes paralelos como os legislativos e judiciários. Vêm de cima e se alastram pelo país sob a forma de isonomia. Como o governo é magnânimo na aprovação dos orçamentos federais, os estaduais e municipais de órgãos como assembleias, tribunais e adjacências, câmaras, seguem os exemplos superiores.

Reforma urgente

Outro setor a clamar pela reforma que nunca vem é o político. A cada dia surgem novos partidos, como se os 33 já existentes não fossem suficientes. Montados pelos mesmos que aprenderam o caminho das pedras nas agremiações que frequentaram, sem outros objetivos que não o acesso ao fundo partidário e aos segundos de televisão, altamente rentáveis em períodos como este. Programa a ser cumprido e projeto de mudança, apenas no papel!

Medida simples

Sabe-se porém, que mudanças simples teriam grande efeito no cenário político brasileiro. Um deles, repousa numa das fundas gavetas da Câmara Federal, cujo autor já deixou esta terra.  Foi elaborado pelo Affonsinho, uma das mais brilhantes cabeças políticas que o Paraná conheceu. Preconizava apenas que os partidos fossem obrigados a ter candidatura própria em eleições majoritárias. Só isso reduziria, numa primeira leva, a no máximo seis partidos. Explico:

Fim do balcão de negócios

Com 18, 25, 44 segundos para uso no horário eleitoral, candidaturas da maioria dos partidos não se viabilizariam. Alegariam eles que são tempos insuficientes para se vender ideias. Mas, malandramente, são tempos suficientes para leiloá-los nas vergonhosas coligações que se monta nas eleições majoritárias. A preço de mercado! Como se sabe o mercado do segundo eleitoral é maior que o do segundo comercial nas TVs, que já é muito alto. Quem não apresentasse candidato perderia acesso ao milionário fundo partidário e aos horários eleitorais. Sem eles partidos não sobrevivem!