Da arte de ficar calado
Meu velho pai, com a sabedoria dos simples, ensinava: Em reunião com os que sabem, quem não sabe, escuta! Evita-se assim afirmações como a que certo dia Lula, então presidente, que não fora apresentado ao americano Dr. Max Theiler (é o problema de não gostar de ler), em reunião com doutores afirmasse que Osvaldo Cruz criou a vacina contra a febre amarela. Os áulicos palacianos aplaudiram sua sabedoria. Os doutores, não! Muitos outros políticos ocupantes de cargos importantes, têm cometido essa imprudência: falar sobre o que não sabem. Muitas vezes inverte-se números e se os vende como verdadeiros. Isso é muito comum em tempos como os de agora quando a economia dá saltos negativos mas é importante manter a imagem positiva; imitando o otimista Pangloss de Voltaire, como se tudo estivesse bem, no melhor dos mundos, na certeza de que o povo pouco informado, aceitará o que foi dito como verdade. Outras vezes, ante a dificuldade de se explicar certas situações, vale-se do enrolation, uma especialidade que Lula aprimorou, e Dilma segue, falando muito e dizendo pouco. Caso da semana que passou, quando a presidente teve que mexer no Ministério para submeter-se à exigência que vinha da penitenciária da Papuda, onde o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, ainda mandando no PR, está internado por algum tempo. Substituiu nos Transportes, o até então elogiado César Borges por um ministro ‘mais sensível’ aos apelos da bancada do partido: Paulo Sérgio Passos. A explicação foi um primor: Estamos fazendo uma pequena reorganização no time que toca a infraestrutura logística do governo; estou realocando as melhores pessoas em funções diferentes, ainda que semelhantes na essência e nos princípios. Explicação mais clara, impossível!
Mais próxima do sonho
O desejo da deputada Rosane Ferreira (PV) foi realizado. Vai disputar a vice-governadoria na chapa de Requião. Em realidade sua intenção era deixar Brasília que, para ela que aspira ser prefeita de Araucária, era distante demais de sua base. Mesmo que a chapa requianista não seja bem sucedida, os próximos dois anos ela aproveitará para trabalhar sua candidatura. Se eleito Requião, aí seu sonho ficará mais alto.
Plano a perigo
Os 20 anos do Plano Real estão servindo para comparações sobre o antes, o depois e o agora! Com dois pilares do Plano – a inflação, então hiper e o câmbio, que deixou de flutuar – visivelmente desgastados, o momento é preocupante. O superávit primário vem sendo obtido à custa de malabarismos contábeis, fugindo totalmente à sua função de demonstrar de forma confiável os gastos governamentais. Nada a comemorar neste 2014 que aparenta ser precursor de nova luta para recolocar a economia nos trilhos. Sem fiscais do Sarney!
Pesquisas em recesso
A entrada do senador Roberto Requião na disputa ao governo do Paraná, pela quarta vez, não mudou apenas os planos dos candidatos já definidos, especialmente Beto Richa e Gleisi Hoffmann. Mexeu também com os institutos de pesquisa que trabalhavam com as duas candidaturas principais e outras menos votadas que talvez nem se sustentem. Hoje, 1º dia após o encerramento do prazo de convenções é que as coisas voltam à normalidade. Só nos próximos dias se saberá de fato, como está o humor dos eleitores paranaenses.
Minutos finais
Até as últimas horas de ontem, como era de se esperar, poucas situações estavam inteiramente definidas, na situação e nas oposições paranaenses. Em alguns casos sem vice, em outros sem senador ou não fechadas as chapas proporcionais. Situações que apesar de concluídas até o último minuto do segundo tempo, como convém nestes tempos de Copa, ainda podem ir para prorrogação. Alguns casos para os pênaltis, ou bater na trave, impedidos pelo TRE. Afinal, a lista de gente impugnada é bem grande. É o resultado da confusa legislação eleitoral brasileira, da qual a política do Paraná não foge à regra. Exigência dos tempos modernos: reforma política, já!
