Refrescando a memória

Um dos grandes problemas com que se defrontam os governantes nos dias de hoje, é confiar do que foi regra absoluta no passado: a má memória do povo. Além dessa verdade ter sofrido alteração após as movimentações do ano passado, quando o povo tomou mais consciência de sua força, os veículos de comunicação menos presos a compromissos de ordem financeira, aos governos, sempre trazem de volta os temas defendidos em junho. Postura de jornais, revistas e rádios não vinculados a grandes conglomerados. Assim sendo eles trazem de volta, para reforçar a cobrança popular, as promessas feitas pelo governo, no caso o federal, logo após os movimentos reivindicatórios terem sofrido um resfriamento, especialmente pela suspeita ação dos black blocs. Mascarados predadores que serviram muito ao governo, impotente este para conter de maneira civilizada a demonstração de desencanto com vários aspectos da vida nacional, reunidos nas manifestações sem foco único. Passado o sufoco, algumas propostas surgiram do lado governamental. Coisas que na campanha já haviam sido expostas e com solução prometida. Pelas circunstâncias atuais que abalam a economia nacional, um dos mais importantes compromissos assumidos foi o controle de gastos para manter a estabilidade e controlar a inflação. Nada feito nesse sentido! No item saúde pública,  a medida mais visível que, embora contestada parece ter produzido algum efeito, embora o arrefecimento da propaganda governamental é o programa mais médicos, que segundo fontes oficiais levou 9.500 médicos a 3,101 cidades e 32 comunidades indígenas. Perguntas ficaram sem resposta: quantas faculdades de medicina há em Cuba, maior fornecedora do programa e o grau de qualificação dos profissionais? A reforma política continua em projeto, assim como, apesar de aprovada a destinação de 100% dos royalties do pré-sal para a educação (75%)  e saúde (25%), nada se sabe do valor transferido para esses setores sobre os mais de 400 mil barris diários que ufanamente o governo anuncia já produzir.

Transporte ideal

Algumas medidas como maior investimento no transporte público do país, hoje responsabilidade de estados e municípios, seriam salutares para evitar o caos que aflige os milhões de trabalhadores brasileiros, submetidos a transporte vil, quando não faltante, caso das inúmeras greves que espocam pelo país. Dar condições ideais de transporte público a esses trabalhadores, como se faz em países realmente preocupados com o social, não apenas de fachada, seria medida a ser aplaudida por todos.

Paraná, a ver navios!

A desoneração sobre o óleo diesel, prevista para manter o nível das passagens no transporte coletivo, foi aprovado no Congresso. Uma das poucas promessas cumpridas. Em contrapartida, dos R$ 50 bilhões anunciados para obras de mobilidade urbana, apenas R$ 3,5 bilhões foram efetivamente repassados, para set estados. Resta saber quanto em função da Copa. Enquanto isso o Paraná continua a lutar pelos seus empréstimos!

Reflexo do desencanto

O resultado imediato do não cumprimento das promessas feitas em resposta ao clamor popular, com a leva seguinte de repúdio ao que se fez no Brasil em nome da Copa, com o país de espinha curvada às exigências da Fifa, parece ser o que está refletido nas pesquisas de opinião pública, relativas às eleições de 5 de outubro. Mais relevante que os índices de aprovação ou desaprovação dos candidatos, são os 30% que pretendem não votar, votar em branco. Símbolo vivo do desencanto até com o país. Imagine se a Copa não ficar por aqui!

Ficha Limpa

A lei que transforma a corrupção em crime hediondo, uma das reivindicações de junho, dia 26 deste, completa um ano. Só em abril foi recolocada em discussão e ainda não votada. A lei que combate a corrupção empresarial, foi aprovada em julho de 2013 e entrou em vigor este ano. Da mesma safra, a Lei da Ficha Limpa que pela pressão popular foi votada e agora com movimentação da própria Fiep, uma entidade que reúne os empresários do Paraná, vai expor o nome de todos os que estão sem condições de disputar as próximas eleições. Iniciativa que merece apoio!