Estruturas inócuas
Um editorial da Gazeta do Povo coloca em questão a validade de um organismo como a Comissão de Ética da Presidência da República, cujo comportamento leniente em favor de assuntos que não interessam ao governo, justifica sua extinção. Em realidade trata-se de mais uma das estruturas brasileiras criadas para manter a aparência de preocupação com a ética no serviço público, isto é, o cumprimento das legislações que, a exemplo dos impostos a cada dia aumentam mais, sem resultados práticos. Tribunais de contas e até os de Justiça pela subserviência aos Executivos graças aos sistemas de promoções, o próprio Ministério Público, sem contar organizações como polícias, militares, civis, rodoviárias e por aí afora, só funcionam em obediência aos mandatários da vez. Assim como as demais estruturas governamentais, principalmente as companhias de economia mista, que de mistas nada tem. Aí está o exemplo da Petrobras, uma empresa que durante muito tempo foi o orgulho, especialmente dos brasileiros de visão mais condescendente com a esquerda, que prega uma organização político-econômica dominada por governantes. Ainda agora ela anuncia orgulhosamente, quando completa sessenta anos, as otimistas previsões de futuro, em quem a auto-suficiência será retomada e ampliada. Em que governo e condições não se sabe, na medida em que o poder da atual diretoria termina em dezembro. Nem mesmo a garantia de que terá o mandato ampliado, caso Dilma seja reeleita, existe. Além do que, uma nova empresa está sendo criada para ocupar na exploração do pré-sal, as funções que caberiam à Petrobras. Quanto à empresa matriz, envolta em negociatas como a que afastou o presidente Sérgio Gabrieli (deslocando-o para uma secretaria de Estado no governo da Bahia) e o dirigente participante da negociação com a empresa belga, parceira da Petrobras na aquisição da Pasadena Refinery (este deslocado para uma diretoria da BR Distribuidora), não se fala no seu futuro destino. O que seus felizes acionistas de tempos melhores, hoje lesados pela desvalorização de suas ações pensarão, ninguém se interessa por saber.
Lições de Maquiavel
As transferências de Sérgio Gabireli, da presidência da Petrobras para uma importante secretaria do governo baiano, e de um diretor, intermediário na negociação da Pasadena, negócio altamente lesivo à estatal e do qual não se tem mais notícia, a cargo diretivo na BR Distribuidora, faz parte de uma lógica defendida por Maquiavel, no seu decantado e pouco lido: O Príncipe – funcionário que sabe demais, não se demite. Promove-se. Quando isso não é possível, pelo menos não se o deixa à execração pública.
Imprensa independente
Quando se exalta a valorização de outras mídias, em contraposição a suposto desprestígio do jornalismo impresso, é preciso lembrar de situações como as vividas agora no Brasil. Só os veículos impressos estão garantindo o acesso permanente dos brasileiros às informações que ao governo interessa, sejam enfiadas para baixo dos tapetes. Nenhuma rede de TV comentou a reunião da presidente Dilma com seus assessores de campanha (Lula entre eles), em pleno expediente, em prédio público. Só os jornais e revistas.
Opinião do leitor
Uma observação interessante: os governos deveriam dar mais atenção às colunas de jornais dedicadas às opiniões dos leitores. Valeriam como pesquisas, gratuitas. Nunca na história deste país, ‘as colunas dos leitores’ estiveram tão carregadas em críticas, as mais diversas, sobre os governos em todos os níveis. O site desta coluna por exemplo, recebe diariamente centenas de e.mails, cobrando soluções para problemas de responsabilidade oficial.
Em choque
No Dia Internacional da Mulher, uma opinião inteligente da senadora Gleisi Hoffmann sobre a mulher fazer política de maneira diferenciada: sem tapinha nas costas e falar besteira para descontrair. Nós gostamos de política. A forma como a gente faz e pratica a política é diferente.
