Jogo de cintura

O governo, apesar de sua  superioridade numérica na Câmara Federal, está tendo dificuldades para impor sua vontade de mudar as regras do jogo portuário, uma espécie do que fez Fernando Collor de Mello em 1989, abrindo o comércio brasileiro especialmente em relação à indústria automobilística, com bons resultados por sinal. A verdade é que os portos públicos não vêm acompanhando o desenvolvimento nacional. Se comparados à evolução que tiveram os produtores rurais, levando o Brasil a sucessivas safras recordes, mesmo acossados por intempéries, os portos viraram carroções. A dificuldade que o governo encontra na sua própria base para alavancar uma reforma que abrirá os portos à iniciativa privada, deve-se a seus próprios erros: base formada à base de fisiologismos, sem nenhum vínculo com idéias afins; dificuldade de diálogo político, na medida em que, embora conte com setores destinados ao contato com a classe, as MPs são impostas. A ministra Ideli Salvatti, assim como outros interlocutores da presidente Dilma, não detém autonomia nas decisões, das quais a presidente por seu estilo dominador, não abre mão.  Talvez a única exceção aparente seja ouvir o ex-presidente Lula. Políticos vivem de agrados. Mais até do que de pequenas benesses. Essas são insuficientes para garantir a fidelidade, como demonstrado em outras ocasiões recentes, como a derrota sofrida na MP do Código Florestal. Como já se pode notar, daqui para a frente quando o jogo político começa a endurecer, o governo precisará de mais cintura, para manter a unidade das forças que cooptou. Fora disso, Eduardo Campos, Aécio Neves e Marina Silva poderão começar a parecer mais atraentes.

Injeções de cânfora

Assim como os portos brasileiros e as obras de infraestrutura, que necessitam de uma injeção de cânfora, aumentando em muito suas capacidades de atuação para acompanhar a  produtividade brasileira, especialmente no campo, a nossa Petrobras teve nos últimos anos abalos em seu prestígio. As mudanças na direção ainda não produziram os efeitos que os erros (e até algumas operações duvidosas anteriores) produziram.

Ânimo em baixa

Na terça e quarta-feira  da semana que entra, vai-se ter um teste importante para o governo e a indústria petrolífera, que lutam para avaliar o potencial de novas reservas do país. A ANP vai colocar em oferta, 289 áreas de exploração e produção em terra e mar. Serão 64 empresas  nacionais e internacionais na disputa. O entusiasmo dos litigantes, em função de disputas políticas que geram intranqüilidade no setor, já não é o mesmo do anúncio do pré-sal.

Linha dura

A depender do Procurador-Geral da República, a coluna repete, os réus do mensalão estão com os dias contados. Roberto Gurgel, fiel ao que dissera, antecipou em uma semana o seu parecer sobre os recursos oferecidos por advogados dos réus. Defendendo a tese de que tais recursos não teriam poder de modificar as decisões do STF e portanto, devem ser negados pelos ministros.

Com cautela

A vitória do brasileiro Roberto Azevedo para comandar a Organização Mundial do Comércio (OMC), merece ser comemorada. Sem grandes entusiasmos porém. O renomado diplomata, negociador respeitado, vai receber uma entidade bem diferente da que existiu antes da crise mundial. Só como exemplo: enquanto o comércio internacional cresceu em 12 meses, completados em fevereiro, 2%, no mesmo período do ano 2000, crescera 9%.

FOLCLORE POLÍTICO

Outro dia a coluna lembrou que lei é o que não falta no país. Algumas estapafúrdias. Outras repetitivas. Poucas, realmente respeitadas. Vereadores afoitos por mostra serviços por vezes são responsáveis por algumas. Em Umuarama um fato inédito: tentativa de eliminar uma lei. A afirmação de técnico da Sanepar que informava não ser possível usar a água de um rio (abaixo do nível da cidade) por causa da lei de Newton (lei da gravidade), foi questionada por vereador: Essa lei é estadual ou municipal? Se for municipal, nós derrubamos!