Burocracia insensível
Por vias transversas o dito popular confirmou-se: o governo fez cortesia para as indústrias com chapéu alheio. O chapéu dos municípios. Ao reduzir o IPI dos automóveis e das linhas brancas, abriu mão do IPI e com isso deixou de transferir às municipalidades brasileiras via FPM (Fundo de Participação dos Municípios), cerca de R$ 9,9 bilhões. Se considerado o fato de que a maioria dos médios e pequenos municípios vive praticamente à custa desse Fundo, isso representará um fim de ano angustiante em que as atividades municipais serão paralisadas e ainda terminarão o ano no vermelho. E chamam a este país de Federação. Federação é a americana, onde municípios e estados gozam de grande autonomia, como visto agora nas suas eleições, em que cada estado acrescentou votações sobre assuntos diversos, além da escolha de Presidente, Senadores e Deputados Federais. Por aqui a Federação se resume a Brasília, onde quase tudo se arrecada, onde se decide quem recebe o que, e se gasta boa parte da dinheirama arrecadada com 38% do que o brasileiro produz, sem sobrar quase nada para investimentos numa infraestrutura cada vez mais precária, e em pontos fundamentais. Sem contar a roubalheira que leva para o poço da corrupção aproximadamente R$ 200 bi ao ano, mais do que se investe em educação e saúde. Positivamente, este não é o sistema administrativo dos sonhos. Enquanto a pirâmide administrativa e financeira não for invertida, privilegiando os municípios, que é onde se vive, os estados, e por fim o governo federal, Brasília continuará sendo a caríssima e dispersiva Ilha da Fantasia. Administrada por uma burocracia insensível que do Pai Nosso só aprendeu o venha a nós o vosso Reino.
Canto de sereia
Com muito ainda a ser feito para justificar sua primeira eleição, começa-se no governo a falar em reeleição do governador Beto Richa. A reunião do secretariado de agora, parece realmente apontar nessa direção. Uma correção de rumos políticos em função dos resultados eleitorais deste 2012, deve ser a tônica de uma possível reforma de secretariado. Um lembrete: deixar companheiros ao léo por cantos de sereia pode ser fatal: Curitiba foi um exemplo.
Confronto decisivo
O PMDB prepara-se para um confronto interno em que sua divisão ficará mais evidente. Três correntes disputam em dezembro o comando do partido, em nível estadual. Uma liderada pelos deputados que apóiam o atual governo e que têm o DNA da adesão que parece impregnar o novato PSD –qualquer governo. Outra liderada pelo ex-governador Orlando Pessuti e a que Requião comanda.
Opções variadas
Vencedora a primeira, continuará o apoio ao governo até quando for conveniente; se Pessuti vencer, poderá compor-se com Gleisi ou lançar candidatura própria: a sua própria; a vitória de Requião que terá o significado de ressurgí-lo das cinzas brasilienses, culminará com sua nova tentativa de voltar ao Palácio Iguaçu. Daí o desejo de cooptar um descontente tucano, Álvaro Dias, dando-lhe espaço para nova disputa ao Senado.
Questão de estilo
A ideia surgida (provavelmente dentro do PT) de que a presença de Requião na disputa, juntamente com Beto na tentativa de reeleição, beneficiará Gleisi, é discutível. Fiel ao seu estilo ele tentará massacrar Beto –exatamente a repetição do que fez com José Richa em 1990. Se conseguir ir para o segundo turno, certamente trará alguns ferreirinhas no bolso do colete para infernizar a candidatura da atual ministra.
Em choque
A ousadia da bandidagem, cujas ações em São Paulo passaram dos limites, e agora estende seus braços a Santa Catarina, exige uma ação dura das autoridades, assim como a união de todas as forças no seu combate. Incluindo as Forças Armadas que precisam deixar a confortável posição de meros observadores. Se a sua função precípua é garantir a segurança nacional, é mais do que visível de que ela está em risco.
