Dicas esclarecedoras
Quem quiser conhecer como as coisas ocorrem (e vão ocorrer nas obras das Olimpíadas e da Copa) neste país, em termos de disputas empresariais, especialmente nas grandes obras da construção civil ligadas aos governos, vale dar uma passagem pela Folha de São Paulo ou pelo UOL, do dia 17 deste mês. Ali está a descrição de uma situação ocorrida, felizmente longe daqui até prova em contrário, na licitação para construção do VLT de Cuiabá. Para começo de conversa o vencedor era conhecido, segundo mensagem cifrada publicada em jornal, um mês antes, graças à denúncia de um assessor do próprio governo. Não cumpriram um compromisso primário em política: assessor ou amigo bem informado, nunca se contraria ou se deixa de fora num acerto. Ou se o promove ou se o introduz no acerto. No caso matogrossense, num acertodizinho de R$ 80 milhões, deixaram o coitadinho que supostamente iniciara os entendimentos, de fora. Imperdoável! A ele e a empresa portuguesa que fizera o projeto inicial, orçado em R$ 700 milhões e que acabou na licitação em R$ 1 bi 470 milhões. Uma diferençazinha desprezível, num país rico como o nosso! Teve ele, pois, razões fundamentadas para denunciar esse esqueminha. O consórcio vencedor (do qual participa fortemente uma empresa que se iniciou no Paraná e hoje é potência nacional) não teve contestação por parte dos concorrentes. Todos acharam a licitação justa. Como se sabe que entre elas, há acertos, uma cobre a outra aqui e é coberta acolá, razão por as denúncias só aparecerem através a imprensa, já que o MP precisa ser acionado, não age de motu próprio, esta continua a ser sempre a responsável final por tudo que ocorre neste país. As partes se acertam e a imprensa que levantou o problema, acaba sendo a responsável final. No julgamento do mensalão não vai ser diferente.
Calmantes
Enquanto indústria automobilística aumenta suas vendas pelos benefícios fiscais através o IPI governamental (que depois vai impactar o FPM dos já depauperados municípios), a indústria farmacêutica aumenta o nível de vendas no Paraná. Talvez até pelo consumo de calmantes, na medida em que o custo de vida é ampliado pelos hortifrutigranjeiros ou pelo endividamento das famílias, com os juros extorsivos dos cartões de crédito. Uma pergunta: a Lei da Usura que limitava em 5% os juros dos agiotas ainda existe?
Espaços ociosos
O Celsinho contou! Enquanto presos (evidentemente os que não podem pagar bons advogados como os que desfilaram na defesa dos mensaleiros) amontoam-se nas cadeias públicas, a nova penitenciária de Cruzeiro do Oeste, herança que o Beto recebeu do anterior, e em um ano a meio não conseguiu resolver, tem 150 vagas ocupadas. Sobram 580. Espaço tem. Só falta comida para resolver o problema.
Condenações fatiadas
Como a coluna é escrita antes de terminar a segunda participação do ministro Joaquim Barbosa, que em seu voto inicial já indicou a condenação de quatro réus na 5a. feira, João Paulo Cunha (deputado petista candidato a prefeito de Osasco (SP)), publicitário Marcus Valério e seu sócio Cristiano Paz, mais o ex-sócio de ambos, Ramon Hollerbach, resta saber quantos ele indiciou na votação de ontem.
Cultura ciclística
Vi em Fortaleza uma solução para os ciclistas que está prevista nas canaletas dos ônibus expressos em Curitiba, quando o metrô vier, e que a nós parecia uma solução pouco criativa: canaletas no meio da pista, transformando as vias laterais em canteiros. Com o crescimento da frota automobilística em Curitiba em cima do metrô deveriam continuar a circular ônibus, com espaços ainda para carros. Uma das laterais pode ser transformada em ciclovia. Nas de Fortaleza, nenhuma bike utilizava o espaço que percorremos.
Em choque
Fontes da coluna especializadas em pesquisa, prevêem um segundo turno na eleição majoritária de Curitiba, acirrado e surpreendente. Em outros grandes centros paranaenses, igualmente.
