Eleições diferenciadas
As eleições municipais de Curitiba costumam ser surpreendentes. A de 2012 não irá fugir à regra. Quem não é do ramo se esquece de situações vividas aqui. Disputas históricas como a que elegeu Roberto Requião, então um pouco votado deputado estadual que surgira na vida pública na eleição de 1982. Objetivando vir a ocupar o cargo que um dia pertenceu a seu pai Wallace Tadeu de Melo e Silva (ele certamente admirava o pai mas adotou politicamente o sobrenome da mãe – a família Requião era mais conhecida na provinciana Curitiba), iniciou na Assembleia a demolição do futuro possível adversário na disputa à prefeitura: o deputado Erwin Bonkoski, de extraordinária votação na capital. A responsabilidade por sua eleição em 85, entregou ao PMDB. O então governador José Richa, embora tivesse apoiado na convenção do PMDB o nome de Amadeu Geara, viu-se obrigado a entrar de corpo e alma na campanha. Literalmente. Ele que não era muito dado a madrugar, para derrotar o poderoso Jaime Lerner, de nome já firmado em Curitiba por duas criativas gestões na prefeitura, teve que ir aos terminais de ônibus às 6 horas da manhã apresentar Requião ao eleitorado. Eleito, não fez sucessor em 88. Jaime, fora do Paraná a convite de Brizola, não podia entrar na disputa: transferira seu título para o Rio. Com luta intensa em Brasília, Rafael Greca e Giovâni Gionédis reverteram o quadro. Naquela que ficou conhecida como a campanha dos doze dias, Lerner derrotou Maurício Fruet do PMDB. Requião, num gesto que repetiria outras vezes, não se empenhou na campanha do companheiro. Fez o mesmo com Álvaro Dias que em 94 disputou o governo com Lerner. (continua amanhã)
Manifestações quentes …
O 7 de Setembro foi marcado por desfiles e protestos, especialmente contra a corrupção. Em Brasília, com mais de 25 mil pessoas ampliando a demonstração de descontentamento para a absolvição de Jaqueline Roriz, e pedindo punição aos mensaleiros, o que trocando em miúdos dá na mesma!
…e fria!
A exceção nas manifestações pelo Brasil, foi Curitiba! Para não fugir à fama de cidade com público frio, não teve mais que 200 pessoas na realizada aqui. A constatação da coluna é outra: não se tratou de indiferença do povo em relação aos temas: para não fugir à regra dos inícios de setembro, a chuva e o frio não convidavam a sair de casa.
Criatividade
Se faltou gente aqui, sobrou criatividade. Frases como no futuro honestidade será sinônimo de burrice; imposto é desgosto; educação, sim! Estádio não!; vivemos deficiência, invés de independência e outras que tais, desfilaram pelo Centro Cívico.
Inconsequência
País rico é outra coisa! Uma constatação do sempre ferino e bem informado texto de Elio Gaspari: se aumentados em 14,7% os salários do Judiciário (com o conseqüente efeito cascata no governo federal e nos estados –salários de deputados são atrelados), os ministros do STF ganhariam mais que seus similares da Corte Suprema dos Estados Unidos.
Caminho das pedras
As decisões sobre o destino político do presidente da Câmara Municipal de Curitiba, de repente enredado numa teia de denúncias, ainda vão demorar para ter desfecho. A CPI ainda não instalada e a decisão do Conselho de Ética favorável a seu afastamento, ainda têm um longo caminho a percorrer terminando numa votação em Plenário que, se for secreta, poderá reservar surpresas. Derosso conhece como ninguém o caminho das pedras.
Em choque
Ao registrar na Assembleia do Paraná, o recorde obtido pelo município de Toledo (mais de 1 bilhão no Valor Bruto de Produção), o deputado Elio Rusch, presidente do DEM e vice líder do governo Richa, lamentou os poucos investimentos federais nas estradas que cortam o oeste do Paraná, inibindo desenvolvimento ainda maior da região oeste.
