DNA da corrupção

Há uma concepção muito em voga entre alguns brasileiros de que, “quem entra em governo adquire o direito de desviar dinheiro público”. Quem não o faz é “burro”. Esse conceito que tem milhões de adeptos é fruto da convivência talvez da convivência impotente que a maior parte dos filhos desta terra tem com a corrupção, que parece ser endêmica no país. Razão igualmente para a indiferença que se nota em relação aos escândalos que pululam na administração pública brasileira. De outro modo, como explicar  situações como as vividas no caso de mensalão, que só adquiriu a dimensão que alcançou, pela ação destemida do Procurador Geral da República e do relator do processo quando chegou ao Supremo. Claro que a imprensa independente teve participação decisiva na repercussão do julgamento. Quando a coluna se refere à imprensa independente, é impossível não lembrar os muitos bilhões que o atual governo da presidente Dilma, gastou em comunicação. Quase o dobro do que Lula gastara, ele também (como quase todos os governantes)  um adepto de “calar a imprensa”.  A esperança que existe é que a delação premiada de Alberto Youssef, o doleiro que ao lado do ex-diretor da Petrobras, atuou como artífice do escândalo desbaratado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, corajosamente sustentada pelo juiz Sérgio Moro, confirme e amplie as informações de Paulo Roberto Costa, leve o brasileiro a despertar dessa complacência com a corrupção. Pelas informações que vazam dos primeiros depoimentos do doleiro, afirma um investigador: “A diferença é que ele vem com bastante documentação”.

Quem roubou, roubou!

Pode até parecer parcialidade ou implicância da coluna, mas, diante de fatos como os que a Operação Lava Jato apresenta, assim como outros escândalos anteriores dos três últimos mandatos e de anteriores, que vêm aumentando em frequência e volume, a afirmação da presidente Dilma em um dos seus “comerciais” de campanha, de que “se obtiver um segundo mandato vai combater com vigor a corrupção”, soa estranha. Significa como a coluna salientou dias atrás, um perdão a crimes contra administração pública cometidos até agora. A coluna até fez comparação com piada de anos atrás: “Quem roubou, quem não roubou não rouba mais”. Uma declaração absurda, como muitas das que tem feito nesse primeiro mandato.

Campanha agressiva

Nunca uma campanha no Paraná foi marcada de maneira tão aguda, quanto esta, pelas críticas mútuas feitas entre si pelos candidatos. Com destaque para Gleisi que insistiu durante todo tempo, com ar rancoroso, na “falta de competência de Beto para administrar”. Este na defensiva, procurando preservar seus índices favoráveis.  Postura da senadora que contrasta com seu jeito aparentemente meigo de mulher bonita. Pelo “brilhareco” de sua participação nesta disputa, bem diferente do êxito obtido em 2010 quando se elegeu senadora, sua participação no Senado e no ministério, na importante Casa Civil, não foram bem avaliados. De Requião, não se esperaria um comportamento diferente. É da sua índole as campanhas agressivas.

Atenção urgente

O clima de campanha está deixando “passar batido” um problema da maior importância. Tão assustadora quanto a falta de água potável no abastecimento de São Paulo e outras cidades daquele Estado, é a imagem da cabeceira seca do rio São Francisco. São Paulo, teoricamente bem servida de rios, é a comprovação viva do que o homem faz com o que a natureza lhe dá. É atravessada pelo Tietê, hoje um rio “apodrecido”. O “velho Chico”, a caminho de sérios problemas, tem, próximo a sua foz, um projeto bilionário, nesta altura inacabado e utópico. Se não receber investimentos bilionários, na sua manutenção, não haverá água para a transposição! Esse projeto, será mais um “um monumento ao desperdício”! Infelizmente, uma das faces doentias da administração pública no Brasil! Passada a eleição, convém que nossas autoridades voltem suas atenções para o drama das águas.