Guga
Nas minhas primeiras raquetadas em Florianópolis, era
garoto, desengonçado, meio sem jeito para o esporte;
precisei sair para o mundo para arriscar a sorte.
Gustavo Kuerten
Guga pode ser dicionarizado como sinônimo de carisma; brasilidade; ética. É um modo legítimo de homenagear cristalinamente o nosso manezinho da Ilha.
Independentemente da posição, em qualquer lista ele está presente, honra ao mérito do tênis, do esporte, do desporto, como cidadão brasileiro exemplar. O carisma do Gustavo Kuerten é inspirador do tipo magnético, instantâneo e já a perfazer o carisma atemporal.
Há 20 anos, dia oito de junho, a zebra conquistou o primeiro título. O mundo do tênis pouco o conhecia, assim como o Brasil. A vitória dele foi acachapante, três sets a zero sobre o espanhol Sergi Bruevera. Zebra no sentido do improvável, expressão genuinamente brasileira, e zebra como desengonçado em certos momentos de atuar em quadra do jovem tenista Gustavo Kuerten, que fará 41 anos de idade este ano.
Vieram mais dois títulos depois daquele primeiro de 1977, 2000 e 2001.
Guga está agora em Paris para receber homenagens pelos 20 anos da primeira conquista. Simples e humildade, sempre enfatizou que não esperava, jamais, ter ganhado o título. A disputa para ele era sem aspiração, a não ser a de jogar, aprender, conquistar experiência. Sendo ou não a zebra de 1977, as duas outras conquistas ele já era ídolo.
Ao desenhar com a raquete na quadra de saibro impregnou o Brasil com aquele gesto. Brasil que se emocionou e passou a se orgulhar dele tanto que mantém o mesmo nível de respeito, admiração, afeto. Nem careceu entender de tênis, pois bastava entender do esporte, a saga do saibro.
A bela Florianópolis da linda ilha de Santa Catarina é cumplicidade pura do Guga Manezinho, amor correspondido, referência para brasileiros de todas as nossas ilhas e nossos continentes. Sequer cogitou mudar-se de lá, o porto seguro familiar, dos amigos.
Como se nós todos desenhássemos fora da quadra um coração para ele, Guga não está abaixo de ninguém, ídolo que a nação, ao mesmo tempo em que se orgulha, sabe ela que temos enorme carência de tal qualidade.
Autêntico ao falar, vestir-se e de gestos espontâneo faz de Guga a imagem do conteúdo que ele produz, caráter, decência. De esforço e tenacidade contínuos, de tropeços, derrotas e de ser digno dos títulos, do aplauso e do respeito.
Fases de Fazer Frases (I)
Não confundamos: estupefato com o estúpido fato.
Fases de Fazer Frases (II
Não confundamos: o mor mente com o mormente.
Fases de Fazer Frases (III)
Não confundamos: o verme ver-me com o ver do verme.
Fases de Fazer Frases (IV)
Não confundamos: a tenuidade com nu e idade.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Fora de qualquer dúvida, o jornalista Luiz Geraldo Mazza é um dos mais profundos conhecedores da política brasileira e paranaense. Escreve categoricamente com estilo. É independente. Articulista da Folha de Londrina maneja com inteligência perspicaz a palavra, o trocadilho, o humor, a memória e o aforismo. A da última quinta, conclui o texto:
De repente, o cabelo bem posto do Rodrigo Rocha Loures é um detalhe com status claríssimo e estratégico até para esquecer do Sérgio Cabral na sua desdita. É que como o cabelo a pessoa também pode cair, o que é fortemente redundante
Reminiscências em Preto e Branco
Volta e meia, a memória bate na porta da frente. Espera, sem paciência ou não. Ela dá então à volta, vai para a porta do fundo. Faz o mesmo. Se não for atendida, dorme do lado de fora. Aspira. Suspira. Produz som. Fabrica o silêncio. Talvez seja encontrada ainda em repouso. Ou já tenha partido sem maiores vestígios. Só memória. Que não está só. Ela mora, se ou sem demora, dentro ou fora da casa da gente.