Nem falecidos, nem falidos – o que está por trás da Pandemia

“Os verdadeiros valores da vida são os nossos próprios valores, e não aqueles que nos impõe aqueles que pensam ser donos da verdade.” Alexandre Araújo 

A única certeza é que não temos certeza de nada. O momento é sem precedentes. Da mesma forma que a curva epidemiológica cresce com novos infectados, cresce também a curva de ações que visam combater a epidemia. Então não temos como projetar nenhum resultado dessa equação. Precisamos acompanhar a cada momento a eficiência dessas medidas e apertar ou afrouxar conforme seus resultados. 

Para quem está no olho do furacão, tomando as decisões e ouvindo todos os lados, a pressão é enorme. De um lado, a preservação de vidas de imediato. De outro lado, a preservação de empregos, renda e condições de sobrevivência a médio prazo. 

Não se discute que a vida é a maior prioridade. O problema é que não há nenhuma certeza se as medidas tomadas surtirão resultados. E se a dose do remédio é suficiente ou excedente. 

Quando o mundo passa por situações como esta, percebemos algumas coisas que, no dia a dia não aparecem com tanta clareza. 

Decisões passadas que refletem em momentos de crise. Como uma educação fraca, como investimentos errados, como a não priorização de um sistema de saúde eficiente, como uma visão humana egoísta, enfim, uma série de características de nossa sociedade que se refletem na hora de respeitar o próximo, de respeitar as leis, de contribuir. 

Ao mesmo tempo que vemos alguns empresários, médicos, profissionais da saúde e de outras áreas se oferecendo para doações, voluntariado e prestação de serviços em prol do todo, observamos idosos que insistem em ir pra rua, empresários que aumentam preços e desaparecem com produtos, empresas que insistem em manterem-se abertas, pessoas que espalham fake news para semear pânico ou tentar levar algum tipo de vantagem política. Infelizmente, é sobre essa balança que as lideranças têm que tomar suas decisões. 

Em meus atendimentos como coach de líderes, realizo logo no início do processo uma “Sessão de Valores”. Através de uma dinâmica que desenvolvi, a pessoa define seus valores principais, aqueles que regem todas as suas decisões. Normalmente, chegamos a 5 valores, os quais colocamos em ordem de importância. Como já devem imaginar, para cada pessoa existe uma ordem bem particular. 

Esta é a razão pela qual temos tantas divergências de opinião e tanta dificuldade de consenso. Porque os valores que cada um de nós possui são como uma lente de contato, através do qual vemos o mundo. Ao passar por situação críticas como esta, essa lente direciona suas decisões. Algumas pela vida, outras pela família. Algumas talvez, pelo poder. Mais outras, pelo medo. 

Não dá para conduzir uma crise como esta com base em ordens autoritárias e conflitos. É preciso entender que cada opinião e cada ação pessoal é uma revelação dos valores de cada pessoa.  Não há julgamento, pois não temos como saber as experiências pelas quais cada um passou na vida.

Então, trata-se de agir com solidariedade, educação, empatia. Somente pelo diálogo e bom senso chegaremos a uma saída menos prejudicial para todos. 
 

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]