Campo Mourão: campanha alerta para prevenção e diagnóstico precoce de doenças renais crônicas
Com uma boa participação da população, o Dia Mundial do Rim, lembrado nesta quinta-feira (9), foi marcado por uma campanha de prevenção e diagnóstico precoce de doenças renais crônicas. A ação foi realizada pelo Instituto do Rim de Campo Mourão em parceria com o Centro Universitário Integrado, no calçadão da Avenida Capitão Índio Bandeira, em frente ao Edifício Antares.
Pelo menos três barracas foram montadas no local, onde a população passou por uma triagem de exames e testes rápidos, como testes de glicemia, aferição da pressão arterial, pesagem e orientações de prevenção. Pessoas que apresentam nível de risco para doença renal foram orientadas a buscarem atendimento médico especializado para acompanhamento da situação.
Junto da esposa, o servidor público aposentado Geraldo Barros Duarte, foi um dos que passaram pela triagem. Disse que a saúde está ‘redonda’. Ele aprovou o serviço, elogiando a iniciativa. “Estão de parabéns. Uma ação importante. De utilidade pública. Tinha que ter todo mês. Desta forma a população ficaria mais informada e se preveniria melhor”, falou. O aposentado disse que sempre se cuida e vai ao médico regularmente.
O produtor rural, Ricardo Accioly Calderari, 75, é paciente do Instituto do Rim. Ele também participou da ação. Faz diálise há quatro anos. Dia sim, dia não. Perdeu os dois rins após uma infecção. Para se ter ideia, dois rins normais pesam aproximadamente 300 gramas, mas os de Calderari já estavam com 8 quilos. “Tive que retirar os dois e hoje a filtragem do meu sangue é feita 100% por máquinas. Até brinco que sou o Robocop”, comentou, rindo.
O produtor disse que apesar de algumas restrições, leva uma vida normal. Inclusive no trabalho. Ele alerta que a doença renal é ‘muito silenciosa’, por isso exames preventivos são importantes. “O pessoal até chama o órgão de traiçoeiro porque quando percebe a doença já está avançada”, falou.
Calderari retirou os dois rins há dois anos e meio. Ele que vive esta experiência dia a dia deixa um alerta à população. “Tem que cuidar. Fazer exames preventivos, manter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas regularmente e sempre fazer exames de creatinina”, orientou.
A nutricionista do Instituto do Rim e professora do Centro Universitário Integrado, Pâmela Nasser, comentou que todos os anos a Sociedade Brasileira de Nefrologia comemora no dia 9 de março o Dia Mundial do Rim. A intenção, com a data, segundo ela, é a promoção de ações para conscientizar a população sobre a doença renal crônica. Um mal silencioso que impacta significativamente na qualidade de vida das pessoas, sobrecarregando também o Sistema Único de Saúde (SUS) já que doentes renais crônicos fazem o tratamento pelo resto da vida. Além de ser um tratamento oneroso gera cansaço ao paciente.
Pâmela afirmou que a ação em Campo Mourão teve como principal objetivo conscientizar a população para evitar a doença renal crônica. Este foi o primeiro evento ‘pós-pandemia’. A ação vem sendo desenvolvida na cidade desde 2015. “Todo aquele que apresentar predisposição à doença renal tem que fazer exames preventivos a pelo menos a cada seis meses, entre eles o de creatinina, cuidar da alimentação para manter o peso saudável e praticar exercícios físicos frequentemente”, orientou a nutricionista.
Sonho de ser médica
A campanha de prevenção teve a participação de acadêmicos dos cursos de Medicina e Nutrição do Centro Universitário Integrado. A estudante de medicina, Lorena Guillar Seixas, acadêmica do 3º ano, aproveitou a oportunidade para colocar em prática o que aprendeu na teoria em sala de aula. Ele disse que se sentiu realizada.
“É uma experiência muito válida. Este contato com a população é o que nos realiza, ainda mais se tratando de um assunto tão importante. Poder estar repassando estas informações e orientando os pacientes é muito gratificante”, falou.
Lorena que é de Barbosa Ferraz disse que medicina é um sonho de infância que está se tornando realidade para ela e à família. “É uma sensação que não tem como explicar ou expressar. É só sentir”, destacou.
Prevenção é o melhor remédio
A especialista em clínica médica e nefrologista Anneliese Ruch Salmeron, do Instituto do Rim, é enfática ao afirmar que o melhor remédio para evitar doenças crônicas renais é a prevenção. Isso vale desde hábitos saudáveis, incluindo alimentação e atividade física a acompanhamento médico, com exames rotineiros preventivos. Anneliese informou que este ano a campanha tem como foco a população mais vulnerável.
Segundo ela, a doença renal crônica se caracteriza pela lesão progressiva e irreversível que afeta as funções dos rins. Por ser uma doença silenciosa nos estágios iniciais, ou seja, sem sintomas, acontecem muitos diagnósticos tardios.
A médica alerta que é importante ficar atento a possíveis sintomas como a diminuição da produção de urina, presença de sangue, alterações na cor, cheiro e ardência ao urinar, cólica renal, febre, retenção de líquidos com inchaço nas pernas e pés, perda de apetite, entre outros.A nefrologista disse que é importante lembrar sobre os fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, vícios como tabaco, álcool, uso crônico de antiinflamatórios e analgésicos, doenças cardíacas, entre outros, que estão associados a doença renal crônica.
“Algumas pessoas procuram o serviço de saúde somente quando sentem dor. Este é um hábito muito perigoso. Nosso enfoque é a prevenção para não deixar que o rim evolua para falência terminal que é irreversível. Neste caso somente transplante ou alguma terapia para fazer a função do rim, como a hemodiálise, por exemplo”, alertou.
Anneliese informou que a doença renal crônica vem avançando a cada ano. “É uma curva ascendente. A cada ano mais pessoas necessitam fazer tratamento de terapia renal”, disse. Para se ter ideia, o Instituto do Rim de Campo Mourão atende 234 pacientes de toda Comcam que fazem hemodiálise e diálise peritoneal.












