Sociedade Civil organizada de Campo Mourão alerta que abertura de comércio vai contra recomendações

Dez entidades da Sociedade Civil Organizada de Campo Mourão emitiram nota púbica alertando que a abertura do comércio, autorizada pela prefeitura, na última sexta-feira (17), ‘vai contra todas as recomendações [da Saúde] para a cidade’. O grupo cobra ainda urgência da participação da Sociedade Civil Organizada nas deliberações e tomadas de decisões e pede a inclusão no Comitê Municipal de Acompanhamento do Coronavírus (Covid-19).

Assinaram o documento as seguintes entidades: Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Mourão (Sindecam); Sindicato dos Servidores Municipais de Campo Mourão (Sindiscam); Sindicato dos Docentes da Unespar – Andes-SN (Sindunespar); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Casa Terra Coletiva; Coletivo Feminista Mariana Coelho; Conselho Regional de Psicologia do Paraná – Comissão Setorial do Centro-Ocidental; Movimento Estudantil Marielle Franco (Unespar); Centro de Educação em Direitos Humanos (CEDH) local da Unespar – Campo Mourão; e Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

De acordo com o documento encaminhado à imprensa, entidades como Instituições de Ensino Superior (IES) públicas de Campo Mourão; Universidade Estadual do Paraná (Unespar); e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); que têm um corpo de profissionais capazes nas áreas da pesquisa, gestão pública e privada, economia, conhecimento humano e das práticas interdisciplinares e interinstitucionais; deveriam compor os Comitês, mas estão de fora.

 “Considerando a grave situação mundial, os decretos publicados e a necessidade do engajamento popular, por meio dessa nota, demandamos a inclusão de vagas nos comitês instituídos pelo decreto 8.468, Comitê Municipal de Acompanhamento do Coronavírus, e Comitê Municipal de Gestão da Crise, representando a Sociedade Civil Organizada, através do Comitê Popular da Crise do Coronavírus”, sustentam. 

Para embasar o documento, as entidades utilizaram informações repassadas pelo secretario Estadual da Saúde, Beto Preto, que visitou Campo Mourão na última semana, publicadas pelo Jornal Tribuna do Interior. Na ocasião, Beto Preto afirmou que Campo Mourão está tendo uma transmissão comunitária mais rápida de Coronavírus. A transmissão comunitária é caracterizada no momento em que não é mais possível identificar a origem da contaminação de uma pessoa na cidade.

“Estamos preocupados com o alto coeficiente de incidência de contaminação e com o número de mortes em Campo Mourão, ainda mais com o visível relaxamento das medidas de prevenção e proteção previstas nos decretos municipais, estaduais e federais”, dizem as entidades. 

Elas lembram ainda que a região da Comcam reúne 5% dos casos identificados de Covid-19 do Paraná. “Beto Preto nos alertou ainda sobre a preocupação com a chegada do frio, com a proximidade ao estado de São Paulo (epicentro da crise no Brasil) e com a característica municipal de circulação de pessoas e mercadorias devido às atividades de indústrias, como a Coamo. O secretário também citou o caso da contaminação de 10 pessoas em um frigorífico de Paranavaí a partir de uma única funcionária com sintomas, e que levou um trabalhador a óbito”, argumentam, ao sustentar que é necessário o envolvimento da sociedade civil na gestão da crise pandêmica do Covid-19 no município de Campo Mourão, ‘sendo assim urgente ampliar essa participação’. 

“Nós, da sociedade civil organizada, requeremos com propriedade a participação nos mecanismos de tomada de decisão, fiscalização e atuação nesse momento complexo, respondendo a um chamado inevitável da organização social – contra o avanço da pandemia, contra a injustiça social e contra os abusos do poder econômico”, cobram as entidades, ao justificarem entender que sem a participação da sociedade organizada, as determinações de enfrentamento podem não funcionar de maneira adequada, ‘visto que a classe trabalhadora é a mais afetada pela crise e não tem representação nos comitês de Acompanhamento do Coronavírus e de Gestão da Crise’.