Em 40 anos, Itaipu triplica a diversidade vegetal da faixa de proteção do reservatório
Em quatro décadas de restauração ambiental, a faixa de proteção do reservatório da Itaipu Binacional evoluiu de um cinturão isolado de plantios para uma floresta rica, em processo de consolidação e integrada a outras áreas. É o que revela o mais completo inventário florestal já conduzido por uma usina hidrelétrica no Brasil.
O resultado preliminar da pesquisa feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e apresentado nesta quinta-feira (18) durante seminário em Foz do Iguaçu (PR) identificou 397 espécies diferentes de árvores e arbustos — quase três vezes mais que as 139 espécies plantadas originalmente, quando da formação do Lago de Itaipu.
No total, mais de 55 mil registros de plantas foram contabilizados nas 400 parcelas de amostragem instaladas ao longo da faixa de proteção, entre Foz do Iguaçu e Guaíra. O levantamento revela que os plantios feitos nos últimos 40 anos estão evoluindo para se constituir em uma floresta diversa e ecologicamente relevante.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, destacou: “O investimento em ações como essas, além de tantas outras que protegem nosso lago, ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e garantem a disponibilidade de nossa matéria-prima, a água, para que continuemos gerando energia por mais de 190 anos adiante.”
Entre os destaques estão espécies como angico-vermelho, ipês, peroba, jequitibá e diversas frutíferas nativas. Outro ponto importante é a contribuição da fauna, responsável pela dispersão de sementes, reforçando a regeneração natural.

Com mais de 1,3 mil quilômetros de extensão e 30 mil hectares, a faixa de proteção funciona como um corredor de biodiversidade que conecta áreas como o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional de Ilha Grande. “A vegetação plantada ao longo de décadas está se consolidando como um ecossistema funcional e resiliente, com papel relevante na conservação da fauna, da flora da Mata Atlântica e na proteção hídrica do reservatório”, explicou Luis Cesar Rodrigues da Silva, técnico da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu.
A pesquisa é coordenada pela Embrapa Florestas, com duração prevista de cinco anos, e servirá de base para decisões de gestão e conservação em longo prazo. Para a pesquisadora Maria Augusta Doetzer Rosot, “esta primeira etapa do inventário mostra a evolução e o ganho em diversidade. É uma floresta ainda em estado de restauração, mas já podemos observar ganhos ambientais e a efetividade da faixa de proteção do reservatório”.
O estudo também servirá de referência para outras usinas e projetos de restauração, fortalecendo iniciativas como o programa Mais que Energia, que incentiva viveiros florestais e conservação da fauna.

