Irrigação inteligente pode aumentar em 30% a produtividade agrícola e proteger safras contra estiagens

Dados da Embrapa, de outubro de 2024, indicam que o Brasil aumentou a quantidade de áreas de lavoura irrigadas nos últimos anos. Enquanto em 2022, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) apontou que havia 1,92 milhão de hectares irrigados por pivôs centrais, em 2024 esse número passou para 2,2 milhões de hectares, um aumento de 14,58%. Apesar disso, o Brasil possui apenas 2,6% do total de áreas irrigadas em relação ao percentual global.

Mas especialistas da Lindsay, empresa americana líder mundial em tecnologia para irrigação no agronegócio e que está presente no Brasil desde 2002, explicam que o Brasil possui um grande potencial para o agronegócio e avaliam que há grande potencial para o avanço da irrigação.

Existem muitos fatores para que a irrigação possa crescer ainda mais no país, mas um dos mais importantes tem sido as mudanças climáticas e as alterações especialmente dos níveis de chuvas pelo país. “Produtores em muitos locais do país têm sofrido com a falta de regularidade e a má distribuição de chuvas, com longos períodos de estiagem, especialmente por conta das mudanças climáticas. Com isso, a irrigação se apresenta como uma oportunidade para evitar perdas de safra e até mesmo ampliar a produtividade. Ela funciona praticamente como uma espécie de seguro para o produtor rural quando a chuva não vem”, destaca Juan Latorre, gerente comercial sul da Lindsay.

No Paraná, essa também tem sido uma realidade presente para os produtores rurais. Apenas para a safra de 2023-2024, o estado registrou perdas em suas safras de mais de R$10 bilhões, com prejuízos, em especial, para o cultivo de soja, milho e trigo. “O Paraná é uma das referências do agronegócio no Brasil, mas os números de irrigação ainda são baixos, com apenas 3% das áreas utilizadas (170 mil hectares) para lavouras sendo irrigadas”, explica.

Para além de evitar perdas, segundo ele, projetos de irrigação bem desenvolvidos podem aumentar a produtividade da terra, ultrapassando uma média de 30% e permitem que os produtores possam realizar de duas a três safras ao ano. Para além disso, a prática colabora para diminuir a abertura de novas áreas e para promover um melhor uso dos recursos hídricos. A irrigação é feita não apenas para culturas de grãos, mas também para culturas como as de cana, café, citrus e hortifrutis, entre outros.

Tecnologia eficiente e a sustentabilidade

A utilização dos chamados pivôs centrais se torna estratégica para que a agricultura se torne mais sustentável, já que muitos desses equipamentos possuem tecnologias especializadas para a utilização inteligente da água e para evitar o desperdício. A Lindsay lançou há alguns anos as tecnologias FieldNet e FieldNet Advisor, que oferecem todas as funcionalidades e informações em uma só plataforma. De forma remota, é possível ligar e desligar o sistema, controlar a quantidade de água para cada ângulo do pivô e criar planos ou automações para o funcionamento do equipamento.

“Além disso, é possível integrar ao equipamento os dados da estação meteorológica e sonda de umidade, por exemplo, que oferecem ainda mais informações relevantes para a irrigação. A junção das duas tecnologias proporciona orientação e informações completas para que o produtor tome as melhores decisões”, afirma Rodrigo Bernardi, especialista de tecnologia da Lindsay, que também reforça a importância da tecnologia para a sustentabilidade.

“Quando falamos de irrigação é preciso lembrar que é preciso sempre colocar a quantidade de água correta para a planta ter um bom desenvolvimento e atingir boas produtividades, já que tanto o momento quanto o excesso ou falta de água são prejudiciais para a lavoura. Com a automatização, o produtor tem as informações traduzidas para tomar as ações corretas e pode evitar falhas. Isso traz economia de água e de energia, tornando o cultivo mais sustentável e trazendo uma redução de custos para o produtor, já que ele pode produzir mais com menos recursos”, destaca o especialista.

Os especialistas da Lindsay destacam que a venda de um projeto de irrigação pela empresa funciona de maneira diferente a uma máquina ou implemento, uma vez que é preciso considerar diversos aspectos e é preciso customizar um projeto para cada cliente.

“Eles levam em consideração o tipo de cultura, topografia, solo, condições climáticas, disponibilidade de energia e outorgas para o uso de água, questões de infraestrutura, tempo de maturação do projeto, capital investido, acesso ao crédito, entre muitos outros fatores. Por isso, existe um trabalho de aproximação e de conscientização dos produtores sobre a importância desse investimento. Buscamos mostrar a eles que um bom projeto, com a ajuda de especialistas qualificados, pode trazer grandes benefícios para o produtor”, afirma Cristiano Trevizam, diretor comercial da Lindsay.

Segundo ele, os investimentos feitos em um projeto de irrigação podem ser recuperados, em média, em três anos, segundo cálculos realizados pela própria empresa a partir da experiência com produtores rurais. O executivo ainda explica que a utilização da irrigação ainda traz uma valorização ao próprio preço da terra para o produtor, sendo mais produtivo investir em irrigação do que comprar novas terras.

Cristiano ainda ressalta a importância para o desenvolvimento da economia local. “Com uma produção rural mais eficiente, a irrigação contribui para o desenvolvimento econômico e social de diversas regiões, gerando trabalho e renda para populações locais em áreas distantes dos grandes centros”, ressalta ele.