Amanda e a vida dedicada à causa animal em Campo Mourão

A rotina da vida da Amanda Tonet é bem diferente da maioria das pessoas. Solteira, ela mora em uma residência em Campo Mourão, onde é a única da raça humana. Os outros 43 moradores da casa são cães (a maioria vira-latas) e alguns gatos. “Minha casa se tornou lar temporário para alguns e definitivo para vários outros”, relata Amanda, que está à frente da Associação de Proteção aos Animais Independentes (PAIS).

Ela conta que tinha 8 cachorros, mas a paixão pelos animais e compadecida pela situação de abandono dos bichinhos, fez com que outros fossem chegando e ficando. São cães idosos e de médio porte. “Os vira-latas de médio porte são os que as pessoas mais abandonam. Consideram grande para ficar dentro de casa e pequeno para cuidar do quintal”, observa Amanda, que trabalha na assessoria parlamentar da vereadora Elvira Schen, também defensora da causa animal.

Cuidar sozinha de tantos animais exige que as atividades diárias da Amanda comecem antes das 6 horas. “Levanto muito cedo para lavar a sujeira que eles fazem na área da casa durante a noite e alimentar todos eles”, conta.  Os latidos e o odor também geram reclamação dos vizinhos, além de afastar visitas. “Meus amigos, às vezes, querem me visitar, mas é difícil conversar aqui”, brinca Amanda.

Apesar de estar de férias do trabalho, Amanda não tem como viajar. “Acho que faz uns oito anos que não viajo. Não saio de casa no ano novo para cuidar deles que se assustam com os fogos”, revela. O engajamento na causa é tanto que as postagens dela na rede social são todas sobre animais. Desde pedidos de adoção, orientações, denúncias e enfrentamento aos maus tratos. 

Associação

Ao analisar o trabalho da associação neste ano, Amanda afirma que a situação gerada pela pandemia não trouxe apenas desvantagens. “Graças a Deus recebemos muita ajuda este ano. Embora muitos tenham usado a pandemia como desculpa para o abandono, outros cuidaram melhor dos seus bichos ao ficarem mais em casa. Teve também mais adoções, que compensaram os abandonos”, avaliou.

A PAIS, porém, continua com dívidas na praça, que ela calcula estar na casa dos R$ 40 mil. “A dívida cresceu por conta de internamentos, medicação e isso acabou saindo um pouco do nosso planejamento”, afirma, ao acrescentar que a arrecadação média não passa de R$ 3 mil por mês. “As doações em dinheiro são poucas, mas fazemos rifas e outras promoções para arrecadar”, explica.

A Associação é responsável também pelo Canil Municipal e pelo programa de castração. “Essa parceria com o município deu muito certo. Antigamente os animais do canil eram praticamente condenados a morrerem lá, pois não recebiam os devidos cuidados. Conseguimos adoções de animais adultos que estavam há anos lá e o programa de castração também ajudou muito”, acrescenta Amanda.

Ela lembra que o trabalho da Associação é voltado ao atendimento de animais doentes ou acidentados nas ruas. “Muitas pessoas acham que quando não querem mais um animal é nossa obrigação ir lá buscar. E ainda ficam bravas. A gente ajuda doar se for preciso, cria grupos, mas o responsável pelo animal é o dono. Nem temos onde colocar mais”, explica Amanda, ao lembrar que atualmente cerca de 400 animais estão sob os cuidados da PAIS em três abrigos.