Baixa vacinação contra pólio preocupa clubes de Rotary e médico fala sobre perigo da doença

A baixa adesão a vacinação contra poliomielite na Comcam, noticiada pela TRIBUNA nesta semana, gerou repercussão na região, principalmente nos clubes de Rotary que desde o início da década de encamparam a bandeira de erradicar a doença do mundo. O público alvo são crianças na faixa etária entre 12 meses a menores de 5 anos. Com a campanha já passando da metade, nem 40% das crianças esperadas para a imunização tomaram a vacina. 

O governador eleito do Distrito 4630 do Rotary (gestão 2021/22), Wilson Pereira de Godoy, vê os números com preocupação. Ele se diz decepcionado já que o sucesso da campanha depende exclusivamente de os pais levarem seus filhos para tomarem a vacina. “Isso é uma questão de cultura dos pais. Só temos a lamentar e pedir encarecidamente para que levem seus filhos para vacinar”, conclamou.

Ele lembrou que o Rotary encampa a bandeira contra a pólio há quase 40 anos. “Como não podemos obrigar os pais a levarem os filhos para vacinar resta conscientizá-los da importância que é a vacina. Esta situação nos deixa bastante apreensivo. O vírus está controlado no Brasil, só falta erradicação o Paquistão e Afeganistão, mas a luta ainda continua. Não pode parar, enquanto existir focos da doença no mundo, não podemos baixar a guarda. E nós rotarianos temos que estar sempre conscientizando a população disso”, falou. 

Ele teme a volta do vírus ao Brasil com a baixa procura pela vacinação. “Se deixar de vacinar há grande risco de o vírus voltar. Não podemos jamais permitir que esta doença volte a invadir nosso país causando a morte de nossas crianças ou em muitos casos deixando elas aleijadas”, teme. 

Sequelas permanentes e morte

O médico pediatra de Campo Mourão, Danilo Nakashima, alertou para os riscos da doença. Além de causar sequelas permanentes em alguns casos, o vírus pode levar o paciente à morte. Ele explicou que a poliomielite é uma doença causada pelo vírus poliovírus e acomete com maior frequência crianças, mas também pode atingir adultos. “A transmissão ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados ou em contato com secreções como gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar”, falou. 

Nakashima disse que maioria dos infectados apresenta poucos sintomas (forma subclínica) que são parecidos com os de outras doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias como gripe – febre e dor de garganta – ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito, constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, raramente, diarréia. 

O médico alerta que cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. “Além de bons cuidados com higiene e saneamento básico, a melhor forma de prevenção é através da vacina contra a poliomielite, que é feita com dois, quatro, seis e com reforço aos 15 meses, e outro entre 4 e 6 anos de idade. Mesmo durante a durante a pandemia pelo coronavírus é indicado que as crianças mantenham a vacina em dia”, ressaltou o pediatra.