Corpo de Bombeiros alerta para risco de incêndios neste período mais seco
A baixa umidade do ar, o clima mais seco nesse período do ano e a grande parte da vegetação seca em decorrência das geadas ocorridas nesse inverno são fatores que aumentam significativamente o risco de incêndios, principalmente à vegetação. Por ser, tradicionalmente, a época menos chuvosa do ano, é comum ocorrerem focos de incêndios florestais, conforme o comandante do Corpo de Bombeiros de Campo Mourão, capitão Lenin Mello Mazzini, que pede atenção redobrada e cautela da população na prevenção dessas ocorrências.
Em 2024, a região sofreu bastante com episódios de queimadas e a consequente destruição da vegetação nativa, impacto direto na fauna local e na qualidade do ar. “Estamos em um período de seca com baixa umidade do ar e ainda dias ventosos, que aumentam ainda mais os riscos”, observou o capitão.
Para se ter ideia, nas últimas semanas, conforme Mazzini, as equipes de guarnições dos Bombeiros têm atendido uma média de três a quatro ocorrências de incêndios à vegetação quase que diariamente. Do início do ano até agora, já foram 131 ocorrências dessa natureza. “Um incêndio ambiental não ocorre sozinho. Alguém ateou fogo”, advertiu o capitão, ao se referir que esta prática é crime e pode levar o responsável à prisão.
A boa notícia, informou Mazzini, é que, em relação ao ano passado, houve uma redução de mais de 50% no número de queimadas. Em 2024, de janeiro a agosto, foram 316 ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. “Um número bastante significativo”, observou, ao explicar que as chuvas deste ano em períodos intercalados contribuíram para a diminuição. “Em 2024 ficamos dois meses seguidos sem chuva”, embasou. Outro fator que pode estar contribuindo para a queda de incêndios é que muitas das áreas queimadas no ano passado ainda estão com a vegetação baixa, ou seja, sem “carga” de incêndio.
Apesar da redução de queimadas, o capitão Mazzini alertou que os cuidados por parte da população devem ser redobrados. “Todo cuidado é pouco”, frisou. Uma das dicas é evitar a limpeza de terrenos utilizando fogo. Além de ser crime, a prática pode terminar em um incêndio de grandes proporções, principalmente por conta dos fortes ventos que estão sendo registrados.
O capitão alerta ainda que, em hipótese alguma, o morador deve tentar combater um incêndio de maior intensidade, o que colocará sua vida em risco. “Em situações como esta, a pessoa pode ser ‘cercada’ pelo fogo e sofrer ferimentos graves, inclusive com risco de morte. Neste caso, a melhor coisa a se fazer é acionar o Corpo de Bombeiros no 193”, disse.
No campo
Esse período exige atenção redobrada contra incêndios também no campo. Em 2024, grandes áreas de lavouras, inclusive ainda não colhidas, foram destruídas pelo fogo em Campo Mourão e região. Como a tendência é que o mês de setembro continue com clima seco e redução nos índices de chuva, é considerado um período crítico para a ocorrência de incêndios no meio rural.
Até o mês de agosto, foram registrados no Paraná 5.244 focos de incêndios florestais. Em 2024, os incidentes atingiram o recorde histórico de 13.720 ocorrências. A estiagem severa do ano passado levou o governo estadual a decretar emergência no Paraná, atendendo à solicitação do Sistema FAEP devido aos prejuízos expressivos em diversos municípios.
Capitão Mazzini ressaltou que esse é um dos períodos mais desafiadores para o produtor rural em relação à suscetibilidade a incêndios, devido à combinação de tempo seco, ventos e baixa umidade, que criam as condições ideais para a propagação do fogo. “Os produtores rurais também devem redobrar os cuidados e estar preparados para agir de forma preventiva”, alertou.
Uma das medidas mais eficazes contra incêndios às lavouras, orientou Mazzini, são os aceiros às margens das lavouras de milho ou de trigo já colhidas, ou até mesmo àquelas que estão prontas para colheita. Essa técnica é essencial para reduzir riscos e evitar perdas. Os aceiros são faixas de terreno em que toda a vegetação é removida para criar uma barreira que impede ou retarda a propagação de incêndios florestais, atuando como uma zona livre de combustível. A faixa é criada com o uso de grades ou subsoladores. “Essa medida é essencial para a proteção de propriedades rurais, plantios, unidades de conservação e áreas de mata”, ressaltou o militar.
Prevenção
Como forma de prevenção, Mazzini recomendou que a população evite qualquer uso de fogo, principalmente em dias de vento forte. Quanto mais tempo sem chuva, maior é a chance de o fogo se espalhar. Em caso de focos de incêndio avistados, recomenda-se a comunicação imediata com o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. Denúncias de queimadas irregulares podem ser feitas de forma anônima por meio do telefone 181 ou pelo aplicativo 190 PR.
Dicas para prevenir incêndios
Não solte balões – mesmo os “inofensivos” balões causam grandes incêndios. Eles caem acesos e podem atingir áreas de vegetação seca.
Evite fogueiras em matas ou áreas secas; são extremamente perigosas. Uma simples faísca pode se espalhar rapidamente com o vento.
Não jogue bituca e lixo nas estradas – garrafas de plástico, bitucas de cigarro e outros resíduos podem iniciar focos de incêndio. Além de poluir, o lixo acaba por virar combustível para o fogo.
Reporte focos de incêndio. Ao avistar fumaça ou fogo, avise imediatamente os Bombeiros (193).
Crie aceiros em áreas rurais. Eles funcionam como barreiras naturais contra o avanço do fogo.


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