Elmo Linhares, destaque na vida política e social de Campo Mourão, morre aos 81 anos

Morreu na noite deste sábado (9), aos 81 anos, José Elmo Álvares Linhares, advogado, ex-vice-prefeito de Campo Mourão e personagem de destaque na vida política, social e comunitária da cidade. Ao longo da trajetória pública, ocupou cargos como secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, coordenador-geral da prefeitura e presidente da Santa Casa de Campo Mourão.

O velório está ocorrendo neste domingo (10), no Prever de Campo Mourão. A cerimônia de despedida e o sepultamento serão realizados nesta segunda-feira (11), às 9 horas, no Cemitério Parque Angelus, em Campo Mourão.

O prefeito Douglas Fabrício lamentou a perda e decretou luto oficial de três dias. “Recebemos com tristeza a notícia do falecimento do ex-vice-prefeito de Campo Mourão, Elmo Linhares. Um homem que deixou sua marca de trabalho e dedicação à nossa cidade. Nesse momento de dor, me solidarizo com seus familiares e amigos, pedindo a Deus que conforte o coração de todos”, afirmou.

Origem e trajetória

Natural de Nonoai, Rio Grande do Sul, onde nasceu em 24 de abril de 1944, Linhares formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Era casado desde 1972 com Márcia Queiroz Linhares, filha do ex-deputado estadual Armando Queiroz, com quem teve três filhos: Marcel, Alexandre e José Elmo.

Linhares durante a assinatura da lei que criou a Festa do Carneiro no Buraco

Na gestão do prefeito Augustinho Vecchi (1989-1992), exerceu o cargo de vice-prefeito e também foi secretário de Indústria e Comércio, sendo um dos responsáveis por trazer grandes redes supermercadistas para a cidade. Coordenou o processo de criação da Festa Nacional do Carneiro no Buraco em 1991 e chegou a ocupar interinamente o cargo de prefeito em duas ocasiões. Foi candidato à prefeitura em 1992, mas não se elegeu.

Em 2017, recebeu o título de Cidadão Honorário de Campo Mourão e, na ocasião, concedeu entrevista à TRIBUNA, relembrando passagens de sua vida. Ele contou que chegou ao município por influência da família da esposa e se encantou pela cidade. “O meu sogro me convidou para conhecer Campo Mourão. Eu vim com ele e gostei do que vi. Depois disso vim com a Márcia em definitivo, pra nunca mais sair”, afirmou na ocasião.

Advogado atuante desde 1972, também foi professor voluntário na Fecilcam, ministrando aulas de “Teoria Geral do Estado” em tempos de dificuldades financeiras da instituição. “Dava aulas para realmente ajudar. O que recebia não pagava nem a gasolina que eu gastava para ir até a faculdade. Era para contribuir mesmo”, falou.

Durante o período como vice-prefeito, idealizou e executou melhorias como o calçadão do centro da cidade. Na época, ele contou que considerava o centro pouco atrativo e, com a autorização do prefeito Augustinho, promoveu melhorias no local. Também celebrou a vinda de grandes redes de supermercados, que transformaram o comércio local.

Primeira apresentação teatral em Campo Mourão, com Sônia Cardoso, dentro da própria casa do ex-vice-prefeito e presença do então governador do estado, Roberto Requião, em 1991

Linhares também teve papel de destaque na cultura do município, pois o teatro de Campo Mourão nasceu dentro da casa dele. “O Requião, quando era governador, no primeiro mandato, em 1991, assistiu uma apresentação na casa dele e ficou entusiasmado com a qualidade da cultura mourãoense”, informou o historiador Jair Elias, coordenador do Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira, ao complementar que, a partir desse momento, o então governador disse que Campo Mourão merecia ter um teatro. Alguns anos mais tarde, em 13 de fevereiro de 1995, o Teatro Municipal de Campo Mourão foi oficialmente inaugurado.

Na área da saúde, encarou o que definiu como seu maior desafio: presidir voluntariamente a Santa Casa de Campo Mourão. Foram quase quatro anos à frente da instituição, de 2010 a 2012, enfrentando dificuldades financeiras e desgastes pessoais. “A minha aflição chegou a me deixar doente. Afinal, nós lidamos ali com a vida das pessoas. Tínhamos que ter remédios, médicos, tudo. E quando o dinheiro não chegava do governo era um desespero”, relembrou ele durante a entrevista.

Ao resumir sua trajetória, Linhares afirmou: “Procurei fazer por minha cidade o que desejava para minha própria família”. Defendia a importância do engajamento social: “Cada um tem que dar uma parte ao social, ao voluntariado”.

Última aparição pública de Linhares, em 20 de julho deste ano, quando visitou o Museu do Carneiro no Buraco

Segundo o Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira, em nota de pesar publicada nas redes sociais, a última aparição pública de Linhares ocorreu em 20 de julho deste ano, quando visitou o Museu do Carneiro no Buraco, parte da programação da 30ª edição da festa que ele ajudou a idealizar.