‘Gramadões’ serão tema de audiência pública em Campo Mourão

A pandemia de coronavírus (Covid-19), a onda de crimes, consumo de bebidas e drogas, som alto, manobras de risco com automóveis, brigas, entre outros tantos excessos, levou o vereador Márcio Berbet, a protocolar na Câmara de Campo Mourão, um requerimento – em regime de urgência –  solicitando a realização de uma audiência pública para debater com autoridades e outros setores da sociedade, alternativas e ou soluções para os ‘gramadões’, em Campo Mourão.

O documento foi aprovado nesta semana. A audiência será realizada no dia 5 de junho, às 19h30. Nos últimos anos, cerca de 10 pessoas foram assassinadas nos “gramadões’, um próximo a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e outro, às margens do contorno rodoviário de Campo Mourão, na saída para Luiziana.

Os dois locais têm sido utilizados nos finais de semana, principalmente nas madrugadas, para o consumo de bebidas e drogas, som alto, manobras de risco com automóveis, brigas entre outros tantos excessos. No ‘gramadão’ da saída para Luiziana, a fiação dos postes já foi alvo de ladrões.

“No final de semana o local mais parece o ‘inferno’, é uma aberração, com muita droga, bebida, armas, sexo, gemidão, som alto, discussões e rachas. É um perigo passar perto”, comentou um morador, que reside próximo a (UTFPR), e preferiu o anonimato. Segundo ele, por várias vezes, ouviu gritos de mulheres e gritos de socorro durante a madrugada.

“Geralmente quando os gritos são por socorro, no outro dia, temos notícias de mais um crime no ‘gramadão’. Essa baderna tem de terminar, as autoridades têm de eliminar a concentração nesses locais”, disse o morador, que sugeriu esparramar estrume ou ‘cama de frango’, nos dois locais. “Quero ver quem vai ficar fazendo algazarra de madrugada, sentindo esses cheiros agradáveis”, ironizou o morador. Cama de frango é um adubo orgânico que pode ser utilizado para a preparação do solo nos sistemas de integração lavoura-pecuária. 

De acordo com o autor do requerimento, o ‘Gramadão’ se tornou um problema de ordem social, de segurança e saúde pública. “O requerimento se dá em razão do atual caos que assola o país na área da saúde, levando o aumento de óbitos em virtude da pandemia da Covid-19, inclusive, com a falta de respiradores, leitos nos hospitais e em especial, as UTl’s”.

Berbet lembrou ainda, que esses fatos forçaram o poder Executivo a decretar estado de calamidade pública, bem como, interromper algumas atividades e serviços no município, inibindo festa e aglomerações. “No entanto, o descumprimento dos decretos tem sido corriqueiro, circulando vídeos e fotos no “Gramadão”.

“Esperamos futuras medidas restritivas para inibir o aumento de mortes. Ainda, os moradores da região reclamam de som alto, afrontando assim a perturbação do sossego dos mourãoenses. Para inibir a proliferação do vírus do Covid-19, como a manutenção do sossego dos cidadãos, faz-se necessário requerer a audiência pública, para ouvir as autoridades competentes e levar uma resposta à população”, comentou Berbet.

Serão convidados para participar da audiência o prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli, o secretário municipal de Saúde, Sergio Henrique dos Santos, a presidente do Conselho de Saúde, Lenilda Assis, presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Major Milton José dos Santos, comandante do 11º Batalhão da PM, Major Cleverson Vidal Veiga, comandante da Polícia Rodoviária Federal, Luis Roberto Karpinski e clubes de serviços de Campo Mourão.

Última morte

O último assassinato em Campo Mourão, aconteceu justamente no “gramadão” na saída para Luiziana, na madrugada do último dia 11. O jovem Luiz Paulo Nunes, de 28 anos, foi morto a golpes de faca. O local fica às margens do anel viário, na rodovia PR-487. A vítima chegou a ser socorrida por terceiros, mas morreu antes de chegar no hospital. O autor do crime foi preso. A motivação foi passional.