Ordem de Santiago empossa cavaleiros e damas em Campo Mourão

Prefeitos de Campo Mourão e região, o governador em exercício do Paraná, Darci Piana, além de mulheres destaques da sociedade, foram empossados nessa quarta-feira (24) como cavaleiros e damas da Ordem de Santiago. A cerimônia foi realizada em Campo Mourão. O título é concedido pela entidade criada no século XII, hoje responsável por promover o Caminho de Santiago de Compostela, um dos mais tradicionais roteiros de peregrinação religiosa da Europa.

O evento marcou também a consolidação do primeiro Caminho Iniciático de Santiago fora da Europa, implantado no Paraná. A rota, com 104 quilômetros de extensão, passa por Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Barbosa Ferraz e Fênix. Quem completar o percurso a pé ou fizer ida e volta de bicicleta recebe um passaporte que reduz a jornada até Santiago de Compostela, na Espanha.

Além de Darci Piana, também se tornaram membros da Ordem os prefeitos de Campo Mourão, Douglas Fabrício, de Fênix, Junior Molina, e de Corumbataí do Sul, Alexandre Donato, os empresários Geraldo Sebastião dos Santos, Antônio de Jesus Rorato, Karina Pedrollo Alvadori, Tiago Rorato, a religiosa Mirabilis Deus, o coordenador nacional do Chile na Rede Mundial de Destinos de Turismo Religioso, Juan Gabriel Jorquera, o vigário da Catedral São José de Campo Mourão, Wesley Almeida dos Santos, a arquiteta Maria Belmira Momo Angeli, os produtores agrícolas Rodrigo Salvadori e Antonio Gancedo e o ex-presidente da Sanepar Mounir Chawoiche. O secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Márcio Nunes, também foi homenageado pelo apoio dado ao projeto quando esteve à frente da Secretaria do Turismo.

“É uma emoção receber essa honraria, que aumenta a nossa responsabilidade com esse projeto de turismo religioso, na área da fé, para incentivar, motivar e apoiar as pessoas que percorrem esse caminho”, afirmou o prefeito de Campo Mourão, Douglas Fabrício. “É também a oportunidade de divulgar nosso município e nossa região para o Paraná, o Brasil e o mundo. O projeto pegou para valer, graças à grande força da Igreja Católica, mobilização de lideranças, apoio do governo e parceria dos municípios”, complementou.

O Governo do Estado é parceiro do projeto e foi responsável pela sinalização do trajeto. “Recebo essa homenagem com muita honra, por ter ajudado nosso Estado a ter essa rota, que esperamos que no futuro seja tão grande como a da Espanha”, destacou Piana.

Entre os cavalheiros empossados está o governador em exercício do Paraná, Darci Piana – Foto: Igor Jacinto/Vice-Governadoria

A rota foi chancelada pela instituição espanhola responsável pelo Caminho de Santiago. Atualmente, o percurso europeu, criado no século XI, deve receber cerca de 500 mil peregrinos apenas em 2025. Segundo o chanceler da Ordem, dom Alejandro Rubín Carballo, o objetivo é tornar o Caminho Iniciático do Paraná uma rota permanente. “O peregrino que fizer esse percurso vai precisar pernoitar, consumir alimentos e utilizar hospedagens, gerando desenvolvimento para as comunidades locais”, explicou.

Carballo disse que a proposta de trazer para a América a tradicional rota espanhola ajuda na divulgação do Caminho de Santiago, além de desenvolver os territórios por onde ela passa. “Pretendemos fazer uma rota de peregrinação permanente, nos 365 dias do ano, para ajudar a desenvolver os lugares por onde ela passa”, afirmou.

“A cidade de Compostela recebe de 2,5 mil a 3 mil pessoas por dia, e, depois da pandemia, mais peregrinos passaram a fazer esse caminho, principalmente famílias. Porque perceberam que a fé e o contato com a natureza são importantes, e tudo isso está presente no Caminho Iniciático de Santiago aqui no Paraná”, ressaltou Alejandro.

O trajeto ajuda a promover o turismo religioso do Paraná, contribuindo com a geração de empregos e renda nas comunidades envolvidas. A rota passa por igrejas, capelas, santuários, catedrais, cachoeiras e por muitas propriedades da agricultura familiar, ajudando na renda da população local por meio da venda de produtos. A rota termina na cidade de Fênix, que conta com ruínas de uma redução jesuítica espanhola, instalada no Paraná no século XVI.

O capelão da Ordem do Caminho de Santiago no Brasil, padre Gaspar Gonçalves da Silva, responsável pelo projeto na Diocese de Campo Mourão, comentou que o projeto tem como raiz as caminhadas da Rota da Fé, que existem desde 2006 em Campo Mourão. “Então, em cooperação com a Associação Internacional de Cooperação e Desenvolvimento do Turismo no Mundo, criada junto à Ordem de Santiago, que queria promover os caminhos iniciáticos pelo mundo, trouxemos o primeiro deles para cá”, explicou.

História

A Ordem de Santiago foi fundada em 1170 pelo rei espanhol Fernando II de León para defender a cidade de Cáceres contra invasores, além de ser responsável por manter albergues e hospitais para peregrinos e ajudá-los no trajeto até o túmulo do Apóstolo Santiago.

“Na Idade Média, as pessoas viajavam até Santiago de Compostela para visitar a tumba do apóstolo, e muitas vezes tinham dificuldades nesse trajeto. Os cavaleiros eram responsáveis por prestar apoio a eles durante a peregrinação. Isso não é mais necessário, mas mantemos essa tradição até hoje a quem contribui com a promoção do Caminho de Santiago e fomenta a devoção ao apóstolo”, explicou Alejandro.

Extinta no século XIX, a Ordem de Santiago foi reinstaurada como uma associação civil durante o reinado de Juan Carlos I, que comandou a Espanha entre 1975 e 2014. Seu principal objetivo é unir e promover o Caminho de Santiago e todos os povos e comunidades que o compõem.

Atualmente, mais de 1,6 mil Cavaleiros e Damas do Caminho de Santiago são membros dessa Ordem. Têm direito ao título homens e mulheres maiores de 18 anos que, por suas qualidades humanas, prestígio e defesa dos valores do Apóstolo Santiago, contribuam para manter viva a tradição da Ordem, que, em essência, são os valores dos cavaleiros medievais, mas adaptados aos tempos atuais.