A Selic caiu novamente e agora?

Em 29 de outubro aconteceu a reunião do Copom (Comitê de Políticas Monetárias) que definiu o valor da Taxa Selic até a próxima reunião que acontecerá daqui 40 dias. Com a queda da taxa Selic, devo me preocupar com o retorno dos meus investimentos atrelados a ela?

A Selic é a taxa de juros mais baixa do Brasil, serve como piso para outras taxas cobradas no mercado. É parâmetro para o CDI que é uma taxa cobrada em empréstimos entre os Bancos, e é usada como índice em alguns produtos de investimento, como por exemplo, Títulos Públicos e a Caderneta de Poupança.

O Governo incentiva a economia, quando está com a inflação baixa, diminuindo a Taxa Selic para motivar as pessoas e empresas a tomarem dinheiro emprestado pagando menos juros.

Quando a inflação começa a subir, o Governo começa a aumentar a Selic para desestimular a tomada de empréstimos, incentivando a poupança por parte da população e empresas, por causa do retorno dos investimentos estarem mais atrativos.

Por causa da recessão da economia, inflação baixa, alto desemprego e entre outros fatores, a cada reunião do Copom a Taxa Selic bate um novo recorde de baixa. Na reunião anterior a Selic estava em 5,5%.

No encontro que começou terça-feira, e terminou ontem ocorreu um novo corte da taxa de juros de 0,5 pontos percentuais, ficando em 5%a.a.. E na última reunião do ano daqui 40 dias há a expectativa da Selic fechar 2019 em 4,5%a.a.

Com a Selic em patamares nunca antes visto, você pode ficar preocupado com o retorno dos seus investimentos, pois suas aplicações que seguem a Selic poderão fechar 2019 rendendo 0,37%a.m.. Esse retorno baixo poderá frustrar alguns investidores, pois verá seu dinheiro render bem pouco a cada mês.

Mas não podemos esquecer que não é somente o retorno das nossas aplicações que devemos avaliar na hora de investir nosso dinheiro. O mais importante é conseguir fazer aportes todo mês, dar tempo para os juros compostos agirem e considerar o retorno líquido dos nossos investimentos.

Para acumular capital suficiente, seja para formar a reserva de emergência, ou para realização de um objetivo, o mais importante é fazer aportes todos os meses. Temos que nos organizar financeiramente, equilibrar as contas, para conseguir guardar o montante necessário para realização do nosso objetivo.

O tempo também é fundamental para fazer nosso capital se multiplicar por causa do efeito dos juros compostos, quanto mais tempo investimos maior serão os juros acumulados. 

E por último, apesar da Selic estar baixa, a inflação também está baixa, registrando deflação de -0,04% em setembro e no acumulado do ano está em 2,49%. Assim temos que levar em conta o rendimento líquido dos nossos investimentos, ou seja, descontar do retorno bruto todas as taxas e juros incluindo a inflação. Apesar da Selic estar baixa, a inflação corrói menos o retorno das nossas aplicações.

Apesar da queda da Selic diminuir o retorno dos nossos investimentos atrelados a ela, invista parte da sua renda todo mês no produto de investimento mais indicado para seu objetivo e perfil de investidor, e não se importe com a variação da Selic, pois o que importa é o retorno líquido dos seus investimentos, e Selic baixa também significa inflação baixa.
 
André Lucas Ciola, economista e desenvolvedor do Blog Me Conte