A jornada do seu Plínio, revista

No Álbum de Figuras de Campo Mourão o retrado e a vida dele estão entre as mais populares. Figurinha carimbada, curiosamente ela era tão fácil quanto rara. Quem tinha não abria mão e a garotada ansiosamente rasgava pacotinhos para encontrá-la. Ele representava a imagem nítida da nossa identidade  mourãoense, encontrada na banca dele ou no itinerário que fazia a pé na vinda ou no regresso ao lar, de cabeça erguida. De outro lado, foi uma figura rara, sobretudo devido a correção, caráter, do tempo em que a palavra dada era empenhada, honrada, no fio do bigode.     Ainda que tivesse todo o direito, preferiu várias vezes evitar a desavença, sair perdendo era um modo de ganhar ao não se aborrecer, ter dissabores. Cordato, foi civilizadamente digno.

Nem bem chego a banca e vou logo perguntando ao Paulo como ele estava e indago sobre o pai dele. Fiquei surpreso, desconcertado, o seu Plínio estava internado em Maringá, na UTI e o estado dele era grave.

A banca de tantos jornais, revistas, numerosas publicações, imagens de todos os modos, tamanhos e significados agora se torna a reminiscência em preto e branco, a imagem maior, a dele, torna-se um re trado, infelizmente do passado, no ciclo que ora se encerra definitivamente.

Nascido em Santa Catarina, Urubici, há mais de meio século era mourãoense, Plínio José Francisco, 76 anos, foi pioneiro de Campo Mourão. Começou o seu ganha pão como bancário e comerciante, gerenciou o posto de gasolina da família e nessas últimas décadas como dono da  banca do seu Plínio. Casado com a senhora Inês Lapezak Francisco, ele deixa três filhos mourãoenses legítimos, Éverton (funcionário da Coamo), Gislaine (trabalha com autoescola) e o  Paulo que desde menino trabalha na banca.

A família enlutada se comove pela tristeza indescritível da perda, confortada pelos numerosos amigos que seu Plínio amealhou e cativou nessas décadas. Tudo no Plínio tinha que ser sincero, autêntico. O sorriso dele era sempre o fraternal, de afeto, não o do comerciante que precisa fazer prosperar  os negócios, mas o do ser humano que trazia no rosto a expressão do sorriso franco.   O nome era bem apropriado à personalidade dele, Plínio significa completo, repleto, rico, abundante.

Ao chegar a banca como de costume e antes de olhar e comprar jornais e revistas, a prosa fluía, as informações não se limitavam as que estavam publicadas e sim as do cotidiano da política, economia, da vida em sociedade, estava sempre bem informado. Além da banca tomada por tantas e variadas publicações, tem lá a televisão portátil ligada para que acompanhasse notícias, transmissões esportivas. Aprendeu com a vida e com a vida e pela vida ensinou.

A jornada do Plínio, íntegro, esposo e pai, orgulhoso da família, homem devotado, resoluto e amável, educou os filhos com o maior exemplo, o dele e da esposa. Jornada encerrada tão abruptamente com o câncer diagnosticado que rapidamente se alastrou. Foi poupado do sofrimento longo, martírio imerecido quando falamos de pessoas boas.

A jornada dele chega ao fim. Estará em cartaz, será sempre revista, edição especial: o legado inspirador de uma vida digna que os filhos bem enaltecem e os amigos testemunham. No Álbum deste lugar vai sempre ser lembrado como uma indispensável figura, na simplicidade e grandeza peculiares.

Fases de Fazer Frases

O pessimista nunca perde a esperança, porque jamais a teve.

Olhos, Vistos do Cotidiano

A impressão da guia do Simples Doméstico foi um enorme transtorno para milhares de  brasileiros que passaram horas na frente do computador para conseguir acesso. A internet e o suporte do governo federal não deram conta. Não foi nada simples. A maravilha da internet seduz, trai, falha,  deixa na mão, clique sem conexão. O excesso da falta de acesso.  

Reminiscências em Preto e Branco

Chuva em dia de finados são lágrimas da saudade eterna. Foi assim e novamente na passada semana.