A mentira que conta

“A principal mentira é a que contamos a nós mesmos”.
Friedrich Nietzsche

O título que abre a Coluna hoje tem duplo sentido, proposital. Contar como cálculo, algo aritmético. E contar como o que pesa, tem valor.

Dos dois significados, para chegar ao triplo sentido: fazendo de conta, que é manifestação ou reação de quem mente ou de quem finge crer por conveniência.

Como guerra é guerra, Rússia e Ucrânia lidam com informação, fatos e a divulgação, posicionamento que possa, de um lado, a tentativa de impor, além de todo o belicismo, a pretensa justificativa e atos inerentes a própria guerra, minimizando ou maximizando de acordo com interesses sobretudo de ambição política e econômicos globais.

O dia sete de abril, desde 1938, foi instituído no Brasil, pela ABI – Associação Brasileira de Imprensa, o Dia do Jornalista, ênfase para a liberdade desde a obtenção da informação como a liberdade para a divulgação. Jornalistas são pressionados, sofrem ameaças e até morrem, sem que os crimes sejam efetivamente apurados e levem a prisão os que deram causa a tal afronta.

O Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado, tramitam projetos que objetivam evitar e combater a propagação de notícias falsas.

Um significativo número de brasileiros é adepto da fofoca, de dizer e desdizer por absoluto prazer em disseminar notícias falsas. Nos últimos anos a internet se tornou e se enraíza como terra de ninguém, por mais que se faça a identificação e controle, enquadrar os comprovadamente criminosos é tarefa lenta, quando anda, longo e tortuoso caminho.

Calúnia, injúria e difamação estão estabelecidas em nosso ordenamento jurídico, porém o problema nem chega até os criminosos, pois, cabe repetir e frisar, o processo é tão moroso, só penalizando as pessoas vítimas da mentirosa notícia que se espalhou feito rastro de pólvora criando efeitos tão perversos que por maior que venha a ser a reparação, ainda que provoque sentimento íntimo de satisfação, consolo, uma boa parte das pessoas ficará com a impressão ou a certeza que algo jamais tenha existido, tenha existido mesmo assim.

Onde há fumaça há fogo e toda a mentira tem um fundo de verdade são aforismos que não podem ser aplicados rigorosamente, pois chegam a legitimar como verdadeiro o que jamais existiu.

O dia sete, do jornalista, podemos também não ficarmos em grande número passivo, mas sim buscar meios de comunicação com o jornalismo que tem como compromisso a verdade, que só chega a divulgação com a apuração dos fatos, na radiodifusão, impresso, internet e televisão. E, sem generalizar, o que tem de blogues, gente que de uma hora para outra se intitula jornalista, dono de algum meio de comunicação que não peca só pela falta de um texto de qualidade, peca pela falta de interesse e intenção, é submundo, que “noticia” conforme quem pagar mais.

Fases de Fazer Frases (I)
Todo o saber, por si só, deve ser compartilhado.

Fases de Fazer Frases (II)
Na vida existem todos os caminhos e a morte é um (a) só.

Fases de Fazer Frases (III)
Não confundamos: a insônia com Sônia e o sal com salsa.

Fases de Fazer Frases (IV)
Inexiste texto sem frases. Mas há frases sem texto?

Olhos, Vistos do Cotidiano
“Palestra incentiva venda ao poder público”, informou nesta semana o Sítio Boca Santa. Na região, ano passado, 500 milhões foi o total licitado, “243,9 milhões acabaram nas mãos de empresas de outras regiões”.

Nesta semana, incluindo outros meios de comunicação, foi notícia o cancelamento da licitação para o recape de pneus, certame da prefeitura de Luiziana. Mas a licitação foi cancelada pela prefeitura após uma empresa de fora contestar ter sido, segundo ela, desclassificada sem base legal.

Não é de hoje que se tenta, via leis municipais, dar preferência para empresas locais. Flagrantemente inconstitucional e moralmente inaceitável, pois, se empresas querem preferências, na verdade privilégios, quem perderia seria o próprio cidadão. Se aqueles que pretendem privilégios, deveriam se tornar competitivos, ter produtos e serviços de qualidade. Se é ruim ter uma empresa de fora, competentemente, disputando e vencendo licitações, pior seria ficar de lado justamente uma das razões de uma concorrência, escolher o melhor.

Farpas e Ferpas (I)
Analfabeto gosta de sopa de letrinhas.

Farpas e Ferpas (II)
O que é preferível: engolir palavras; ou ser engolido por elas?

Farpas e Ferpas (III)
O ferreiro é pau pra toda obra?

Farpas e Ferpas (IV)
O morador de rua mora na dor da rua.

Farpas e Ferpas (V)
Quem se sujeita a tudo é sujeito do nada.

Reminiscências em Preto e Branco (I)
O não do passado é o sim do presente?

Reminiscências em Preto e Branco (II)
O não do presente é o sim do futuro?

Reminiscências em Preto e Branco (III)
Se o novo diz o que é antigo, mais ainda diz o velho, de novo.

José Eugênio Maciel | [email protected]