A música sem o Melodia, Pérola Negra

Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
Bem no compasso, bem junto ao passo
Do passista da escola de samba
Do Largo do Estácio
O Estácio acalma o sentido dos erros que eu faço
Trago não traço, faço não caço
O amor da morena maldita do Largo do Estácio
Fico manso, amanso a dor
Holliday é um dia de paz
Solto o ódio, mato o amor
Holliday eu já não penso mais

Luiz Melodia – Estácio, Holly Estácio

            A música brasileira está inteiramente triste. Notas espedaçadas. Uma nota só. Com a melodia e sem o Melodia. Estácio, o morro, lugar carioca, da escola de samba, do samba de escola, onde nasceu, foi lapidada a pérola negra. Tudo agora é Brasil, somos Estácios vazios, sem estações. Luiz Carlos dos Santos, o Luiz Melodia morreu na madrugada desta sexta. Tinha 66 anos, câncer de medula óssea.  

            Morreu de amor. De amor viveu. Amor compôs. Amor cantou. Interpretou singularmente a melhor música, vivências felizes, tristezas, perdas, saudades. Quantas foram às morenas malditas que conheceu ou que no cenário do morro narrou, bem no compasso, bem junto ao passo do passista da escola de samba. Foi passista pacifista.

            Fazia questão de ser tão original como compositor e intérprete magistral. Letras, conteúdo de uma simplicidade bela, expandidas pela voz única, identidade do artista da palavra, da letra, da poesia, da música, espetáculo maior: a canção da nossa cultura.

            As cantoras Gal Costa e Maria Bethânia foram fundamentais para abrir espaço ao jovem compositor. Pérola Negra, 1971, possibilitou que o sucesso da canção levaria Melodia a subir ao palco, e sempre, também a cantar, Pérola, foi a sua primeira e mais lembrada marca. Bethânia, ano seguinte, lançou Estácio, Holly Estácio e assim Melodia não mais sairia do palco e, sem descer/esquecer-se do morro, Estácio tornou-se mais conhecido pelos brasileiros, como Juventude Transviada nosso retrato bem mais que carioca, nossa nacionalidade, lava roupa todo o dia, que agonia.

            Além da voz ímpar, sonoridade límpida, foi maestro, o caracterizava em todos os seus álbuns, harmonia dos instrumentos, acordes, acústica que reverberava canções que se tornaram, e permanecerão certamente como patrimônio de nossa melhor música.           

Fases de Fazer Frases

            Ideias podem polemizar. E polinizar.

Olhos, Vistos do Cotidiano

            Na edição de ontem, o colunista Walter Pereira destaca a notícia desta Tribuna sobre o risco de acabar o Proerd – Programa Estadual de Resistência às Drogas, matéria do dia 13 do mês passado, quanto ao deputado estadual (PMDB) Nereu Moura ter requerido informações ao governo estadual. Na Coluna deste escrevinhador aqui, o tema foi abordado QUESTÃO (NÃO) FECHADA, citando a reportagem e tecendo comentário. O assessor do parlamentar Moura, Gilmar Cardoso, ex-prefeito do Farol, me enviou cópia do requerimento.

Caixa Pós-tal

            Gosto de ler palavras que não tenho ideia ou pouco sei na sua Coluna, aí procuro saber o significado. Você escreve como se fosse um diálogo, destacou o cascavelense, terapeuta José Luís Oliveira. 

Reminiscências em Preto e Branco

            Melodia não era o nome na certidão de nascimento de Luiz Carlos dos Santos (tema principal da Coluna de hoje). Nem musicalmente e de propósito adotado por ele. Melodia era como ficou conhecido o pai dele, Oswaldo, compositor e cantor reverenciado na Estácio, mas que não fez sucesso, (apenas na vida boêmia). O filho Luiz herdou e bem conquistou o legado musical, até no apelido.