A sabatina

Exame psicotécnico é aquele teste em que nunca

diz o que pensa, mas pensa no que diz

Paulo R. S. Franco

Além do conhecimento exigido, submeter-se a exame é considerar emoção e razão, equilibrar-se nelas que serão mostradas ou ficarão ocultadas. Dependerá (principalmente no início) do examinador e, quem sabe, o examinado dê algum rumo por conta.

Caso o leitor resolva ler este texto a fazer exame do conteúdo, é certo, o escrevinhador aqui será reprovado, indiscutível e inapelavelmente. Merecidamente as primeiras linhas, palavras formais afugentam a maioria do leitor deste Jornal, que já pulou para outra coluna, virou páginas e não lembra o que deixou de ler: esta Coluna. Sem desmerecer os caros leitores que tenho, todos vocês heroicos (se velhos, emprego o termo senhores,) e, sem ironia e sim com todo respeito a todos, certamente um ínfimo número ao todo, mas meus leitores. (Tem muita repetição da palavra todo e todos…) Mas todos os todos vão ficar aí.

Bem antiga, porém o fato de ser velha a palavra sabatina não pode ser posta entre aquelas  pouco conhecidas (uso também) dos brasileiros. Na educação, recuando aos anos 50, em qualquer escola a sabatina era sabida, praticada, temida. Sem qualquer receio de assumir que já não sou novo  e não tenha medo de parecer mais velho, quero só situar o caro leitor, nasci nos anos 60 e a palavra  não era largamente empregada. Porém, um dos significados dela era usado: exame, prova. O oral era o mais temido.

Não é o pobre escrevinhador que foi lá nas profundezas da memória coletiva ou nos dicionários para apanhar, agarrar a palavra Sa-ba-ti-na. No noticiário atual ela está aí, falada ou escrita em todos os meios de comunicação brasileiros. Tudo por causa do advogado paranaense Luiz Edson Fachin, 57 anos, que chegou com a família ainda bem criança, mesmo que nascido na pequena cidade gaúcha de Rondinha. Foi sob as então abundantes, belas e majestosas araucárias que ele cresceu, se formou em Direito, nele sendo professor e especialista na área da família. As qualidades profissionais foram aspectos apontados pela presidente Dilma Rousseff (PT) ao indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal.

O que interessa é abordar a sabatina. Foram onze horas nas quais parlamentares fizeram perguntas e debateram. O Direito e o ordenamento jurídico brasileiro é um manancial, que são ao mesmo tempo fonte ou destino onde deságuam muitos juízos de valor. A sabatina é para comprovar se o sabatinado reúne conhecimento profundo e se todo o saber dele é mais que suficiente para o qual se destina, ser ministro. Todos os deputados e senadores reúnem conhecimento capaz da sabatina? Ao exercerem uma das atribuições do Congresso Nacional, existem senadores e deputados federais com condições para promoverem a sabatina.

Convém assinalar uma questão, acompanhei perguntas sobre o aborto e a maioridade penal, para ficar apenas em tais exemplos. A resposta a favor ou não, por si só demonstra que o sabatinado tem ou não conhecimento jurídico? A manifestação parlamentar pró ou contra seria determinada por uma única questão?

Confrontado concepções divergentes alguém estaria apto ou não para ser ministro? É como negar que o sabatinado entenda profundamente de futebol só por ser flamenguista, ou aprová-lo por ele ser corintiano. Pior será aprovar ou reprovar o advogado exclusivamente por ter sido indicado pela presidente. Será apequenar qualquer dos poderes.           

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Fases de Fazer Frases (II)

Conhecer a feminilidade por inteiro é começar pelo meio?

Olhos, Vistos do Cotidiano

Em mãos ou em mão? Qual é o certo? Recorro aos pés. Se o certo é estar em pé (e não em pés), o certo é em mão. Tudo certo, mãos à obra!

Reminiscências em Preto e Branco

Lembranças guardadas. Esquecidas no onde encontrá-las. Ainda sem achá-las nada de preocupação. Elas estão à nossa procura.