Aportuguesar, a palavra
“Os lugares-comuns, as frases feitas, os bordões, os narizes-de-cera, as sentenças
de almanaque, os rifões e provérbios, tudo pode aparecer como novidade,
a questão está só em saber manejar adequadamente as palavras que
estejam antes e depois”.
José Saramago
“Professor Maciel, na propaganda da Rede Globo eles escreveram errado a palavra ‘surf’, colocaram a letra e, então ficou escrito ‘surfe’, está errado, não é mesmo”? Assim começou a ligação telefônica de uma pessoa (não identificarei o nome dela – a pedido – e para não constrangê-la).
Depois de ouvi-la atentamente e ainda não tendo até então visto a citada publicidade, respondi:
– Sinto muito em dizer a você: a palavra há tempo foi aportuguesada, de surf para a nossa língua, surfe.
Quando uma palavra é aportuguesada, passa a pertencer ao vocabulário oficial, de nossa Língua, se torna consequentemente o correto.
Na correção das redações, escrever uma palavra de outra língua, ainda que certa naquele idioma, em vez da palavra em Português, quando a mesma palavra já é oficial, o estrangeirismo resultará em erro daquele que escreveu.
Tem quem vá logo empregando palavras de outras línguas e, mesmo que não exista uma tradução literal, então o caso é escrever ou pronunciar uma palavra próxima do significado que é falado aqui.
Com a Covid-19, logo muita gente saiu falando e escrevendo por aí, lock down. É tão mais fácil escrever: bloquear, fechar, isolar. Sem errar, bem claro e acessível compreensão quanto a proibir, fechar, bloquear por completo ou limitar a circulação e aglomeração das pessoas.
Lock down fica bem no Reino Unido, na monarquia elisabetana.
Fases de Fazer Frases (I)
A vida leva tudo o que ela traz.
Fases de Fazer Frases (II)
A morte não traz nada do que a vida levou.
Fases de Fazer Frases (III)
Sem antes de tê-lo, não desperdice o tempo.
Fases de Fazer Frases (IV)
Sem a dúvida, o que seria da certeza?
Fases de Fazer Frases (V)
A certeza se alimenta da dúvida até digeri-la totalmente.
Fases de Fazer Frases (VI)
No voo vou.
No veio venho.
Velejo sem vela.
Vela para vê-la.
Fases de Fazer Frases (VII)
Imaginar é real. Mas o real nem sempre se imagina.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Devido a prisão em flagrante e mantida por unanimidade pelo STF – Supremo Tribunal Federal, o Brasil está podendo conhecer o inexpressivo deputado federal pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira (PSL).
Ex-policial conhecido por indisciplinas militares, comportamento que veio antes como ter roubado carimbo de um médico e falsificado atestado médico falso. Falsidade é com ele, investigado por espalhar notícias falsas contra pessoas e instituições.
Ele gravou um vídeo no qual defende a ditadura militar e o fim do Supremo Tribunal Federal, já que para ele. Lá ninguém presta.
O tipo físico dele, de “bombadão”, pode ser só aparente, afinal ele deveria ter usado da tribuna da Câmara para discursar, só foi valentão longe dos colegas parlamentares.
Espera-se que não haja delongas com mais um que faz apologia ao crime e a ditadura, mesmo ter jurado cumprir e defender a Constituição.
Seria bom aluno em alguma escola militar? Sem carimbo perto dele.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Visível a alegria dos frequentadores com a reabertura do Parque do Lago em Campo Mourão, fechado à visitação devido Covid 19 (quase um ano). Sem máscara só as capivaras, pelo menos quando lá caminhei.
Farpas e Ferpas
O que tudo não basta, abastado é.
Reminiscências em Preto e Branco – Renê Ariel Dotti, o jurista
Dia 11 passado, tendo sofrido parada cardíaca, morreu o criminalista e professor de Direito da Universidade Federal do Paraná, o advogado Renê Ariel Dotti. Reconhecido com um dos mais importantes advogados do Brasil, tinha 86 anos.
Dispensava apresentações, o nome Renê Dotti se tornou marca, referência da advocacia, de um conhecedor da Ciências Jurídicas e Sociais, tribuno notável, respeitado pelo vasto conhecimento e conduta ética.
No período da ditadura militar, Renê Dotti defendeu centenas de presos políticos, evitando ou tirando-os da prisão, com conhecimento e coragem, tão necessários à época do regime truculento e ditatorial que vigorou no Brasil quando as garantias individuais ou sociais, tais como a vida e a liberdade, eram acintosamente desrespeitava.
Brasil de luto e especialmente o Paraná.
José Eugênio Maciel | [email protected]