Cérebro e célebre, quem faz a sua cabeça?
“Há tantos quadros na parede
há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
(ninguém = ninguém)
me espanta que tanta gente se sinta
(se é que sente) a mesma indiferença
(…)
me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira
todos iguais, todos iguais
mas uns mais iguais que os outros
Engenheiros do Hawaii – NINGUÉM = NINGUÉM
Do que é feita a cabeça de cada um? Cada um faz a cabeça de outro?
Se não enxergarmos com os próprios olhos, valerá a visão dos outros?
Como é relativamente fácil – ainda que irresponsavelmente irrespondível – lançar perguntas, formular dúvidas para que outros se manifestem.
Na canção, trecho dela acima, há tantas formas de se ver o mesmo quadro.
Que formas, ordem de importância? Quem pintou o quadro? Época? Tintas? Qual a motivação do artista? Circunstâncias? O que o quadro retrata? Que distância de espaço ou de interesse se desejará ou se aceitará para olhá-lo? Além do real, cada qual pode valer-se da imaginação? Qual e quanto tempo se levará para ver, entender a imagem retratada?
O quadro é o que é de fato ou tem enigma?
Indagações são simples ou mais que questionamentos? Respostas prontas para inacabadas perguntas?
O que deve ser importante, influenciar ou ser influenciado?
Caminhar sem escolha ou definir horizonte próprio? Sozinho? Acompanhado?
Prestes a terminar este texto, conteúdo inconcluso e que não presta?
Cada cabeça seja confusa, mas que seja difusa, como permuta ou soma de outras.
Afinal, o velho ditado adverte: Duas cabeças pensam melhor que uma.
Hoje porém, não conte com a minha. Nem sei se tenho cabeça.
Fases de Fazer Frases (I)
Contentar-se é admirar-se com a alegria.
Fases de Fazer Frases (II)
Toda pausa pousa no relógio do tempo sem paragem.
Fases de Fazer Frases (III)
Eis o que és. És o que não sabeis.
Fases de Fazer Frases (IV)
Não levo ninguém a pensar. Mas não trago só pensamentos meus.
Fases de Fazer Frases (V)
Palavras não são velhas nem novas. Significados e sentidos, sim.
Olhos, Vistos do Cotidiano
“Professor Maciel, veja se tem algum erro neste cartaz do meu bar”.
Me aproximo, faço suspense para chamar atenção dos que estavam lá, e, após examinar o cartaz atentamente, afirmo, alto e bom som:
– Tem sim! Um grande erro! – Disse ante a curiosidade de todos.
– Qual é o baita erro, professor?!
Em suspense ainda, me aproximo do cartaz e aponto:
– Ele está torto! Só isto!
Farpas e Ferpas (I)
Fingir que sabe exige-se mais do que aprender a saber.
Farpas e Ferpas (II)
Fale o que sabe. Silêncio é resposta (?).
Farpas e Ferpas (III)
Colar gruda. Colar no pescoço. Colar na prova. Palavras são colares, acolá.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Barbante, corda, no tempo são embrulhados pelas fitas colantes nos pacotes.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Tudo vem com o tempo. Mas nem tudo vai com ele.
José Eugênio Maciel | [email protected]