Dentro da lei, foral da moral

“A imunidade parlamentar é matriarca da corrupção”
Nicola Vital

    Apenas como suposição, se uma determinada escola, após ter esgotado todos os meios para resolver graves problemas de indisciplina causado por um aluno, ela então resolve expulsá-lo. Mas os aluno expulso não sofrerá outra sanção além de não poder frequentar a escola. Pelo contrário, ele será automaticamente aprovado.
    Tal hipótese é absurda? É por si só injusta? É privilégio indecente?
    O Brasil está tão repleto de privilégios que transbordam no cotidiano a ponto de sermos um país que cínica e acintosamente, além de não acabar com privilégios, dá-se jeito de mantê-los e ampliá-los. 
    O Conselho Nacional de Justiça, dia 25 passado, decidiu cautelarmente afastar o juiz de São Paulo que cometeu abuso de poder ao desacatar um guarda municipal por não usar máscara e por ter rasgado a multa recebida, jogando o papel no chão. 
Medida cautelar de afastamento significa que Eduardo Siqueira poderá ainda retornar para à magistratura. E, caso se confirme a imputação do crime de abuso de autoridade, ele será compulsoriamente aposentado, com todos os salários integralmente pagos até o fim da vida.
    O desembargador é aquele aluninho expulso da sala e da escola mas que irá receber em casa, todos os anos, a sua aprovação de ano, com posterior diploma de formado. Os demais estudantes? Ora, tratem de estudar, que cumpriam seus deveres!  
    Acusada como mentora intelectual da morte do próprio marido, pastor Anderson Carmo, a deputada federal pelo Rio de Janeiro Flordelis (PSD) não pôde ser presa por ter imunidade parlamentar. Ela certamente terá foro privilegiado e fará de tudo para postergar o processo. É no mínimo estranho o fato de ela conseguir a adoção de 55 filhos, pois, afinal, as condições econômicas não são os únicos pressupostos para a adoção. Filhos envolvidos executaram o plano contra o pai que os acolheu. Flordelis irá receber normalmente o que ganha como deputada federal, pagos por todos nós contribuintes.
    Vale lembrar a origem etimológica da palavra Privilégio, “privilegium”: “Privus” (privado) e “lex” (lei). Privilégio é lei aplicada a uma determinada pessoa ou grupo ínfimo. E os demais? São brasileiros pobres mortais. 

Fases de Fazer Frases 
    Não são os olhos que alcançam ao longe, é a imaginação.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    Apenas cinco cidades tiveram aumento no número de habitantes, segundo projeção o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. É bom frisar, trata-se projeção, ainda que feita com todos os dados do censo demográfico. Araruna, Campo Mourão, Engenheiro Beltrão, Peabiru e Terra Boa. 
    O negativo, maior do Estado, Altamira do Paraná, o que mais perdeu moradores. 
    Ainda assim, tínhamos em toda a região da COMCAM – Comunidade dos Municípios da Região 334.728 e agora são 341.425.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    Por falar em IBGE, o censo demográfico que deveria ocorrer neste ano (é para ser realizado a cada dez anos) corre o risco de sequer se feito no próximo ano. Vale frisar, é bem mais do que contar quantos são os brasileiros, é saber mas quem somos.  

Farpas e Ferpas
    Acostumar-se com o errado é o pior dos vícios. 

Reminiscências em Preto e Branco – A caneta do Ademar Issi
    De origem humilde, o pai dele enfatizava, tratem de estudar e trabalhar arduamente, e, como presente, ganhou uma caneta. E assim, Ademar Kenhiti Issi teve que se virar muito desde jovem. O advogado deixou o escritório dele ao aceitar o convite do então prefeito Rubens Bueno para ser procurador do Município de Campo Mourão. Desprendidamente exerceu com zelo tais funções, ainda que tivesse perdas particulares financeiramente por não poder advogar, já que a função pública exigia dedicação exclusiva.
     Tinha um figurino impecavelmente elegante e que o bem caracterizava como profissional do Direito, sempre com o traje de paletó e gravata, sendo que a caneta também o haromizava. Mas enganavam na impressão por parte de quem o conhecia pela primeira vez, pois ele era simples, humilde, atencioso e gostava de prosear, contar causos e de humor. Deixa a esposa Rosana Ferreira Lima Issi e os filhos Adhemar e Adson, dia 24, 68 anos.

Reminiscências em Preto e Branco – Sérgio Miguel Pako Spilka era um trator.
    Filho dos saudosos pioneiros Alberto e Martinha Spilka, que aqui chegaram na década de 50, proprietários da famosa Auto Mecânica Oeste, Sérgio Miguel, o Pako, herdou do pai o gosto pela mecânica e da mãe a simpatia e o bom humor. 
Seguiu na profissão, dono da Pako Tratores. Encorpado, ele mesmo era um trator para o trabalho, dedicado, incansável. Pako bebeu muitos goles da vida, ao mesmo tempo que se entregava a labuta, brindava os amigos, sempre bem disposto. Sem dúvida uma das mais populares figuras mourãoenses. Agora é transformado em saudades, aos 62 anos, pai de Vitor Hugo, Thyago, Caleu, Verônica, Alberto e Vitória. 

José Eugênio Maciel | [email protected]