Doutor Elmo, comunidade em pessoa
“Procurei fazer por minha cidade o que desejava para a minha própria família”.
José Elmo Álvares Linhares
A consternação é sentimento tão profundo que não se exprime exatamente, dada à intensidade e avassaladora dimensão caracterizada pelo vazio existencial cravado no coração dos enlutados.
É ter que considerar o silêncio e ao mesmo tempo nele manifestar o lamento que representa a perda do doutor José Elmo Álvares Linhares. Para a família, esposa, filhos, netos, a perda é a da fonte abundante do afeto que devotava para com os seus, de amor, entrega, suporte firme em todo o transcorrer da vida.
Além da fraternal convivência familiar, Elmo Linhares amealhou e soube bem cultivar amizades em todos os segmentos, pessoal, profissional, político, comunitário.
Ao chegar em Campo Mourão em 1972, se afeiçoou com este lugar, passou a ser uma escolha de coração e de razão. Espontaneamente chamado de doutor, mas não devido a apenas ser advogado militante. Doutor por conhecimento alcançado pelo prazer de ler, de trocar ideias, como por ter sido professor da nossa então FECILCAM – Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão.
Despontava um líder primeiramente comunitário e em todos os segmentos sociais, a prosa livre, e se missturava como gente do povo e, com humildade, respeitava e acolhia.
Vice-prefeito, na gestão Augustinho Vecchi (1989-1992) ocupou a Secretaria de Indústria e Comércio, pronto aos desafios que ele próprio se propunha, sendo responsável direto por fomentar e concretizar a instalação da rede de supermercados Muffato, assim como o SESC.
Adotava comportamentos éticos na profissão, familiarmente e em todas as relações, inclusive políticas. Em certa ocasião, como candidato a prefeito, disputando com Rubens Bueno (eu era coordenador da campanha buenista), estendemos as mãos um para outro e conversamos. A cena, para alguns que passavam naquele momento na calçada onde nos encontramos, estranharam, em pleno acirramento da campanha. Ele agia com naturalidade, educado e de espírito público.
A vocação de homem público foi além dos cargos. Um exemplo deste espírito comunitário de doação, diz respeito a comandar a Santa Casa Regional, com dedicada proeminência. Na gestão dele viabilizou tecnicamente a estrutura médico-hospitalar para a doação de órgãos.
Uma de nossas conversas quando de uma grande e prestigiada reunião para marcar a posse do Nery José Thomé como presidente da ADI-PR – Associação de Jornais e Portais do Paraná, oportunidade em que tive a honra de estar na mesma mesa com o doutor Elmo. À época ele também escrevia uma coluna nesta Tribuna do Interior. Falamos sobre Campo Mourão, conversamos de política e, sendo ele um leitor contumaz, um de seus temas prediletos eram os relacionados a grandes batalhas, entre elas a Primeira e Segunda Guerra Mundiais.
Em uma das sessões da Academia Mourãoense de Letras, para posse de novos integrantes, conversamos pela última vez. Ele estava lá acompanhado da esposa, a nossa acadêmica Márcia Linhares, como sempre atencioso e cordial.
O filho Alexandre, que seguiu os passos do pai profissionalmente, declarou: “Dr. Elmo, você Elmo, meu pai. Homem dinâmico e inquieto. Minha referência. Meu amigo. Meu grande apoiador incondicional. Você deixou boas lembranças. Vou sentir falta do nosso cafezinho, dos jogos do Inter (…)….”.
Transformado em saudade, Elmo se despediu da vida dia 11 passado.
Fases de Fazer Frases (I)
Definir o que deixaremos em vida e sem que nos falte, amor.
Fases de Fazer Frases (II)
Sem vida, o que deixaremos é definido pelos de nossa convivência.
Fases de Fazer Frases (III)
Sentido da vida, o que outros podem sentir por nós.
Fases de Fazer Frases (IV)
Inexiste caminho sem fim, o fim é vida que se exaure no trajeto.
Olhos, Vistos do Cotidiano
“Motorista que agrediu homem no trânsito se apresenta à polícia”, manchete deste Jornal (11). Acompanhado do advogado, disse estar arrependido. Imagens que registraram a agressão também mostraram o violento fugindo em disparada, cantando pneus, sem o que seria o chamado arrependimento eficaz.
Fora o que aconteceu no sábado (nove), qual seria o histórico do rapaz? CNH? Outras agressões? Que o diga o pai?
Farpas e Ferpas (I)
Dá trabalho explicar a preguiça?
Farpas é Ferpas (II)
Mais trabalho é fazê-lo de conta.
Sinal Amarelo (I)
Perfume é lembrança que fica da flor que se foi.
Sinal Amarelo (II)
Nem sempre é o mesmo chão pisado aquele onde se cai.
Trecho e Trecho
“O homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu”. [Max Weber].
“Aquele que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”. [Amado Nervo].
Reminiscências em Preto e Branco Antônio Colchon, no fio do bigode.
A família Colchon é tradicional em Campo Mourão, contribuindo sobejamente para o florescer desta terra, sempre com trabalho árduo, incansável e honesto. Os membros da família são verdadeiramente uma consistente cepa, bem fincada neste solo fértil, e assim constituíram a face autêntica de nossa gente.
No último dia dez, perdemos um ser humano extraordinário da bonita família Colchon. Um homem de respeito e respeitador, apegado ao valor humano e religioso, peculiar como arregimentador de amigos que sabia bem cativar e cultivar, com bom humor, palavra amiga, leal, solidária.
Antônio Colchon transforma-se agora, como orientador de caminhos que bem soube ele iluminar, de exemplos de altivez e camaradagem, inesquecível e orgulho para todos que o conheceram, e hão de conhecer pelo registro histórico de memoráveis recordações, sobretudo de afeto.
José Eugênio Maciel | [email protected]
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