E daí?

“É mais conveniente ser governado pelo melhor dos homens ou pelas
melhores leis? A lei não tem paixões, que ao contrário se encontram
necessariamente em toda alma humana”.

Platão 

    Foi a resposta do presidente Jair Bolsonaro quando indagado sobre o Brasil ter ultrapassado o número de mortes por Corona-vírus em relação a China, dia 28: “E daí?” A declaração não chama a atenção só pelo conteúdo literal, mas sim a expressão facial, não deixa dúvidas, o presidente expressou o que sentia, menosprezo, “E daí?”
    Fará parte do reportório das declarações do presidente, registro histórico, profundamente de desrespeito as vítimas da pandemia, familiares e a todos os brasileiros.  
    Infelizmente tudo indica não ser a última vez que o presidente usará expressões verbais ásperas, grosseiras. A questão é se ele conseguirá negativamente se superar. 
    Outro presidente que entrou para a história pelo que disse de estúpido, tendo conseguido ser pior comparado a ele mesmo. “Se eu ganhasse salário mínimo daria um tiro na cabeça”, ele tinha a solução para as favelas, “jogar uma bomba atômica”, são alguns dos impropérios do então presidente João Figueiredo (1979-1985). A pior fala presidencial ele que chegou ao poder sem que o povo tivesse escolhido (vigorava a ditadura militar e presidentes eram urgidos pelo colégio eleitoral), afirmou com toda o coice que lhe era assumidamente peculiar: “Prefiro cheiro de cavalo do que de povo”.
    A fala de um presidente implicará por si só uma imensa responsabilidade pelo pronunciamento e pelas consequências. Ainda que assim se sinta e consinta a si mesmo, Jair não deveria falar para tropas, mas ao povo, se é verdade que metade votou nele, verdade é que a outra metade, não.    

Fases de Fazer Frases (I)
    Nem tudo está perdido quando o nada é achado.

Fases de Fazer Frases (II)
    A sombra da morte é bem mais do que árvores do cemitério.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    “Vaga única para professor atrai 857 candidatos”, noticiou esta Tribuna referindo-se ao concurso da prefeitura de Campo Mourão, para lecionar de 1º ao 5º ano. Ainda dizem que o magistério é uma profissão em extinção…

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    Tem um professor que foi felizardo por algumas horas, quase foi nomeado para receber um salário maior de 10 mil reais. Seria no governo federal e indicado pelo ministro Onyx Lorenzoni. O menino professor dá aulas de inglês para o ministro. Mas essa imprensa que “não cala a boca” denunciou e a nomeação não saiu. É para inglês ver.

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
    Devido a pandemia, muitos dos entrevistados estão falando de casa, quarentena, e como é comum vermos logo atrás deles estante repleta de livros, apenas representam o conteúdo dos estudiosos e amante da leitura. E não são poucos, é fácil de reparar. 
    Quando o caro leitor constatar o que digo, caso já tenha você reparado, irá lembrar de mim, aprecio uma estante de livros, o prazer da leitura é parte que guia a minha vida. 

Farpas e Ferpas
    Quem muito dá ouvidos pode perder as orelhas.

Reminiscências em Preto e Branco
    Como o assunto principal da Coluna de hoje é a declaração do atual presidente, assim como de outro que entrou para a história pela grosseria verbal, trago à tona dois presidentes que não concluíram o mandato, marcaram o mês de agosto como trágico e tinham em comum o fato de usarem muitos, mas muitos bilhetes e algumas cartas. 
    Vale salientar, os dois ao menos conheciam e sabiam bem usar a língua portuguesa, e cercando-se de gente culta.
    Em 24 de agosto o presidente Getúlio Vargas comete suicídio, 1954. Rascunhou e depois corrigiu a famosa carta-testamento explicando os motivos para sair da vida e entrar para a história. 
    Jânio Quadros dava ordens por bilhetinhos. Fez carreira meteórica, eleito presidente do Brasil mas só ficou sete meses no cargo, quando renunciou em 25 de agosto de 1961, alegando “forças terríveis”.    
 

José Eugênio Maciel | [email protected]