Janelar

“Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova…”

Mário Quintana

   Dia começa e termina com ela.
   Aberta. Fechada. Inteira. Partes. 
   Silêncio. Som. Grande. Pequena. 
   Pública. Particular. Fácil. Difícil.
   Ao alcance. Ao longe. Cortina. Descortina.
   Da ou em frente. Nos ou dos fundos.
   Expande-se. Restringe-se. 
   Enigma. Definível.
   Vê-se ela. Vê-se por ela. De dentro. De fora.
   Vestida. Nua. Despida. Despedida. Encontro.
   A janela é retrato. Já nela a retratar. 
   Auto retrato. A fazer. Feito.
   Mostra ou esconde paisagem. 
   Traz ou liberta a luz. Traz ou leva o vento.
   Quanto mais janelas temos, usamos, mais vida possuímos. 
   Janelar é levar. É trazer. É ir. É voltar. É ser e não ser.
   Sem janelas não há vida que exista nem que desapareça.
   Vejam elas, janelas. Vejam por elas, já nelas.

Fases de Fazer Frases (I)
    Nem sempre a mesma verdade que fica é a que vai.

Fases de Fazer Frases (II)
    Vista cansada de ver, é melhor que a descansada, que nunca vê.

Fases de Fazer Frases (III)
    Há vida.
    Havida.
    Cada ver.
    Cadáver.

Fases de Fazer Frases (IV)
    Amor não é ilusão. É alusão.    

Fases de Fazer Frases (V)
    Achar que está perdido já é ter-se encontrado?

Olhos, Vistos do Cotidiano
    Ano inteiramente atípico, acontecendo em todo mundo em 2020 em relação ao Corona vírus, não foi previsto por nenhum vidente, astrólogo, ciganas e cartas.

Farpas e Ferpas (I)
    Labirintos estão sempre cheios de pessoas sem saída.

Farpas e Ferpas (II)
    Ante o precipício não se precipite…

Farpas e Ferpas (III)
    Nem sempre o mal vestido é quem não teve tempo de se arrumar.

Caixa Pós-Tal (primeira carta)
    “Excelente artigo, nestes tempos estranhos, de intolerâncias sem sentido, parece que retrocedemos à idade média nestas questões, quando vamos evoluir…”. Palavras endereçadas à Coluna, escritas por Gilberto Scipioni, engenheiro agrônomo, referentes ao texto da edição anterior TÃO AMIGOS. COMO? Obrigado! Gilberto mora em Campo Mourão há 26 anos e no Paraná há 36. Gaúcho de Sarandi, criado em Passo Fundo, ele ainda destacou, “divergimos” no futebol, ele gremista e eu colorado. Pois é, rivalidades a parte, é mais um engenheiro agrônomo gaúcho gremista que conheço. O outro nasceu em Caxias do Sul, Nery José Thomé, deste Jornal.

Caixa Pós-Tal (segunda carta)
    “Muito boa a amizade dos dois, o que prova que uma pessoa que seja, no pensamento e na ação, o contrário da outra, nada impede que sejam amigas. Parabéns pelo texto!”. As palavras vieram de Cuiabá, escritas por Maria Aparecida Silva, aposentada, 64 anos e, segundo ela, apaixonada por leitura. Também se refere ao Artigo do domingo anterior. O escrevinhador aqui é grato a senhora.  

Caixa Pós-Tal (terceira carta)
    Tendo escrito diretamente para o Jornal no espaço próprio para comentários, Namir Piacentini, que mora em Curitiba há décadas, mas está sempre em Campo Mourão, também se congratulou pelo aniversário desta Coluna, 32 anos e destacou, “gosto muito dos trocadilhos”, frisou o engenheiro civil. Lembrei de um do tempo de menino, sobre futebol, “é um ‘piá sem time esse Piacentini’”, relativo ao sobrenome dele. Obrigado! 

Reminiscências em Preto e Branco
    Ao procurar uma citação apropriada para hoje, posta logo abaixo do título de hoje, no mesmo livro da obra completa de Mário Quintana, transcrevo: “Não é possível amizade quando dois silêncios não se combinam”.  – Os Silêncios.
 

José Eugênio Maciel | [email protected]