Jonas, mais que benefício, a benevolência

“A benevolência é um atributo cortês para que se alcance a paz com confiança
e justiça, e uma excelência moral. O ápice da virtude”. 
Marco A. Cortês

Pelo telefone a ACAMDOZE – Associação de Câmaras Municipais da Microrregião Doze me convida para ministrar um curso de oratória para os vereadores. Como estava previsto para um sábado, aceitei o convite. Já tinha ministrado outro tema, há muito tempo. Soube posteriormente e, mais do que simples menção e lembrança, tratou-se uma indicação do advogado da Associação Jonas Rodrigues. Na primeira oportunidade agradeci ele, assim como noutras ocasiões, efusivamente.

O marquês de Maricá preceitua, “A benevolência não é eficaz sem a beneficência que a completa”. Além da gratidão manifesta sempre, honrar quem foi benevolente, é bem mais que ser grato apenas. É ser de fato corresponder, honrar com ações pelo recebido, perenemente, assim sempre me senti e procurei expressar, inclusive ao me despedir dele, diante do caixão fúnebre.

Uma das muitas e diversas qualidades do Jonas Rodrigues foi o de fazer, promover o bem a quem ele, ou por intermédio dele, até mesmo muitas vezes a própria pessoa sequer pedir ou perceber que carecia e pudesse precisar, ele já se punha a bem querência, sobretudo porque se sentia mais feliz em ajudar a todos.

Dificuldades, desafios, trágica perda também marcaram a vida do Jonas, que prosseguiu sem deixar de sofrer, e, ao mesmo tempo, sem esmorecer. A origem humilde não se constituiu em obstáculo para ser menino bom, criança sadia e alegre. Estudar advocacia e prestar o rígido exame de Ordem foram alcançados com dedicação e persistência.

Jonas era muito conhecido em nossa cidade e contribuiu acerbadamente para que Campo Mourão se tornasse conhecida no esporte. Nos Jogos Abertos do Paraná sagrou-se campeão no handebol, sendo responsável direto pela seleção temida, respeitada e admirada equipe, ele e o handebol foram referências também nacionalmente. Vice campeão máster brasileiro duas vezes. Foi técnico e era o atual presidente da Associação de Handebol de Campo Mourão. Atleta exemplar, craque como foram e são outros dois irmãos, Ubirajara e Ubiraci.

A afirmação profissional no Direito estava em curso, trilharia longos e fecundos caminhos. Estava primeiramente voltado para a base familiar, irmãos, esposa e filhos. As vitórias na vida pareciam terem sido fáceis, e de certo modo foram, espelhavam a dedicação máxima aos treinos, relações afetivas pessoais de companheirismo e participação fraternal.

Ao regressar de Maringá, foi visitar a filha, 13 de agosto, Dia dos Pais, era passageiro, teve morte instantânea. Estás no encontro celeste com a filha menina que tragicamente foi antes. Ele tatuou no braço o que já era ela marcada no coração. É saudade perene dos 57 anos de uma vida que jamais foi em vão.

Fases de Fazer Frases 
Quando se pede conselho, valorize-o, mas primeiro a quem ele se destina.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Tribunais de contas alertam prefeituras para retomarem obras inacabadas, prazo 10 de setembro. É do governo federal, lançado com muita propaganda.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Somente após a exibição de duas matérias televisivas na RPC sobre verbas liberadas por deputados federais, via PIX para municípios paranaenses gastarem sem prévio projeto, bastando apenas usar o dinheiro, sem prestar contas Tudo bem? Sim. Mas o que tais tribunais fizeram para evitar, ajuizar tais casos quando prejuízo à população? E os poderes legislativos?

Farpas e Ferpas 
Tudo é útil. Até futilidade.

Sinal Amarelo
“Um homem prevenido vale por dois”. E um meio prevenido, valeria por um?

Trecho e Trecho
“Estou sempre disposto a aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem”. [Winston Churchill].
“Eis o paradoxo da tolerância: Não tolerar o intolerante”. [Dito popular].

Reminiscências em Preto e Branco – Léa Garcia, a atriz da vida

“A gente está vendo muitos jovens negros, [….] nas novelas o negro está presente. [….] deveria estar muito mais, porque ele está integrado à sociedade […] de uma forma muito mais profunda, e não é retratado assim, […] na televisão, teatro ou no cinema. Quando em algum filme você vê uma rua inteira só gente branca, se pergunta: ‘O que aconteceu nesse Brasil?”
Léa Garcia

“Minha mãe morreu no glamour, ela está aqui, por isso eu fiz questão de vir aqui receber essa homenagem por ela. Léa vive!”. Assim iniciou o filho dela, Marcelo Garcia, no palco do Palácio dos Festivais, Festival de Cinema de Gramado. A atriz receberia o prêmio Oscarito, dia quinze. Ela morreu vítima de um infarto agudo, aos 90 anos.

Mais de cem produções, televisão, teatro, cinema. O brilho brotou de dentro dela a iluminar como autêntico espetáculo os papéis que representou. Inicialmente eles eram acima de tudo vinculados à temática da escravidão ou na condição social de classes subalternas. Contudo, ela foi a preta que jamais deixou de ser destaque, nunca foi coadjuvante. É o retrato bem-acabado do Brasil e seus matizes, dura realidade de desigualdades sociais acerbas. Léa Garcia tinha fibra, coragem, competência e se tornou a voz dos oprimidos e dos não incluídos numa sociedade ainda perversa. Eloquente, viva e impregnada de uma louca esperança por um mundo menos segregário. Continuará por muitas gerações a inspiração para a carreira de qualquer artista e na identidade cultural.

Léa refulja no cotidiano da vida, irrenunciável defesa de sua gente, todos nós. Sempre afirmavam que é rainha, bem-humorada, diz: “Quero receber a coroa”.

José Eugênio Maciel | [email protected]

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