Livro! Me livro? É folia…

“Enquanto a escola se esforça, ao menos teoricamente, para formar cidadãos, a TV
 e a internet formam consumistas. Se, hoje, os alunos são mais indisciplinados
 que outrora, é porque não podem – ainda – mudar o professor de canal…”

Frei Betto

    Podemos livremente assistir o que e, do modo que quisermos televisão ou navegar pela internet, bastando o controle remoto e o clique na tela.
    Com todo o tempo que sentia e imaginava no momento para escrever esta Coluna, (sexta-feira), então deitei no sofá, pronto à imaginação que me proporcionasse alguma ou mais ideias para um texto. 
    Sei lá quantos minutos após bem à vontade no sofá, ligo o televisor. Fico um pouquinho em cada canal… Novamente sei lá quantos minutos.
    Continuo sem ideia. Certo que não irei escrever sobre o carnaval. É o tema em si que não me motiva, a favor e ou contra. Melhor será assistir ou participar da festa.
    Ainda procuro alguma ideia nem que fosse vaga mas que vagamente me levasse a algum ponto de partida/chegada, “vasculho” páginas na internet e, como há pouco diante dos canais televisivos, nada fisgou minha atenção. 
    Com olhares mecanicamente diante daquelas iluminadas, coloridas telas, eu estava disperso, sem estar pronto para pensar.
    Penso, agora disposto e cioso da obrigação com o Jornal. A tela do texto aberta, ágrafa e o literalmente branco dela espero que não seja o branco a invadir a minha mente.
    Como relatei ao caro leitor, estou em casa, férias de um dos meus trabalhos, só de calção e chinelo…à vontade para pensar, buscar inspiração e com tempo para escrever. 
    Imaginou o caro leitor, certamente, posso sentar, deitar, ligar o televisor, mudar de canal, desligar, passear pelas páginas da internet como andar nas ruas, por elas olho só de passagem, sem precisar, desejar parar, entrar…
    A casa é o único lugar, espaço que podemos livremente sermos o que quisermos ser, inclusive ser cada um o eu próprio ser. Haveria outro lugar?
    Se estou livremente e com tempo, só de fato e de direito, as minhas custas, podendo ser o que gosto e quero ser. Mas não por tanto tempo assim. Lá pelas 18 horas começo a me preparar para estar em sala de aula, exercer a profissão de professor.
    Mesmo sendo eu mesmo, o cargo e as atribuições de professor implicam em estar adequado à sala de aula, a roupa e material didáticos adequados, pontualidade. O estilo pessoal inerente a personalidade não pode se sobrepor ao desempenho que devo adotar.
    Ensinar também o é mais eficazmente pelo exemplo praticado, a reflexão teórica (antes ou depois de ação correspondente), conduta diante dos estudantes, sem, por exemplo, debruçar-se sobre a mesa, sentar nela, falar errado, empregar termos chulos e fora de contexto. Ou seja, não posso e não tenho direito de ser e agir como se estivesse em casa, a vontade e disperso.  
    Sala de aula é ambiente coletivo, público, nossas individualidades não podem ficar acima e ao largo do ambiente escolar. 
Sem poder negar, e sim respeitar a diversidade humana, singularidade. E por mais que seja leve e descontraída uma explicação, cabe advertir, não é a minha casa, o professor não é meus pais, tampouco os colegas são irmãos, porque também os estudos não são preparação exclusivamente pessoal, mas é o saber para a toda uma vida.
    Não quer jamais um livro para ler? Nem tentar? 
O máximo que poderá tentar é culpar a escola, o professor.
    E eu? Retorno para o sofá. Pego sabe o quê? O que tenho sobre ele imenso controle: o livro que estou lendo. 

Fases de Fazer Frases
    Ocorre-me que nada me socorre. Corro do grito socorro (?).  

Olhos, Vistos do Cotidiano
    Não peça conselho ao livro. Leia-o.

Farpas e Ferpas
    Veja a inveja mas não inveje o que vê.

Reminiscências em Preto e branco
    Trancar para sempre o passado é deixar escapar a memória.      
 

José Eugênio Maciel | [email protected]