Luiz de Matos, tudo e nada leva
Ver todo o mundo apenas num grão. E o céu numa flor silvestre.
É ter o infinito na palma da mão. E a eternidade, de repente!
Willian Blake
Na mensagem bíblica lê-se, ora, a fé e a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Tais dizeres, (Hebreus 11:1), ilustra a vida (findada dia nove passado) do pioneiro mourãoense Luiz de Matos, 89 anos. Um senhor de fé e de boa-fé inquebrantáveis, balizares na conduta decente e edificante, ele foi exemplo de honradez.
Sem sequer ouvir falar sobre Campo Mourão, antes de aqui aportar em definitivo, deixou a terra natal Portugal, a trazer consigo o ar lusitano, bem como tinha o bom esterótipo da terrinha: a talentosa vocação para o comércio. Em 1953, sem ainda antever, passaria a ser um brasileiro mourãoense de destaque, iniciando o labor de comerciante, de armazém, padaria e por último como dono de uma banca de jornais (que passou a ser do saudoso Jonas).
Pioneiro ilustre, casado com a agora viúva Maria Luzia, exemplo de união por amor e afeto só interrompida pela partida dele, cônjuges que foram por mais de seis décadas. Criaram os dois filhos com a simplicidade e o rigor da boa educação, um legado que fica estampado tanto no professor Bernardo quanto no jornalista Toninho. Ambos foram estudar fora, o primeiro em Belas Artes em Curitiba e o segundo no Rio de Janeiro graduou-se em jornalismo. Poderiam não ter retornado se resolvessem se afirmar profissionalmente noutros lugares. Por manterem grandes vínculos com os pais, Campo Mourão jamais deixou de ser o lar, a morada, endereço fraternal dos dois meninos. Ficar aqui se caracterizou no legado que os pais arraigaram neles sem imposições.
O seu Luiz era a expressão legítima dos mourãoenses fundadores da outrora simples comunidade, tendo contribuído inestimavelmente para o processo desenvolvimentista. Foi um patrimônio moral não apenas da família que bem devotou, inclui-se à terra que conhecia invulgarmente. O cotidiano social mourãoense se compunha das vastas e sólidas amizades que ele tão generosamente cultivava desde os tempos que a palavra era honrada com o fio do bigode.
A falta dele é evidentemente triste, entretanto tal ausência é contrabalançada pela linda historia de vida, motivo de orgulho, referencial positivamente marcante. Tornada saudade, que não perecerá, há de ser evocada sempre, reminiscências em preto e branco e no colorido dos cenários, desde a época da poeira ou do barro, com o olhar a partir da casa dele, na avenida central, a Índio Bandeira. De lá contemplou a agitação atual, dos carros, das pessoas, do movimentos típicos do colorido próprio da modernidade. Sem mais a imagem dele, a janela é retrato do passado, a vida que levou e a legar o bom a ser contemplado no porvir.
Fases de Fazer Frases (I)
Antes a graça alheia do que a desgraça própria.
Fases de Fazer Frases (II)
O que é bem pendurado não fica dependurado.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
É impossível ficar alheio aos graves acidentes de trânsito em Campo Mourão, avolumam mortos e feridos. Porém, infelizmente o papel dos condutores de veículos pedestres e das chamadas autoridades ainda não converge para um ponto comum, um agir coletivo para enfrentar e reduzir ao máximo o problema. É óbvio demais, todavia carece frisar, cresce o número de veículos, até o final do ano poderá chegar a 60 mil, ao passo que as vias públicas continuam do mesmo porte.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Abundaram notícias sobre as liquidações dos produtos relacionados à Copa e à seleção brasileira. Muitos pela metade do preço mas a chance do encalhe continua. Sugestão: setembro tem a Semana da Pátria! Mas tem que só assuma ou se considere patriota quando da Copa.
Reminiscências em Preto e Branco
Luiz de Matos foi meu amigo, e assim eu tenho bom relacionamento com os dois filhos dele, citados no tema principal da Coluna de hoje. Seu Luiz conhecia os meus saudosos pais, todos pioneiros. Há alguns anos, ao cumprimentá-lo certa vez na calçada junto à casa dele, chegavam naquele momento vários jornais que seriam entregues para venda na Banca do Jonas, eu deixo que os jornais e revistas sejam colocados ao pé da minha escada. Só pedi uma coisa em troca, que eu recebesse de cortesia exemplares para eu ler. Era um homem bem informado, tinha senso crítico, dono de uma prosa singular e marcante.
