Luto entreolhares
“A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver”.
José Saramago
Cerca de 22 pessoas no mesmo espaço na Unidade de Pronto Atendimento. Bem distantes umas das outras. Encontrávamos pelo igual motivo, o dramático dilema: viver ou morrer.
Quais eram aquelas pessoas. Todas, parte ou algumas, alguém não escaparia.
O 2019 é um ano inesquecível em todo o mundo. Meu mundo era, junto com as demais pessoas, cenário do silêncio ensurdecedor e minúsculo ante o Planeta.
Olhares lúgubres. Absolutamente ninguém desejou estar ali. Jamais!
Sentia antecipadamente o fim. De tudo? Vida pressentida do nada.
O “próximo”. Fui chamado. A sensação de não ver lugar nenhum.
O jaleco branco do enfermeiro contrastava com a minha sensação de escuridão.
Recebi a confirmação do exame (o primeiro foi em laboratório particular). Confirmado, eu estava com o vírus.
Voltei para casa. Tinha comorbidade, obesidade e hipertensão.
Isolado de todas as pessoas. Menos da minha querida Tânia Regina. Ela veio cuidar de mim. No sobrado ela ficava no térreo e eu no quarto, andar de cima. Acompanhava o noticiário naqueles dias sombrios. O agudo de todos, um único mês em Campo Mourão: cerca de 90 pessoas morreram nas UTI’s ou na fila à espera de um leito.
O que aconteceu com aquelas pessoas? Sequer sabia o que ocorreria comigo.
A semana foi longa e interminável!
A sensação de inexistir separação entre vida e morte, coragem e medo.
Na minha grandiosa família, correntes de orações.
Meu estado, estável.
Como se, depois da tempestade, barco a deriva, da escuridão, depois do temporal, veio a bonança, luz a iluminar tão vivamente que as trevas sumiram.
Na Santa Casa de Campo Mourão, exames em mãos, a médica Jamile Abdala, filha de Ali Abdala e Vanda Maria Abdala, amigos de minha Tânia Regina, (a referida médica a Tânia viu nascer).
Diante dos exames, categórica e humanamente profissional, nos informou que estava tudo bem comigo.
Desde então a minha eterna gratidão.
Pessoas mortas em todo mundo, representadas aqui em tais entreolhares do luto. É concebível supor, houve quem tenha fechado os olhos para o todo sempre.
Fases de Fazer Frases (I)
Feito todo dia, é dia a ser feito.
Fases de Fazer Frases (II)
Nem sempre quem recebe sabe dar importância à atenção.
Fases de Fazer Frases (III)
Tens o direito de esperar dos outros o que de ti próprio não espera?
Fases de Fazer Frases (IV)
Fé é convicção que não carece de explicação.
Fases de Fazer Frases (V)
Que o entornar não torne a retornar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
O denominado morango do amor é a sensação do momento. Não é moda, é modismo. Não tem nada de extraordinário, a mesma característica da maçã do amor, apenas, lógico, em vez da maçã, morango recheado. As vendas dispararam e os preços idem, atacado e varejo. Tem quem está ganhando dinheiro e tem a “Maria vai com as outras”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Com relação ao subtítulo anterior, cabe lembrar a febre e as milionárias vendas dos bonecos bebê “reborne”. É provável, daqui a alguns dias ninguém falar mais do assunto, sequer admita que, influenciáveis, tenham sido consumidores por impulso, marionetes, no caso do bebê de borracha.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Resta aguardar se ele cumprirá a pena superior a dez anos, lá na Itália ou se será extraditada para cá. É o destino da brava e corajosa ainda deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Se ficar por lá, economizaremos dinheiro, somado a perda de mandato devido a condenação.
Surpresa é ela não resistido com arma em punho, como fez na véspera da eleição, contra um jornalista cidadão negro, correndo histérica por não suportar a crítica sobre ela. Culpou o assessor.
Farpas e Ferpas (I)
Intenção vale muito, não por si só.
Farpas é Ferpas (II)
Fato é ato.
Dado é dado.
Bem é também.
Bem é tão bem.
Sinal Amarelo (I)
Pior entre estranhos é o que se vê como tal.
Sinal Amarelo (II)
O peso dos fatos exige boa balança.
Trecho e Trecho
“Qualquer sofrimento passa, mas o ter sofrido, não”. [Belchior].
“A alegria de fazer o bem é a mais autêntica forma de felicidade”. [Tostói].
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Quando alguém se referia a uma pessoa tão endividada que não tinha dinheiro para nada, se dizia, “está mais quebrado do que arroz de terceira”. Hoje raro é encontrar arroz de segunda ou de terceira.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Saiba o calendário: Dias passados e dias que virão, como assinalá-los.
Reminiscências em Preto e Branco (III)
Na tardança do tempo o destino do futuro é o passado, cedo ou tarde.
Reminiscências em Preto e Branco (IV)
Passado só tem uma direção, a volta.
José Eugênio Maciel | [email protected]
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

