…”Meu grande amor, todos os sentidos da minha vida”.
Saudade, palavra triste
Quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida
Eu vou chorando a minha dor
…
Seu nome, sempre em meus lábios
Irei chamando por onde for
…
Meu primeiro amor tão cedo acabou
Só a dor deixou neste peito meu
…
Nesta solidão, sem ter alegria
O que me alivia são meus tristes ais
São prantos de dor que dos olhos caem
É porque bem sei quem eu tanto amei
Não verei jamais
Meu primeiro amor…
Meu primeiro amor – Hermínio Gimenez, José Fortuna e Pinheirinho Júnior
Há 26 anos, junho, frio como agora. Vou subindo as escadas do então Hospital Policlínicas, no que caminho, não sou eu, mas parece que é a sua imagem, pai, que se aproxima de mim. A porta do quarto estava aberta, via, sem vida, o corpo, expressão de serenidade do descanso, eternidade.
Na porta do quarto, ela pediu que entrasse, eu não queria interromper o que minha mãe dizia ao meu pai. Fiquei do lado de fora, no corredor, o frio que sentia da perda, gelava como sopro do vento. Ficar ali era para conter as lágrimas diante da mãe, me cabia primeiro confortá-la.
“Eloy, você foi e sempre será o grande, único amor da minha vida, em todos os sentidos”, em prantos dizia minha mãe Elza. “O que será dos nossos filhos sem você? E de mim? ”
Eu permanecia no corredor, a cabeça parecia precisar de escora para o corpo gélido diante da morte do amigo maior, mestre, porto seguro, sentido de vida, pai. Enquanto noutro lado do corredor, vinha para o berçário um recém-nascido a chorar. Eu, entre meio a dois extremos da vida: a partida de meu pai; com a chegada de uma nova luz.
Só depois entrei no quarto, a mãe, numa das mãos o terço, a outra acariciava o rosto dele.
“Mãe, a senhora tem que ir para a casa, escolher o terno…”
“Meu filho, eu vou. Mas você me promete que não deixará o seu pai um minuto sequer aqui sozinho? ”
Respondi sim, velarei nosso companheiro, enquanto os demais irmãos providenciam o que é exigido nesses infaustos funéreos.
Antes de deixá-lo, alternando olhares para ele e para mim, disse a mãe: “Eu sei que ele agora é um corpo, jaz, sem vida. Mas não quero, mesmo assim, que ele fique um instante sequer sozinho…
“Pois o seu pai jamais me deixou só. E nunca também deixou seus filhos, sobretudo de amar a todos vocês, meu filho…”
“Era e será o meu amor, sempre, e como nós amamos todos vocês”.
Abraçando-a, ela sai. Olho para o meu pai e choro todo o choro represado e o que vinha como se fossem águas de todos os rios a descerem de uma grande cachoeira.
É a declaração de amor que jamais deixarei de lembrar.
Também em junho, 21 de 2011, a mãe se transformou em saudade, há 10 anos. Mês dos namorados.
Fases de Fazer Frases
Quando ires, leve meu arco, Ires: para o arco-íris.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Terça anterior, esta Tribuna publicou dia 30 Artigo TECNOLOGIA NO CAMPO, do Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR. Mas na página impressa saiu como se fosse esta Coluna. Erros que, no caso, só ocorrem um a cada década. Só registro o fato, sem reclamações.
Farpas e Ferpas
A calmaria é a calma da Maria.
Reminiscências em Preto e Branco
Músicas cantadas por numerosos intérpretes. Sem desmerecer os demais, Maria Bethânia é bela quando canta Meu Primeiro Amor e Lua Branca, aqui dedicadas a todos os filhos que não têm os pais, como eu, sem Eloy e Elza, todos a encantarem em nossos corações.
Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
…
Dá-me o luar de tua compaixão
Oh, vem, por Deus, iluminar meu coração
…
A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
…
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim
Lua Branca – Maria Teresa Madeira Pereira
José Eugênio Maciel | [email protected]