Não é o trânsito que mata, são as pessoas, presidente

…. A Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. (…) … De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. (…). … não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo…”

José Saramago

O presidente foi a pé ao Congresso Nacional na última terça. Jair Bolsonaro entregou para os parlamentares o projeto de lei que altera o Código de Trânsito Brasileiro, que prevê uma série de alterações, entre elas dobrar de 20 para 40 o número de pontos que um motorista pode acumular sem perder o direito de dirigir. O fim da obrigação do motorista profissional em se submeter a exame toxicológico: e dobrar o prazo de validade da habilitação para dez anos. Tais mudanças são até admissíveis, segundo especialistas na área.

Todavia, o que causou imensa reação contrária é a proposta de acabar com a multa para condutores que transportarem crianças fora das cadeirinhas de retenção. Bolsonaro propõe só advertência escrita, sem multa.

É mais um fato que atesta o quanto o presidente até agora evidencia não saber dirigir o Brasil. Ele guia pela vontade exacerbada e coercitiva, não pensa, não olha para lado algum, anda de carro sem atentar para sinalização, importar com negligência, imperícia, imprudência. Iminente, perigo, volante. Leva todos os brasileiros passageiros num grande ônibus com esse motorista em transe no trânsito a acelerar várias vezes sem respeitar limites de velocidade e lombadas eletrônicas.

Preceitos constitucionais têm um conteúdo tão essencial que origina-se dos fundamentos morais dos dispositivos legais. Princípios que, nos casos relatados anteriormente, cabe destacar: A vida é um bem jurídico tutelado pelo Estado. O Estado tem o dever da tutela de todos os brasileiros, nenhum de nós pode se desfazer da própria vida ou a de outrem. Estado e sociedade devem evitar vulnerabilidade, reduzir danos e garantir meios para que a vida não se limite, caracterize à condição biológica.

O presidente propõe o contrário, no caso da cadeirinha, que o motorista conduza crianças como bem entender, só atribuído a autoridade advertir o condutor e sem sanção alguma. Especialistas declaram, aumentará o número de mortes no trânsito. Em 2016 foram 36 mil no Brasil. O uso da cadeirinha reduziu em 60% as mortes. A estridente intrepidez presidencial é na contramão, pois o propósito sempre deveria visar reduzir o quanto possível mortes, invalidez e sequelas derivadas dos acidentes. A conta de tamanha criminosa irresponsabilidade será do Erário, todos nós arcaremos.

Estamos sujeitos a causar ou ser alvo de acidentes de trânsito. No caso da cadeirinha, se um condutor de veículo atinja outro automóvel com criança sem cadeirinha e que resulte na projeção dela fora do carro, levando-a a sérios danos ou morte, quem pagará as despesas e indenização? Quem causou o acidente? E ele é o único responsável? E quem conduziu o próprio filho a morte?

Desgovernado, o presidente esbugalha mais o despreparo e a falta de prioridade do governo, sobretudo com asperejo em atropelo dos brasileiros afrontados pelo veículo do poder estatal.

Fases de Fazer Frases

Percorrer caminhos desconhecidos permitem conhecermos nossos andares da vida.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Trânsito mourãoense: Maio Amarelo, 46 acidentes com vítimas, uma morte. Maio negro.

Fiapo e Ferpa

Sei palavra que não conheço. Reconheço que a ignoro. Não desconheço o dicionário.

Reminiscências em Preto e Branco

Tempo do Colégio Adventista de Campo Mourão, (teve o nome de Escola Adventista Hugo Gegembauer), 1976 rememoro a disputa para tocar o sino manual que indicava fim do recreio. O sino era pesado nas mãos da meninada. O que pesa agora é o passado, sinal da lembrança que toca.

___

José Eugênio Maciel | [email protected]