Não o chapéu, é a cabeça que deve servir

“Algumas pessoas, por coerência, ao invés de chapéu,
deveriam usar penico na cabeça”.
Josemar Bosi

O presidente Lula (PT) indicará o advogado Cristiano Zanim para ser ministro do STF – Supremo Tribunal Federal. Zanim ficou nacionalmente conhecido antes, durante e depois da prisão do Lula. Não se trata de nenhuma surpresa a preferência do presidente pelo advogado dele.

Gratidão e lealdade enfeixam intrínseca e extrinsecamente a indicação que, a princípio e em princípio, aparenta não ter nada de errado. Mas as aparências enganam e desenganam. A gratidão do presidente tem tudo para ser retribuída quando o advogado integrar a Corte Suprema, não se posicionando e agindo absolutamente em nada que possa ser desfavorável ao presidente e ao governo dele.

O chapéu é uma simbologia alusiva à personalidade de quem o utiliza, assim como para ser elegantemente cortês e expressar, angariar notória ou discreta simpatia. Então, no futuro da Corte dela fará parte um cortês?

O ditado cortesia com chapéu alheio é cabível, uma vez que gratidão e retribuição serão feitas como emolumento cuja custa e custas serão bancadas pelo Erário, o que, ao menos indiretamente, afeta poderes que deveriam sempre serem interdependentes, comprometidos pelo lastro jurídico. No caso, legal, mas moralmente insustentável.

O indicado presidencial terá que se submeter e passar pela sabatina do Senado. A propósito existe expectativa de embate com o senador paranaense Sérgio Moro (União-PR), o então temível e implacável juiz da Lava-a jato. Até aqui o bem provável é que Zanim passará no exame.

Portugueses, ao desembarcarem no Brasil, trouxeram para os indígenas espelhos, muitas fitas e tecidos de variadas cores. A dita cortesia era, na verdade, para engambelar nativo e qualquer tribo. Mas os indígenas, apesar de usarem gamela como um útil recipiente por eles feito, não chegaram a ser boca de gamela, aquele que fala muito.

Será que foi a partir de então que nasceu uma prática do poder público como a troca de favores? Que ouçamos os tambores, na história e na atualidade.

Fases de Fazer Frases (I)
Nossa vida não é só nossa. É dos outros: pertencimento.

Fases de Fazer Frases (II)
Nem tudo que está a pairar, parará em aterrissagem.

Fases de Fazer Frases (III)
Resta o tempo, ele que nunca é resto.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Domingos Pellegrini, é o novo membro honorário da Academia Mourãoense de Letras. Escritor contemporâneo dos mais importantes, paranaense, bem como de projeção nacional. Além de escritor, é jornalista e publicitário. É colunista do Jornal Folha de Londrina. Entre os livros, destaco os que já li e recomento: Terra Vermelha; No tempo do seo Celso; No coração das Perobas e Meninos No Poder.

Então, seja bem-vindo! A Academia agendará a homenagem ao escritor, que atualmente é colunista do Jornal Folha de Londrina.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Primeiramente peço desculpas ao caro leitor desta Coluna. É que enviei para este Jornal um texto que tinha sido publicado, consequentemente teve uma segunda impressão. O texto inédito estava pronto, mas logicamente não foi publicado, haja vista não ter sido enviado.

Ainda bem que, ao indagar o editor responsável desta Tribuna, Henrique Thomé, ele tinha achado estranho, mas confiou no arquivo que enviei. Como estava em viagem, não tinha o texto certo para ser enviado.

Portanto, saiu publicado pela segunda vez Ela não deu nada; em vez de Ela é ou não fundamental? Foi relapso meu exclusivamente, também vi a palavra que coincidente inicia o título (“Ela”) sem ler, perceber o título todo.

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Triste e real ditado, “No Brasil tem lei que pega e tem lei que não pega”. Mas em Araruna o prefeito Leandro de Oliveira (Cidadania) declarou que lá a lei é para valer, referindo-se principalmente as multas aplicadas pelo Executivo e que levam quem desrespeita a lei a procurar vereadores para se livrarem do pagamento.

É preciso ter que dizer o óbvio, o prefeito está absolutamente certo e vereadores que almejam ingerência, desconsideram o cidadão que paga em dia os impostos e são respeitadores das leis.

Farpas e Ferpas (I)
Problema maior pode não ser falar de mais, e sim ouvir menos.

Farpas e Ferpas (II)
Deveríamos não nos surpreender com nada. Porém a surpresa é tudo.

Farpas e Ferpas (III)
Maldizer a sorte é bem-dizer o azar?

Certo mesmo é que “mal dizer” está sempre errado.

Farpas e Ferpas (IV)
Para ser usado é preciso ser testado.

Tudo o que é testado foi usado.

Farpas e Ferpas (V)
Não confundamos: conte gente com contingente.

Farpas e Ferpas (VI)
Não confundamos: conformidades com deformidades.

Reminiscências em Preto e Branco
Quando usada, uma palavra deixa de ser esquecida e antiga?

Na tardança da vida envelhecemos, as palavras, não.

José Eugênio Maciel | [email protected]

* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal