Nem a pressa

“Nem espero que a espera exista.
Se a espera existisse, ela não me esperaria.
Não espero.
Me exaspero.
Aspiro. Respiro.
Vitória de Pirro. Espirro.
Aspiro asperamente tudo o que já fora de repente”.

Estive Nólocal (b.d.C.)

    Não olho o relógio, para que ele não aponte, o tempo exauriu.
    Ele riu. Desapontado sem razão com aqueles ponteiros.
    Máquina do tempo é o tempo da máquina.
    Engrena o ser que deixa de ser humano livre.
    Tempo perdido sem que houvesse tempo do senso que o tempo existiu.
    Chega de falar do que não existe, tempo. De perdas sem ganhos.
    Sequer o tempo existe para olhar uma página em branco, ágrafa ou áridas ideias.
    Quanto mais rabiscadas palavras, parvas, pérfidas, perfiladas.
    O tempo é o único que não carece falar dele mesmo.
    Sem explicar, é ele o lógico do cronológico.
    Na idealização, é possível a construção do tempo?
    Que material devemos usar para edificá-lo?
    Se é o tempo também o do texto, serão as palavras?
    Palavras só, não. Palavras que se juntem, que formem frases.
    Palavras com sentido do sentido das palavras que signifiquem signos.
    Palavras inteiras como meios para comunicar.
    Tempo de palavras. De feitura das horas que escoem sem esvaírem.
    Não tenhamos pressa. Tenhamos preço.
    Contesto o próprio texto. No contexto testo a textura da tecitura.
    Viro, volto páginas. Não me revolto. Pagino, imagino. Gênio da ingenuidade.
    Digo, “volto já”. Mas não! Já não volto.     

Fases de Fazer Frases (I)
    Palavras digeridas.
    Palavras dirigidas.
    Palavras urdidas.
    Palavras ungidas.
    Palavras tidas.
    Palavras retidas.
    Palavras retiradas.

Fases de Fazer Frases (II)
    Escrevo o que ouço. Não ouço o que escrevo. Ouso.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    Prefeitos vão a Brasília lutarem para que municípios não sejam extintos. Certo. Raramente os vejo lutarem para uma verdadeira reforma tributária, para que maior parcela de recursos arrecadados sequer saíssem das municipalidades, pois vão para lá e retornam minguadamente.
    Lutem pelo povo, não esqueçam.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    Para “diminuir” a minoria o presidente coronel Jair Bolsonaro afirma governar para a maioria, declara tachativo. Até parece que ele fez mais de 80% dos votos.

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
    Lula o tempo todo da prisão fez política. Fora dela faz o mesmo, política. Quem poderia mesmo inocentá-lo como do Sítio de Atibaia? O “dono”, mas porque ele não aparece? Não mostra notas que tudo o que fez lá foi com dinheiro dele?

Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
    Indagações da política se tem. Respostas, não.

Farpa e Ferpa
    O que vale é a consciência para quem tem.

Reminiscências em Preto e Branco
    Nos ombros caiem escombros, lembranças. Triste seria não poder lembrar.
 

José Eugênio Maciel | [email protected]