O estranho

“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade 
com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores”.
Khalil Gibran

O estranho nada pergunta, mas tem ares de quem tem resposta.
O silêncio dele é fala ensurdecedora. Um mudo que diz.
Não estranha que os outros o considerem um completo estranho.
Parece não ter pensamento algum, embora reflita tudo.
Não conta as horas, sem relógio, parece saber o tempo.
Tão imóvel, lembra uma estátua, sem se importar ser tão observado.
De onde veio? Aonde irá? Tem caminho próprio.
O estranho move precisamente os olhos, sem mexer a cabeça.
As mãos dele raramente se tocam, os dedos parecem levemente se encostar.
Cabelos do mesmo modo. Nem parecem penteados ou desalinhados.
Sempre de camisa branca, limpa. Pareceria a mesma, seriam várias idênticas.
Calças de cores exóticas, cintilantes, únicas.
O estranho chegava a ser sinistramente simpático.
Não era de meias palavras, sequer alguma inteira.
Disse uma única vez o nome e ninguém mais ousou perguntar, sem entender.
Trabalhava com o quê? Fazia o quê? Vivia do quê?
Tinha dentes? Algum ao menos? Não sorria, ria só para ele.
Comportava-se como se nunca estivesse sem companhia, mas sempre só.
Parecia não ser dono de nada, a não ser dele mesmo.
Andava a escolher onde pisar em direção que só ele conhecia.
Nos espelhos da vida não se via refletido, não carecia deles.
Surgia, se insurgia mais calado do que a calada da noite.
Seria um singelo sem flagelo, sem elo, belo por ele em si.
Um estranho, é o que todos acham sem achar nada dele que fosse comum.
Acostumaram a não mais estranhar aquele estranho.
Se não mais aparecesse e sim desaparecesse…
O que seria estranho? Não mais achá-lo como tal.

Fases de Fazer Frases (I)
Não confundamos: Adornos nos copos com a dor nos corpos.

Fases de Fazer Frases (II)
Jornada da vida, nunca o jorro é nada.

Fases de Fazer Frases (III)
Rarefeitos são raros feitos com efeitos.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“193 do Corpo de Bombeiros está inoperante e corporação disponibiliza novo contato”, (manchete desta Tribuna, dia 16, jornalista Walter Pereira). Um transeunte aproveita ao me ver na calçada para manifestar a dúvida, crê que a manchete estaria errada, estando no singular, quando, segundo ele, deveria ser no plural. Disse-lhe, lamentando informar que o “193” é número, plural, portanto está certo. Informei ainda que, se a notícia excluísse o “193” e começasse pelo “Corpo de Bombeiros”, também o correto seria (é) no singular, “Corpo”, sendo que “bombeiros” isoladamente é plural, mas o sujeito principal da frase é “Corpo”.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Que o exemplo positivo da Câmara de Vereadores de Araruna seja seguido. Ela aprovou, por unanimidade, a moção endereçada ao STF – Supremo Tribunal Federal em favor de todas as APAE’s na defesa da continuidade do funcionamento destas instituições. O STF aprovou a extinção de duas leis, após aprovar pedido da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. O plenário estava lotado por professores e funcionários ararunenses, segundo reportagem deste Jornal.
Que a citada Câmara sirva de exemplo e encorajamento para que os demais poderes legislativos municipais também se manifestem.

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
A propósito da questão das APAE’s, “temos” um senador preguiçoso e omisso de um modo geral – nem deverá se candidatar à reeleição – Flávio Arns (PODEMOS) poderia, inclusive ter evitado tal situação, ou resolvido tamanho problema desnecessário. “Age” do tipo, não PODEMOS nada”. ´Discurso, se muito.

Farpas e Ferpas (I)
Má ou boa educação? Educação é uma só.

Farpas e Ferpas (II)
Esnobe jamais é nobre. Esnobe é sempre pobre.

Farpas e Ferpas (III)
Quando muito se escolhe perguntas, não as respostas.

Sinal Amarelo (I)
O gosto de todos pode ser o desgosto do só.

Sinal Amarelo (II)
Quem age para fender pode ofender.

Trecho e Trecho
“Há pessoas que não sabem, ou não se lembram, de raspar a casca do riso para ver o que há dentro”. [Machado de Assis].
“Foje por um instante do homem irado, mas foge sempre do homem hipócrita”. [Confúcio].

Reminiscências em Preto e Branco 
“Rasgação de seda” é uma expressão hoje pouco ouvida, mas ainda presente quando alguém vai além do elogio para se manifestar com bajulação. A seda pura é tecido nobre. A paranaense Nova Esperança é a capital brasileira oficialmente, e já é a maior produtora da América Latina.

José Eugênio Maciel | [email protected]

* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal